Sim, o árbitro colombiano Andres Rojas operou o Flamengo sem anestesia, no Maracanã, ao não marcar um pênalti no primeiro tempo de Román Gómez em Arrascaeta, expulsar injustamente Gonzalo Plata, ignorar o toque na mão do defensor do Estudiantes Facundo Rodriguez na disputa anterior ao cartão vermelho, dentro da área, e não revisar o lance do gol do time argentino na vitória rubro-negra por 2 x 1 no duelo de ida das quartas de final. Matías Viña ainda teria flagrado conselho do quarto árbitro ao técnico Eduardo Domínguez para substituir o risco de Román Gómez ser expulso. Feitos os boletins de ocorrência, vamos às quatro linhas.
Isso seria evitado se o Flamengo abandonasse o vício de repetir comportamentos. O time rubro-negro atrai infortúnios ao não resolver jogos. O enredo se repete. O Mirassol quase empatou o jogo no Maracanã no último lance. O Grêmio igualou o placar. O Atlético-MG causou transtorno na derrota por 1 x 0 pelo Brasileirão. A única oportunidade do Inter na partida de ida das oitavas de final, no Rio, foi praticamente na última tentativa.
Portanto, independentemente da arbitragem, o Flamengo tem um vício incurável: arrasta vitórias apertadas até o fim e fica vulnerável às surpresas desagradáveis. Lembram do último lance na vitória por 1 x 0 contra o eliminado Deportivo Táchira na última rodada da fase de grupos? O goleiro Rossi opera milagre e banca a classificação no apagar das luzes.
O árbitro Andres Rojas não mediou nenhuma dessas partidas. O time do Flamengo, sim, era praticamente o mesmo. A trupe de Filipe Luís tem poucos defeitos, mas o déficit de atenção e de precisão em jogos grandes são prejudiciais à saúde do elenco e da torcida.
Poderíamos falar apenas do golaço do Pedro aos 20 segundos do primeiro tempo. Da gana dele pela bola e da finalização digna de convencer Carlo Ancelotti a convocá-lo na Data Fifa de outubro. No entanto, o mesmo centroavante é capaz de escolher o canto errado ao surgir na cara de Muslera e fazer o mais difícil: escolheu o canto errado e acertou o goleiro.
Personagem da polêmica expulsão, Gonzalo Plata poderia ter ficado marcado pelo gol que deixou de fazer ao tentar uma cavadinha em vez chutar cruzado e correr para o abraço. Isolou a bola. Lances valiosos como esses não podem ser desperdiçados no campo de várzea, que dirá no Maracanã, nas quartas de final da Libertadores.
Ao repetir o comportamento de outros jogos, o Flamengo ajudou o Estudiantes a construir um ambiente mais hostil do que já seria com a vitória por 2 x 0. O gol de Carrilo ressuscitou sonhos em uma torcida tetracampeão da Libertadores e evocou fantasmas no Flamengo.
O time foi eliminado pelo frágil Olimpia na panela de pressão do Defensores del Chaco. Caiu diante do modestíssimo Peñarol em uma derrota no Rio combinada com empate em Montevidéu. Jogou mais do que o Atlético, em Belo Horizonte, e tombou nos pênaltis.
No meio do caminho há um clássico contra o Vasco na competição prioritária do Flamengo na temporada: o Campeonato Brasileiro. Empate ou derrota para o rival podem fazer o Cruzeiro e o Palmeiras colarem de vez na liderança e aumentar a pressão antes do embarque para o duelo de volta contra o Estudiantes.
Resumindo: sarna para se coçar. Há vantagem do empate, mas o gol do Estudiantes mexeu com os bastidores, onde o futebol brasileiro, diga-se de passagem, anda muito vulnerável. Basta ver o que a Bolívia fez em El Alto na vitória por 1 x 0 contra o Brasil na última rodada das Eliminatórias.
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