A conquista inédita da Atalanta na Europa League contra o Bayer Leverkusen, em Dublin, vai muito além do futebol globalizado. É a síntese da pós-modernidade do esporte mais popular do planeta. Autor dos três gols do título, Ademola Olajade Alale Ayola Lookman, de 26 anos, virou capítulo à parte na decisão do segundo torneio continental mais importante da Europa. A seleção da Inglaterra investiu tempo e dinheiro na formação do menino nascido em Londres nas categorias sub-19, sub-20 e sub-21; viu o campeão mundial sub-20 em 2017 preferir a seleção principal da Nigéria no início da carreira profissional; e testemunha a cria virar heroi da italiana Atalanta na decisão contra adversário alemão na capital da Irlanda. Uma senhora torre de babel!
Lookman fez parte do elenco da Inglaterra na campanha do título do Mundial Sub-20 de 2017, na Coreia do Sul. Marcou dois gols contra a Costa Rica nas oitavas de final e um na semi diante da Itália sob o comando de Paul Simpson. Um dos parceiros de Lookman no time era Dominic Calvert-Lewin, astro do Everton e da seleção inglesa.
O filho de nigerianos nascido no bairro londrino Wandsworth, foi descoberto na Sunday League Football — uma espécie de torneio de várzea disputado aos domingos no país britânico. Criado nos bairros ingleses Peckham e Camberwell, estudava no St. Thomas The Apostle College. Vestiu a camisa do amador Waterloo quando foi descoberto, aos 16 anos, por um olheiro do Charlton. Passou por Everton, Leipzig, Fulham, Leicester City e Atalanta.
Quando a Inglaterra imaginava ter fabricado um jogador para a seleção, Lookman escolheu vestir a camisa do país dos pais. No ano passado, ele participou da campanha do vice das Super Águias na Copa Africana de Nações. Acumula 21 exibições pela Nigéria. Foram dele os dois gols da vitória contra Camarões nas oitavas de final do torneio continental de seleções. Voltou a brilhar nas quartas de final ao balançar a rede na classificação contra Angola. A anfitriã Costa do Marfim ganhou a taça por 2 x 1. Ademola Lookman formava trio de ataque com Victor Osimhen (Napoli) e Samuel Shukwuenze (Milan).
O vilão da primeira derrota do Bayer Leverkusen em 51 jogos na temporada 2023/2024 é herói na Itália. Autor de 15 gols e nove assistências, custou 9 milhões de euros aos cofres da Atalanta e valeu cada centavo ao abrir o sorriso no rosto do povo de Bérgamo, uma das cidades mais castigadas pela pandemia há quatro anos, curiosamente quando a Atalanta alcançou as quartas de final na Champions League.
Enquanto o time era eliminado por 2 x 1 pelo Paris Saint-Germain de Neymar e Mbappé na bolha do Estádio da Luz, em Lisboa, Portugal, a população de Bérgamo contava mortes em série e impressionava o planeta com o noticiário da falta de caixões para os enterros.
Paralelamente, o técnico Gian Piero Gasperini tocava uma silenciosa revolução na Atalanta. Primeiro clube italiano a conquistar a Europa League desde o Parma, em 1999, o time aposta no trabalho do mesmo treinador há oito temporadas. Terminou o Campeonato Italiano em terceiro lugar nas edições de 2019, 2020 e 2021. Perdeu jogadores e remontou o elenco. Sempre sob a batuta do profissional dispensado pela impaciente Internazionale depois do fim da era José Mourinho na conquista da Champions League de 2010.
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