Montagem Carlos Queiroz comanda a Colômbia; José Peseiro assumiu a Venezuela. Fotos: AFP Carlos Queiroz comanda a Colômbia; José Peseiro assumiu a Venezuela. Fotos: AFP

Focado na Europa, Flamengo “esquece” dois técnicos portugueses de seleções da América do Sul

Publicado em Esporte

Das 10 seleções da América do Sul que disputarão a Copa América no ano que vem e as Eliminatórias para a Copa do Qatar-2020, dois são portugueses. Focada em técnicos portugueses empregados ou disponíveis na Europa, como Leonardo Jardim, Marco Silva, Pedro Martins, Carlos Carvalhal e outros especulados, a diretoria do Flamengo esquece ou ignora possibilidades lusitanas em atividade no continente. O badalado Carlos Queiroz comanda a Colômbia. José Peseiro assumiu a prancheta da Venezuela. Nenhum deles tem o perfil e a  característica raríssima do Mister, óbvio, mas ambos são tão experientes quanto. Alternativas em caso de dificuldades para fechar com treinadores dos sonhos. Um deles, inclusive, sentiu na pele o que é trabalhar com três melhores do mundo ao mesmo tempo no elenco. E não foi bem.

Carlos Queiroz, 57 anos, é discípulo de Alex Ferguson, o escocês que passou 26 anos no Manchester United. Participou da conquista da Liga dos Campeões da Europa na temporada 2007/2008. Os Diabos Vermelhos derrotaram o Chelsea nos pênaltis na final inglesa disputada em Moscou. Cristiano Ronaldo era a referência do time e foi eleito melhor do mundo pela primeira vez. Ferguson conta no livro Liderança que Carlos Queiroz teve papel fundamental na contratação de Cristiano Ronaldo pelo Manchester United. O português até confirmou a história em entrevista ao blog.

O técnico moçambicano ostenta no currículo experiência à frente do Real Madrid na frustrada temporada 2003/2004. Tinha nas mãos um time galáctico: Iker Casillas, Roberto Carlos, Raúl González, Zinedine Zidane, Esteban Cambiasso, David Beckham, Luís Figo e Ronaldo.

O Real Madrid começou a temporada conquistando a Supercopa da Espanha vencendo o Mallorca, mas fracassou nas demais competições. Terminou o Campeonato Espanhol em quarto lugar atrás de Valencia, Barcelona e La Coruña. Amargou vice na Copa do Rei contra o Zaragoza. Deu adeus à Champions League nas quartas de final diante do Monaco.

As melhores lembranças recentes de Carlos Queiroz são as classificações de três seleções para a Copa do Mundo — África do Sul (2002), Portugal (2010) e Irã (2014 e 2018) — e o bom papel na Copa América do ano passado pela Colômbia. A lista de títulos à frente de times é escassa. Além de ganhar a Supercopa da Espanha pelo Real Madrid, levou o Sporting às conquistas da Taça de Portugal e da Supertaça, ambas em 1995. Um dos comandados dele era Roberto Assis, irmão de Ronaldinho Gaúcho. Também levou Portugal ao bicampeonato no Mundial Sub-20 em 1989 e 1991. O segundo deles em casa contra o Brasil.

 

Todos acham que os portugueses seguem o Vasco. Claro, tenho simpatia, mas tive o privilégio de ver jogo do Zico pelo Flamengo, no Maracanã, e também sou Flamengo. Depois, em 2014 (na Copa do Mundo), com todo aquele apoio e ajuda no Corinthians, fiquei fã do Corinthians também. Quando eles se enfrentarem, espero que empatem. Quando comecei, sempre disse: ‘não posso terminar a minha carreira sem treinar no Brasil’”

Carlos Queiroz, em entrevista ao blog em 2018

 

O trabalho de Carlos Queiroz chamou a atenção na Copa América do ano passado, no Brasil. A Colômbia arrancou elogios ao fechar a fase de grupos com 100% de aproveitamento, com direito a vitória sobre a Argentina na estreia. Nas quartas de final, a seleção foi eliminada nos pênaltis pelo Chile de Reinaldo Rueda numa em um dos melhores jogos do torneio.

Na época, Queiroz prestava atenção no Flamengo. Gustavo Cuéllar foi um dos 23 jogadores convocados pelo português. Orlando Berrío também teve oportunidade com ele em amistosos. Em setembro do ano passado, Queiroz deu trabalho ao Brasil de Tite no empate por 2 x 2.

Carlos Queiroz foi cogitado mais de uma vez para trabalhar no Brasil. Uma delas na gestão de Roberto Dinamite no Vasco. A outra, no início desta temporada, quando o Palmeiras buscava treinador. Na Colômbia, acumula oito vitórias, quatro empates e duas derrotas. Os algozes foram Argélia e Coreia do Sul.

Em entrevista ao blog antes da Copa da Rússi-2018, Carlos Queiroz falou sobre o futebol brasileiro. “Todos acham que os portugueses seguem o Vasco. Claro, tenho simpatia, mas tive o privilégio de ver jogo do Zico pelo Flamengo, no Maracanã, e também sou Flamengo. Depois, em 2014, com todo aquele apoio e ajuda no Corinthians (onde o Irã treinou durante a Copa), fiquei fã do Corinthians também. Quando eles se enfrentarem (Corinthians x Flamengo), espero que empatem”, brincou. Questionado à época se pretendia trabalhar no Brasil um dia, Queiroz respondeu: “Quando comecei, sempre disse: ‘não posso terminar a minha carreira sem treinar no Brasil’”, riu.

Outro português em ação na América do Sul é José Peseiro. Ele assumiu a Venezuela quando o Atlético-MG arrancou Rafael Dudamel da esquadra vinotinto. Peseiro tem 60 anos. Curiosamente, foi assistente de Carlos Queiroz no Real Madrid em 2003/2004. O currículo dele é modesto. Ganhou a Taça da Liga de Portugal em 2013 pelo Sporting Braga ao superar o Porto na finalíssima por 1 x 0. Em 2016, arrematou o Campeonato Egípcio com o Al-Ahly. Trabalhou também no Porto e no Sporting entre os times de ponta do futebol português. A pandemia do novo coronavírus não permitiu sequer a estreia de Peseiro à frente da Venezuela.

 

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