Aos poucos, Renato Gaúcho deixa claro o que pensa sobre o elenco de R$ 800,1 milhões do Flamengo — valor de mercado dos jogadores. A entrevista coletiva depois da goleada por 6 x 0 sobre o ABC no duelo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil foram muito esclarecedoras.
Está claro, por exemplo, que Renato Gaúcho quer Willian Arão no meio de campo e não na zaga como preferia o antecessor Rogério Ceni. O cabeça de área de origem só deve retornar para a defesa em caso de emergência. Diego continuará no papel de volante, agora ao lado de Arão, não mais de Gerson, negociado com o Olympique de Marselha. Essa é a parte visível.
Questões pendentes começaram a ficar claras na entrevista de Renato Gaúcho. Uma delas diz respeito ao eterno clamor de parte da torcida para que Pedro e Gabriel Barbosa atuem juntos. Rogério Ceni evitava. Renato Gaúcho deixou claro que isso também será raro com ele.
“O Pedro é um jogador que admiro bastante. Ontem (quarta-feira), falei alguns minutos com ele. Infelizmente, hoje, ele joga numa posição em que temos o Gabriel. São dois grandes jogadores. Tem jogos que posso encaixar os dois. No momento em que jogamos com dois extremos abertos, mais Pedro e Gabriel, nosso meio-campo fica muito exposto. Isso não quer dizer que não possam jogar juntos, mas têm quase as mesmas características”, argumentou.
A possibilidade remota de Pedro e Gabigol atuarem juntos deixa uma pulga atrás da orelha sobre o futuro de Pedro no Flamengo. Sim, ele é jogador do clube, que ainda paga caríssimo por ele, mas até quando o centroavante suportará ficar sentado no banco de reservas?
Renato Gaúcho deixou claro que esse continuará sendo o lugar dele no elenco. “Falei para ele: ‘Você é jogador de nível de Seleção Brasileira’. O que mais quero é dar mais oportunidades para o Pedro. O Flamengo é farto de atacantes em nível de Seleção, mas tem espaço para todo mundo. Ele tem entrado nos jogos, daqui a pouco começa uma partida. Importante estar preparado para entrar em campo e ajudar a equipe”, explicou o treinador.
Pedro é uma das bombas relógio do elenco rubro-negro. Provavelmente, ainda remoí o veto do Flamengo à presença dele nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Agora, ouve do novo técnico que “Infelizmente, hoje, ele joga numa posição em que temos o Gabriel”. Pedro, até agora, tem se comportado de uma forma profissional. A questão é até quando o chamado estafe do jogador permanecerá quieto, sem colocar pilha na cabeça dele.
O comandante rubro-negro também recado de boleiro para boleiro a Gabigol. Mordeu e assoprou. Chamou o camisa 9 de “chatão” e “fominha” por não gostar de ser substituído e colocou cada um em seu devido lugar: “Ele é um dos jogadores que não gostam de sair. Mas aí cabe ao treinador. Deixa que o treinador sabe lidar. Não tem cláusula no contrato que não pode tirar. Mas sempre com jeitinho, falando com eles, mas tem hora que precisam sair para descansar e dar oportunidade ao companheiro que está entrando”, avisou Renato Gaúcho.
Taticamente, noto crescimento do lateral-direito Isla. As melhores fases da carreira do chileno foram atuando em defesas montadas com linha de três zagueiros. Sentia-se muito a vontade na função de ala quando Jorge Sampaoli comandava a seleção do Chile. Rendia muito. A comissão técnica de Renato tem dado mais liberdade aos avanços dele e o Flamengo tem ganhado com isso. O duelo contra o reorganizado Corinthians, na Neo Química Arena, será um ótimo teste para o que pensa Renato Gaúcho sobre o elenco de R$ 800 milhões do Flamengo.
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