Antes de mais nada, é óbvio: Assis e Washington, histórica dupla de ataque dos anos 1980 batizada de Casal 20 em referência ao seriado norte-americano de tevê que bombava na mesma época em que o Fluminense ganhava títulos cariocas e o Brasileirão de 1984, é única. Mas ouso afirmar que Fred e Kayky têm potencial para reeditá-la por alguns meses.
Kayky está vendido ao Grupo City. Provavelmente reforçará o Manchester City a partir do fim deste ano. Portanto, a parceria com Fred pode ser curta, mas inesquecível para o torcedor tricolor. O gol de empate do Fluminense na vitória por 2 x 1 sobre o Independiente Santa Fe mostrou isso. O “moleque” arrancou em velocidade à procura de Fred. Acima da média, o centroavante parecia saber que jovem atacante de 17 anos se deslocaria até ali. E assim foi. Kayky serviu Fred e o segundo maior artilheiro da história do Fluminense — terceiro brasileiro mais goleador na história do torneio continental — não perdoou e estufou a rede.
Fred assume que dá dicas a Kayky. Falou sobre isso depois do jogo em entrevista aos colegas jornalistas que cobriram a partida pela quarta rodada da fase de grupos da Libertadores. “Eu oriento muito o Kayky nos treinos, para que quando ele partir com a bola dominada, me procure na área. Vou estar lá para fazer o pivô, para finalizar”, contou o jogador de 37 anos.
Que seja eterna enquanto dure essa parceira. Pelo bem do Fluminense. Pelo bem do futebol brasileiro, tão carente das velhas duplas de ataque. Bruno Henrique e Gabigol, por exemplo, é uma delas. Brenner e Luciano recentemente, no São Paulo. Acho apenas que Kayky e Fred devem jogar mais próximos. Pode ser o caso de o técnico Roger Machado pensar em um sistema tático 4-4-2 com Kayky e Fred no ataque e o moleque liberado para rabiscar defesas.
Vejo potencial na dupla Kayky e Fred para ser o novo Casal 20 do Fluminense. Com prazo de validade, claro. Estamos falando de um menino que acaba de ser vendido para o City Group e de um centroavante veterano de 37 anos, mas nunca é tarde nem muito cedo para tentar.
Tenho comentado com alguns colegas que o Kayky atua em uma posição carente do futebol brasileiro, a ponta direita. A maioria dos talentos recentes preferia ou gosta do cantinho esquerdo. Ronaldinho Gaúcho, Robinho e Neymar atuavam do lado esquerdo do campo. Everton Cebolinha, Richarlison, Philippe Coutinho… também gostam dali. Kayky começa a brilhar no setor em que, hoje, há poucos concorrentes. Tite gosta de Willian. Testou David Neres por ali na Copa América. Experimentou Everton Ribeiro. Improvisou Philippe Coutinho. Apostou em Douglas Costa. Ainda é cedo, mas Kayky pode ter futuro na ponta-direita da Seleção.
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