Football For Friendship: como evento pré-Champions League pode impactar comunidades carentes do Rio

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Evento é presencial, mas, em tempos de pandemia, virou virtual. Fotos: Divulgação/F4F

A semana da final da Uefa Champions League tem eventos paralelos extracampo que vão muito além, por exemplo, da aguardada final inglesa em jogo único protagonizada por Manchester City e Chelsea neste sábado, no Estádio do Dragão, no Porto, em Portugal. Um deles é o Football For Friendship (F4F). O Futebol Pela Amizade, em português, é organizado, anualmente, desde 2013, pela Gazprom, multinacional russa do gás patrocinadora da Uefa. Em tempos de pandemia do novo coronavírus, a edição deste ano ocorre de forma virtual em respeito ao distanciamento social. Trios de crianças de países do mundo inteiro participam de torneios de futebol, reuniões, oficinais e do registro jornalístico do evento, que ensina valores associados ao esporte bretão.

Nesta temporada, os representantes do Brasil são Raphaela Saade, 16 anos, Fábio Britto, 12, respectivamente técnica e jogador; e Ester Camargo, 14, no papel de jornalista. É dela o papel de divulgar o F4F nas redes sociais. Os três têm vínculo com o Fluminense. O clube brasileiro é o único do país que envia “embaixadores” para o evento desde 2016.

Os nove valores discutidos no F4F são capazes de causar impacto social, por exemplo, em regiões carentes do Rio de Janeiro como a comunidade do Alemão. Jogador do Fluminense, Raphaela Saade tem um projeto social com uma amiga. Ela pretende aplicar os conceitos assimilados no evento na iniciativa humanitária tocada na Cidade Maravilhosa.

“Eu tenho um projeto com uma amiga minha que se chama “Uma Bola Causa”. A gente distribui bolas para comunidades carentes, distribuímos para orfanato, e vocês não têm noção de como uma bola impacta a vida das pessoas, o sorriso das pessoas com uma bola. É uma experiência incrível. A gente leva para uma pessoa na Comunidade do Alemão que distribui no Natal como se fosse um presente do Papai Noel”, relata em entrevista ao blog Raphaela Saade, emocionada (assista ao vídeo com entrevista completa).

O evento para crianças e adolescentes do mundo inteiro dura nove dias, a maioria dedicados a valores como amizade, igualdade, equidade, saúde, paz, dedicação, sucesso, tradições e honra. Competições de futebol são disputadas em três dias. O time campeão divide uma premiação de 25 mil euros, aproximadamente R$ 160 mil. Há um compromisso: aplicar o dinheiro em causas sociais que representem os valores assimiladores no Futebol pela Amizade.

Escolhida para assumir o papel de jornalista no evento, Ester Camargo faz curso de enfermagem. Ela sabe direitinho o destino dos euros caso o time dela Raphaela, Fábio e de outras crianças da Argentina, Gâmbia, Mauritânia, Turcos e Caicos, Suriname e Porto Rico conquistem o título. Eles defendem o Dugongo, um primo próximo do nosso peixe-boi brasileiro que encontra-se no leste do continente africano, litoral oeste da Índia e Oceania. Os nomes das equipes são referências a animais ameaçados de extinção.

“Pensei em aplicar bastante em orfanatos, hospitais que não têm muitas condições, até mesmo por causa dessa questão do coronavírus. Há hospitais que não estão tendo oxigênio. Então, seria muito legal aplicar esse dinheiro nisso”, projeta Ester.

Raphaela Saade pretende reforçar o projeto “Uma Bola Causa” no Complexo do Alemão, mas teve uma outra ideia para combater uma outra mazela. “Acho comida essencial. Não consigo ver pessoas passando fome. Investiria em distribuir comida na rua”, desabafa.

O Football For Friendship passa por ajustes e adaptações. Os encontros e competições são presenciais, inclusive os torneios de futebol. Em 2018, o evento foi em Moscou, na Rússia, na semana da abertura da Copa do Mundo. Crianças de mais de 200 países invadiram o Centro de Treinamento do Lokomotiv Moscou, um dos times mais tradicionais do país do Leste Europeu.

Futebol Pela Amizade reúne delegações do mundo inteiro virtualmente

Com a pandemia, os jogos tiveram de ser realizados em um console desenvolvido especificamente para o torneio. Foi o jeito usado para driblar o coronavírus e realizar as competições. Algumas bandeiras são levantadas pelas crianças para aplicar os nove valores. As partidas são realizadas apenas com times masculinos. Falta, também, inclusão de pessoas com deficiência. Raphaela e Ester defendem a novidade a partir de 2022.

“Um campeonato misto seria bom, mas deveriam criar uma competição feminina. É o mesmo esporte e as pessoas precisam entender isso”, argumenta Raphaela. “Futebol é um esporte conhecido pela inclusão. Com certeza, seria possível criar um torneio para pessoas com deficiência. É importante os desenvolvedores (do evento) adaptarem o futebol a eles para que sintam-se felizes e confortáveis de praticar”, reforça, apoiada pela colega Ester.

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Marcos Paulo Lima

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