O voto de Tite em Modric no Fifa The Best 2018, o prêmio de melhor do mundo oferecido pela entidade máxima do futebol, foi simbólico. O croata é o jogador que faltou ao técnico da Seleção Brasileira nos dois anos de preparação para a Copa da Rússia. O ritmista, como Adenor definiu a peça virtual em uma das convocações. Pensou em Diego e Lucas Lima, por exemplo. No fim das contas, não relacionou nenhum dos dois entre os 23. Talvez, o sonho frustrado de Tite seja o jogador anunciado nesta quinta-feira pelo Fluminense. Vai morar no Rio. Quem sabe em um condomínio ali pertinho do Centro de Treinamento tricolor, na Barra da Tijuca. Quem sabe colado da sede da CBF. Quem sabe vizinho do comandante verde-amarelo para topar com a cara de Tite diariamente e ganhar puxões de orelha ao sair de casa e ao chegar no trabalho para conversar com Fernando Diniz.
Paulo Henrique Ganso tem 29 anos. Nos próximos quatro, terá no Fluminense a última chance de jogar em alto nível, brindar aposta da diretoria tricolor com títulos e disputar pelo menos uma Copa na vida. Em 2010, constou na lista dos suplentes de Dunga para o Mundial da África do Sul. Sob o comando de Mano Menezes, teve várias oportunidades, de 2010 a 2012, mas ficou para trás em 2014. Também foi incapaz de seduzir Dunga e Tite no último ciclo e nem sequer foi testado na caminhada rumo à Rússia. Chegou a passar uma temporada inteira sem disputar uma partida oficial.
Tite teve (e tem) interesse em Paulo Henrique Ganso. Conversou pessoalmente com o jogador em uma visita ao time do Sevilla. Na época, também observou o lateral-direito Mariano. Em entrevista ao diário A Bola, de Portugal, em 2017, o treinador falou sobre a situação do meia. “Já conversei com Ganso. Disse, logo no início da conversa: ‘Você é o jogador que me obrigava a dar uma orientação especial para o Ralf (ex-volante do Corinthians) nos jogos contra o Santos e, posteriormente, contra o São Paulo’. Ele é um meia ofensivo que não pode ter espaço para jogar, é muito criativo. A capacidade de assistência dele é impressionante”, elogiou.
Outra prova do interesse de Tite em Ganso é a investigação familiar do jogador. A comissão técnica tentou entender o motivo do fracasso do jogador na passagem pelo Sevilla, ou seja, antes mesmo da transferência para o Amiens. Na época, o técnico justificou. “Ele tem uma filha com menos de 30 dias, está num processo de adaptação, que também é um processo familiar. O Daniel Alves, por exemplo, demorou um ano e meio para desenvolver o futebol dele no Sevilla. É questão de tempo”, apostou.
“Você é o jogador que me obrigava a dar uma orientação especial para o Ralf (ex-volante do Corinthians) nos jogos contra o Santos e, posteriormente, contra o São Paulo”
Tite, para Ganso, numa conversa com o jogador no Sevilla
O fato é que o tempo passou. Ganso perdeu três Copas do Mundo. A chance de não ficar fora da quarta, no Catar, em 2022 — quando terá 33 anos —, depende do recomeço dele com a camisa 10 do Fluminense. Ele chega para ser o dono do time, mas tinha tudo também para ser no Amiens. Deixou o clube com 13 partidas e nenhum gol. Sabe quem é o destaque do time? O colombiano Steve Mendoza. Sim, aquele do Corinthians.
Ganso desembarcou no Sevilla em 2016. Não funcionou sob os comandos de Jorge Sampaoli, Eduardo Berizzo, Vincenzo Montella, Joaquín Caparrós e de Pablo Machín. Christophe Pélissier também não conseguiu no Amiens. A missão de ressuscitá-lo para o futebol e, quem sabe, para a Seleção Brasileira, pertence agora a Fernando Diniz. O técnico da posse de bola, do ritmo cadenciado de jogo, como é o estilo de Paulo Henrique Ganso. Ganhou a chance de ressurgir no país que joga futebol em outra rotação.
A bola continua com Paulo Henrique Ganso. Cabe a ele provar que pode ser o ritmista do Fluminense. Do Adenor, são outros mil e quinhentos…
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