O Flamengo pagou com traição a quem sempre deu a mão ao clube carioca nas últimas três temporadas. A Copa do Brasil serviu de muleta para a equipe carioca em 2022, 2023 e 2024. Quando a crise chegava em uma eliminação precoce na Libertadores e o Brasileirão ficava inviável, o mata-mata nacional virava bote salva-vidas. Foram três finais: dois títulos contra Corinthians (2022) e Galo (2024) e um vice diante do São Paulo (2023) nas três edições recentes. O time rubro-negro não se despedia nessa fase desde 2015, contra o Vasco. Escolheu priorizar o Brasileirão e a Libertadores e viu o fim da escrita.
Acabou porque esnobou a Copa do Brasil e encontrou pela frente um Atlético-MG equilibrado. Em 2014, o Atlético eliminou o Flamengo nas semifinais no modo Galo doido de Levir Culpi. Onze anos depois, avançou convicto das limitações. Cuca reconheceu a impotência para peitar o adversário em três partidas e propôs um duelo tático a Filipe Luís.
O plano era claramente domar os pontos fortes do rival, minar a criação e reduzir espaço. Obediente do início ao fim nos três confrontos, a trupe alvinegra só esteve abaixo do esperado em um dos seis tempos, exatamente o primeiro desta quarta-feira, na Arena MRV.
A má exibição na etapa inicial poderia ter colocado a classificação a perder quando Plata deu um belo passe para Everton Cebolinha e o atacante deixou o marcador de cara no chão antes de ajeitar a bola e finalizar por baixo do goleiro Everson. Belíssimo gol do ponta infiltrado na pequena área como se fosse um falso centroavante. Na função de Pedro.
O bom jogo deu oportunidades ao Galo de empatar a partida e sacramentar a classificação e ao Flamengo de abrir 2 x 0 e encaminhar a vaga. Hulk desperdiçou duas chances pelo Galo. Pedro e Wallace Yan também vacilaram diante do goleiro Everson, e não evitaram o castigo da disputa por pênaltis na Arena MRV depois de uma partida muito agradável.
O Atlético estabeleceu com a torcida e o mundo sobrenatural do futebol a mesma conexão da classificação na Copa Sul-Americana contra o Bucaramanga. Ficou atrás na decisão por pênaltis depois de Rossi defender a cobrança de Junior Alonso, mas viu Samuel Lino esbarrar em Everson e Wallace Yan isolar a bola como se fosse um kicker da NFL.
Coube a Everson consumar a vaga do Atlético para as quartas de final oito meses depois de perder a final da Copa do Brasil para o Flamengo ali mesmo, na Arena MRV. Quem tanto se escorou no torneio nas últimas três temporadas deu as costas a ela naquela falha displicente do zagueiro Léo Pereira no jogo do Maracanã no lance do gol de Cuello. A desfeita foi castigada. O sonho de igualar os seis títulos do recordista Cruzeiro está adiado.
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