Pensa aí no objeto pessoal mais estimado por você. De repente, ele quebra e perde quatro peças importantes. Em vez de correr para consertá-lo, você ignora, continua usando, vai protelando as reposições necessárias e só pega o rumo da oficina no limite, quando o produto de estimação para definitivamente de funcionar. Assim agiu lamentavelmente John Textor com o brinquedinho dele, o tradicional Botafogo, enquanto socorria o Lyon da França usando até chapéu de cowboy em partida da Ligue 1.
O time escalado na derrota para o Racing por 4 x 0 no placar agregado da Recopa não teve o técnico Arthur Jorge, o zagueiro Bastos, o ponta direita Luiz Henrique e o meia Thiago Almada. A ausência das quatro peças comprometeu o funcionamento da estrutura.
Sim, houve reposição de jogadores. Ainda não à altura das ausências neste início de temporada. É como se o cara da oficina dissesse a você que a nova peça é de primeira linha para tentar convencê-lo de que lembra a original. O torcedor não é bobo. Jair, Arthur e Matheus Martins não se equivalem a Bastos, Luiz Henrique e Almada.
O maior erro de Textor foi ter demorado horrores a escolher o sucessor de Arthur Jorge: 55 dias! Carlos Leiria e Cláudio Caçapa taparam buraco durante dois meses desperdiçados pelo clube.
Mas para Textor, não houve perda de tempo. Mau perdedor, o mesmo empresário que atribuiu o maior fracasso de um clube na história dos pontos corridos a uma suposta manipulação de resultados jamais comprovada, agora diz que não está nem aí para as copas de marketing, referindo-se aos vices na Supercopa do Brasil contra o Flamengo e na Recopa Sul-Americana diante do Racing. O empresário atirou a medalha para a torcida em um gesto desrespeitoso.
O português Renato Paiva é o novo técnico. Ele não pega terra arrasada porque Carlos Leiria e Cláudio Caçapa não são maus profissionais. A transição para o treinador campeão estadual em 2023 pelo Bahia será tranquila. Só não deveria ser tumultuada, atribulada, desgastante para a gestão de Jonh Textor e a imagem do Botafogo.
Paiva tem 29 dias de intertemporada para botar a casa em ordem para disputar o que interessa ao patrão: Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores e Copa do Mundo de Clubes da Fifa. Textor deseja se comportar no Brasil como se estivesse na Europa. Lá, o Lyon joga de agosto a maio nesta temporada, ou seja, são 10 meses. Ele quer fazer o mesmo com o Botafogo, descartando Supercopa, Recopa e Estadual. Nem o todo-poderoso e insaciável Real Madrid, de Florentino Pérez, se comportaria assim. Título é vitamina.
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