A menos que haja imprevisto ou desistência na última hora, o presidente da República, Jair Bolsonaro, irá ao Mané Garrincha nesta quarta-feira assistir ao jogo de volta das oitavas de final da Copa Libertadores da América entre Flamengo e Defensa y Justicia, às 21h30.
É o que indicam ao blog fontes envolvidas na operação da partida. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) inspecionou o estádio na manhã desta quarta-feira, fez recomendações e o aparato está montado para receber não somente Bolsonaro, mas, também, o vice.
O general Mourão é rubro-negro assumido. Daqueles de usar a máscara do clube no dia a dia em tempos de pandemia do novo coronavírus. Alguns ministros participarão da caravana. Em contrapartida, o governador rubro-negro do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, continua de férias. O chefe do executivo local tem viagem marcada para o Pantanal.
A ida de Bolsonaro ao Mané Garrincha seria uma espécie de troféu pessoal. O presidente foi o principal aliado do Flamengo para a retomada do futebol, em julho do ano passado. Depois do reinício das competições, ele iniciou uma cruzada pela volta do público aos estádios. A partida desta quarta-feira é a primeira com um clube brasileiro no papel de mandante. As finais da Libertadores, em janeiro, e da Copa América, há duas semanas, foram neutras, ou seja, de responsabilidade da Conmebol.
Desta vez, o Governo do Distrito Federal autorizou a comercialização de ingressos restrita a 25% da capacidade do Mané Garrincha. Foram colocados à venda 18 mil bilhetes. O blog apurou que a projeção do Flamengo é de, no máximo, 7.500 torcedores na arena. A parcial da útlima terça-feira indicava 5 mil tíquetes comprados. Há, ainda, as cortesias.
Fontes ouvidas pelo blog contam que Bolsonaro teve papel relevante na articulação da volta do público aos estádios desde o fim da Copa América. O governo teria sugerido à Conmebol a liberação da volta dos torcedores às arenas para acelerar o processo no Brasil. Uma espécie de toma-lá-dá-cá de quem havia acabado de estender a mão para a entidade máxima do futebol sul-americano ao hospedar a realização da Copa América. Vale lembrar que o torneio deveria ter sido realizado orginalmente na Argentina e na Colômbia.
Desde o sinal verde da Conembol, há uma sucessão de fatos interligados que agradaram o Palácio do Planalto. A entidade liberou a volta do público aos estádios na Libertadores e na Copa Sul-Americana. Na sequência, o Flamengo tornou-se o primeiro a usufruir da medida e abriu a porteira com a colaboração do Governo do Distrito Federal. A CBF tratou de pegar carona na movimentação rubro-negra. Como informaram os colegas do UOL Rodrigo Mattos e Igor Siqueira, a entidade fará teste com público nas partidas das oitavas de final da Copa do Brasil. A quarta fase do torneio começa no próximo dia 27.
Bolsonaro também vive lua de mel com os presidentes dos clubes de futebol depois da aprovação, na Câmara dos Deputados, da Lei do Futebol Livre — a nova Lei do Mandante, na semana passada. Confeccionado pelo Ministério da Cidadania, o texto passou com 432 votos a 17 antes do recesso parlamentar. Agora, depende do parecer do Senado antes de ser sancionado pelo presidente da República. A PL 2336/21, batizada de PL do Mandante, é a atualização da MP do Mandante, que havia caducado no Congresso Nacional em 2020.
Embora Bolsonaro tenha confirmado presença no Mané Garrincha, há sempre o risco de reviravolta. O presidente costuma dar dribles nos cerimoniais. Inclusive no dele. Bate o martelo sobre a ida ou não ao estádio 30 minutos antes de jogos ou eventos no Mané Garrincha.
Em fevereiro do ano passado, mudou de ideia pelo menos três vezes sobre a presença no culto evangélico The Send Brasil. Apareceu de surpresa em jogos poucos prováveis do Mundial Sub-17 da Fifa, no Estádio Bezerrão, no Gama. Foi ver jogo da Itália no torneio juvenil. Em 13 de junho, abriu mão de ir ao Mané Garrincha na partida de abertura da Copa América entre Brasil e Venezuela. Preferiu ver o jogo pela tevê, no Palácio da Alvorada.
Bolsonaro é visto com certa frequência no Mané Garrincha. Na vitória do Brasil por 2 x 0 sobre o Qatar, em 2019, ainda no velho normal, as tribunas do Mané Garrincha lembravam o vaivém no Congresso Nacional. Além dos principais ministros de Bolsonaro, parlamentares como Romário e Alexandre Frota estavam por lá. O ministro aposentado do STF, Marco Aurélio Mello, o ex-governador do Rio, Wilson Witsel, dois filhos de Bolsonaro, Flávio e Jair Renan e deputados como Marco Feliciano transitaram pelo buffet oferecido aos políticos.
Em outras partidas, como a decisão da Supercopa do Brasil de 2020 entre Flamengo e Athletico-PR, esteve no estádio a tiracolo com o ex-ministro da Justiça, hoje desafeto, Sergio Moro. Ambos bateram o ponto, também, em jogos do clube pelo Brasileirão. Estavam juntos, por exemplo, na vitória rubro-negra sobre o CSA, em 2019.
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