As finais da Libertadores e da Sul-Americana potencializam, consolidam e encerram com chave de ouro a carreira dos protagonistas das decisões continentais marcadas para o mês de outubro. Os currículos de Dorival Júnior, Luiz Felipe Scolari, Rogério Ceni e Martin Anselmi agradecem.
Responsável pela guinada do Flamengo na temporada, Dorival Júnior está na decisão da Libertadores pela primeira vez. Aos 60 anos, tem diante dele a possibilidade de acessar o seleto grupo de treinadores brasileiros campeões do principal torneio de clubes do continente. O título pode alça-lo ao patamar de Lula, Telê Santana, Luiz Felipe Scolari, Paulo Autuori, Zezé Moreira, Valdir Espinosa, Antônio Lopes, Abel Braga, Celso Roth, Muricy Ramalho, Cuca e Renato Gaúcho.
Internamente, o tricampeonato à frente do Flamengo o colocaria na mesma vitrine de Paulo César Carpegiani e Jorge Jesus na vitrine dos maiores técnicos do clube carioca. Representaria a consolidação de um currículo vitorioso. Há 12 anos, Dorival Júnior guiava o Santos de Neymar, Ganso e Robinho aos títulos do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil dando espetáculo.
Do outro lado estará Luiz Felipe Scolari, um dos mais vitoriosos do mundo. A carreira brilhante do técnico campeão da Copa em 2002, quarto em 2006, vice da Eurocopa em 2004, bicampeão brasileiro em 1996 e 2018 e igualmente bi da Libertadores em 1995 e 1999 foi terrivelmente manchada pelo 7 x 1 contra a Alemanha, em 2014, mas pode terminar de forma comovente.
Felipão pretende pendurar a prancheta. Nada melhor do se aposentar com mais uma conquista da magnitude da Libertadores. Há oito anos, Felipão era apontado como ultrapassado depois do maior vexame da Seleção Brasileira. De lá para cá, levou o Palmeiras ao título do Brasileirão em 2018 e acaba de classificar o Athletico-PR para a final da Libertadores. Exemplo de resiliência.
Depois do 7 x 1, ganhou também três títulos do Campeonato Chinês em 2015, 2016 e 2017, uma Copa da China em 2015, uma Liga dos Campeões da Ásia na mesma temporada e duas edições consecutivas da Supercopa da China em 2016 e 2017. Concorria com técnico badalados à época, entre eles o italiano campeão mundial como ele, Marcello Lippi. Um triunfo sobre o Flamengo, o time mais rico e badalado do continente, seria a apoteose da carreira do gaúcho de 73 anos.
Rogério Ceni é um dos técnicos mais promissores da nova safra do país e não para de provar seu valor. Levou o Fortaleza ao título da Série B. Protagonizou a arrancada do Flamengo na campanha do bi no Brasileirão de 2020. Ganhou também pelo clube um Carioca diante do Fluminense e uma Supercopa do Brasil contra o Palmeiras. Fracassou nas oitavas de final da Libertadores de 2020 contra o Racing, mas acaba de levar o São Paulo à final da Sul-Americana.
O título do torneio continental daria mais um upgrade no currículo do ex-goleiro. Basta lembrar que o atual técnico da Seleção, Tite, exibe esse título no currículo pelo Internacional. Em 2012, Rogério Ceni conquistou a taça no papel de goleiro do técnico Ney Franco. Dez anos depois, o maior ídolo da história do clube pode repetir a façanha na função de treinador.
A Sul-Americana também pode potencializar carreiras. Adversário do São Paulo na final marcada para 1º de outubro, em Córdoba, o Independiente del Valle é comandado pelo jovem técnico argentino Martín Anselmi. Ex-auxiliar do espanhol Miguel Ángel Ramirez no time equatoriano e no Internacional, ele inicia a carreira-solo com um baita feito. Assim como Rogério Ceni, pode levar seu clube ao bi no segundo torneio de clubes mais relevante do continente. Anselmi também tem influência de Gabriel Milito, com quem trabalhou no Independiente da Argentina. Herdou o cargo do português Renato Paiva e aproveitou a oportunidade.
Cada um a seu estilo, Dorival Júnior, Luiz Felipe Scolari, Rogério Ceni e Martin Anselmi têm a chance de dar um F5 no currículo em outubro nas finais únicas da Libertadores e da Sul-Americana. Uma oportunidade para poucos, que certamente muitos profissionais queriam.
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