Noite da última terça-feira. Treze de agosto. Lago Sul. Bairro nobre de Brasília. John Textor aterrissa no aeroporto de Brasília em um jatinho particular e dirige-se discretamente, quase anônimo, até a residência do anfitrião Terence Zveiter — presidente da Associação Nacional de Direito Desportivo. Aguardado por torcedores ilustres do Botafogo na capital do país, desce do veículo, acessa a mansão e é celebrado pelos alvinegros antes de cumprir a agenda relâmpago na cidade e retornar ao Rio para acompanhar a partida do Glorioso contra o Palmeiras no estádio Nilton Santos pelas oitavas de final da Libertadores.
Textor queria aproximação com sócios. Mais do que isso. O proprietário da Eagle Football Holdings, e controlador da Sociedade Anônima do Futebol do Botafogo, desejava prestar contas sobre os dois anos de SAF. Quatro ex-governadores do Distrito Federal foram convidados para o evento. Choques na agenda impediram os botafoguenses Cristovam Buarque, José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz. Rodrigo Rollemberg era o único na plateia.
O empresário estadunidense exalou simpatia. Chamou a atenção de quem só o conhecia pela tevê devido a uma característica: a simplicidade. O mesmo “cara” visto tomando Milk Shake do Bob’s na sede da CBF depois do sorteio da Copa do Brasil estava ali cumprimentando dos manobristas a membros dos Conselho Nacional de Justiça, ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Tribunal Superior do Trabalho (TST), desembargadores do do TRF1 e do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
O dono do Botafogo era o único de roupa clara entre advogados e políticos vestidos com ternos escuros. Mostrou interesse por cada convidado. Perguntava nome, profissão. Interagiu individualmente e coletivamente ao discursar diante de 200 convidados antes da apresentação “Botafogo: o clube que transformou o Brasil no país do futebol”.
O empresário cedeu o microfone ao CEO Thairo Arruda para a apresentação do balanço de dois anos da SAF do Botafogo. O executivo passou a limpo o comportamento financeiro do clube no período e as projeções de crescimento nas próximas temporadas.
Ministros do Tribunal Superior do Trabalho como Hugo Carlos Scheuermann, Alexandre de Souza Agra Belmonte, Amaury Rodrigues Pinto Junior, Guilherme Augusto Caputo Bastos observaram especificamente a estratégia de redução das dívidas do Botafogo via Regime Centralizado de Execuções nas esferas trabalhista, cível e tributária. Segundo Thairo Arruda, Thairo Arruda o passivo do clube era de R$ 1,1 bilhão no lançamento da SAF. A expectativa é de que encerre a temporada com débito estimado em R$ 600 milhões.
O encontro foi um balanço, mas também uma espécie de networking. Uma aproximação do Botafogo com os três poderes na capital do país. Em maio, Thairo Arruda havia aberto o caminho em visitas políticas. O executivo visitou parlamentares e se reuniu com o diretor da Autoridade Pública de Governança do Futebol (Apfut), Washington “Coração Valente”. John Textor também esteve recentemente na Esplanada dos Ministérios em companhia do presidente do Santos, Marcelo Teixeira, em um encontro com o ministro do Esporte, André Fufuca, e o secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, o ex-jogador Athirson.
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