Regis A estreia de Régis foi contra o Real na retomada do Candangão. Foto: Gabriel L. Mesquista S.E Gama A estreia de Régis foi contra o Real na retomada do Candangão. Foto: Gabriel L. Mesquista S.E Gama

Foram 59 minutos em campo: Gama rescinde contrato com Régis, ex-lateral do São Paulo

Publicado em Esporte

A passagem de Régis pelo Gama durou 59 minutos. Esse foi o tempo de jogo do lateral-direito com a camisa alviverde nas vitórias por 2 x 0 sobre o Real Brasília na última rodada da primeira fase, e por 5 x 0 contra o Sobradinho na partida de ida das quartas de final do Candangão. Anunciado como principal reforço, em 27 de julho, depois da paralisação, o ex-jogador do São Paulo não era relacionado desde 20 de agosto, data do primeiro duelo com o Formosa pelas semifinais do torneio doméstico. O contrato do brasiliense está rescindido.

O blog apurou que Régis faltou a dois treinos e perdeu a confiança da diretoria e do técnico Vilson Tadei. No primeiro, pediu para ir direto para a contratação, e ficou fora da partida de volta contra o Sobradinho, em 15 de agosto, no Bezerrão. O plano da comissão técnica era que ele fosse titular para ganhar ritmo de jogo. O Gama havia vencido o confronto de ida, no Augustinho Lima, em Sobradinho, por 5 x 0, e triunfou também na volta, por 2 x 1, no Bezerrão, em uma partida meramente protocolar por causa da vantagem construída na ida.

Após váris ponderações, Régis voltou a ser relacionado por Vilson Tadei para a partida de ida contra o Formosa, em 20 de agosto, mas não entrou em campo na vitória por 3 x 1, no Diogão. Depois disso, não voltou a treinar. Três dias depois, ficou fora do duelo de volta pela semifinal e não apareceu mais na convocação. Com a falta aos treinos, perdeu a confiança, principalmente, de Vilson Tadei. O técnico havia concordado em dar nova chance.

Questionado nesta quinta se Régis não jogaria mais com a camisa do Gama, o presidente Weber Magalhães inicialmente ponderou. “Depende dele”. Mas depois admitiu: “O contrato foi rescindido”. Régis ficou fora da convocação para o duelo de ida com o Brasiliense, está descartado para o duelo deste sábado contra o Brasiliense e para a Série D do Campeonato Brasileirão.

Em entrevista ao blog, o técnico Vilson Tadei reconheceu alguns atos de indisciplina do jogador. Por questões éticas, evitou detalhes, mas afirmou com tristeza que tomou a decisão também para não perder o elenco comprometido com o qual trabalha há duas temporadas. “É por aí. Uns aproveitam, outros, não”, lamentou. “Ele (Régis) vai seguir a vida dele, e a gente, a nossa”.

O blog tentou contato com Régis para ouvi-lo sobre a rescisão. O jogador não respondeu mensagens de texto, voz, nem atendeu o telefone. O Gama descarta recaída. Reforça que as ausências nos treinos foram determinantes. Amigos de Régis em Brasília não escondem certa preocupação com o jogador. Ele admitiu em entrevista ao Correio Braziliense e a diferentes veículos do país ter problemas com drogas, porém, negou mais de uma vez que seja viciado. Disse, inclusive, que o ex-jogador e hoje comentarista Casagrande é uma referência na batalha pessoal.

“No futebol, há muitos jogadores que usam drogas e a gente não sabe. Os casos não se tornam públicos. Conheço atletas que usavam com certeza, mas não posso revelar. Me inspiro no Casagrande. Ele conversou comigo enquanto eu estava no São Paulo. Disse que isso é algo emocional, que a gente tem que vigiar os locais que frequenta, as amizades, e manter o foco. Senão, não consegue sair dessa”, revelou.

Antes da passagem pelo Gama, Régis defendeu o Juventus de Jaraguá do Sul (SC) neste ano. Depois de jogar três vezes com a camisa do time catarinense, rescindiu contrato antes da pandemia. O jogador sofreu lesão e deixou o clube em comum acordo com a diretoria.

Em depoimento à ESPN, em abril, o diretor de futebol do Juventus, Renê Marques, também atribuiu a rápida passagem dele pelo clube aos recorrentes problemas com dependência química e álcool. “Régis atuou em três jogos, teve uma lesão e depois, em comum acordo, rescindimos o contrato. É um menino muito bom, diferenciado dentro de campo, mas, infelizmente, teve algumas quedas e junto disso vem a depressão, o isolamento. O problema dele é muito sério, muitos criticam, mas poucos ajudam”, desabafou o dirigente.

Renê Marques disse que o Juventus conversou com clubes anteriores de Régis antes de contratá-lo. “Sabem que, no caso do Régis, tentaram de tudo. Acompanhamento, prevenção, psicologia. Nós optamos por deixá-lo livre para fazer o que achasse melhor pra ele, sem segurança, sem nada. Em 42 dias de pré-temporada, não teve nenhum problema. Infelizmente, depois aconteceu, porque é um menino formidável quando não bebe, você nem acredita que se transforma quando bebe”, testemunhou o dirigente.

Em outubro de 2018, Régis foi detido, no DF, após, supostamente, ter tentado invadir o apartamento de vizinhos, em Samambaia Sul. Detido em flagrante, assinou termo circunstanciado e foi liberado sob a condição de se apresentar à Justiça para audiência. O caso foi registrado como perturbação da tranquilidade, ameaça e violação de domicílio.

 

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