Necessário, mas muito preocupante o pacote emergencial de reforços do Fluminense. O tricolor carioca, que derrotou — e eliminou — o Botafogo do Campeonato Carioca neste sábado por 1 x 0, gol de Nino, em um clássico fraquinho, no Maracanã, deveria se inspirar no atual vice-campeão, Santos, no planejamento para a Copa Libertadores da América.
Um dos segredos do sucesso alvinegro na campanha do ano passado foi a juventude. O time titula da decisão contra o Palmeiras tinha média de 26,3 anos. Sem dinheiro para grandes investimentos, o Santos recorreu ao que sempre teve de de bom: a base. Para se ter uma ideia, a formação tricampeã, em 2011, aquela de Neymar e Paulo Henrique Ganso, conquistou a Libertadores com média de 24,7 anos.
Provavelmente a diretoria do Fluminense não observou esses detalhes tão pequenos. Se reparou, não botou fé nos meninos de Xerém. Cá entre nós: Manoel, David Braz, Cazares, Abel Hernandez e Bobadilla não chegam para reforçar o banco de reservas. Quase todos têm, no mínimo, 30 anos. São experientes. Logo, desembarcarão no clube para brigar e assumir a posição de titulares. Vale lembrar que o clube já tem no elenco os veteranos Fred, Nenê e Paulo Henrique Ganso.
Na prática, isso pode representar uma freada muito brusca no processo de amadurecimento da molecada boa de bola que vem jogando. Para mim, há excelentes apostas não somente para o Fluminense desfrutar em campo, mas, principalmente, fora dele com bons negócios. Porém, a tendência é de que os medalhões sejam cada vez mais donos do pedaço e tirem espaço das promessas em nome de um time mais experiente, cascudo para a caça ao título inédito da Libertadores e, até mesmo, numa eventual final do Carioca contra o Flamengo.
O investimento a toque de caixa é totalmente compreensível, claro, mas exigirá habilidade do técnico Roger Machado em busca do equilíbrio. A estreia na Libertadores é contra o temido River Plate, no Maracanã. O elenco anterior ao pacote de reforços tem meninos. Logo, eles ainda oscilam. Natural. Daí a necessidade de eles acumularem milhas na trupe titular. Isso vinha acontecendo nas temporadas passada e atual. Continuará com a chegada dos presentinhos? Aguardemos…
Do outro lado, a temporada do Botafogo começa como terminou a anterior: pesada. O time está fora da Copa do Brasil e do Carioca. Duas eliminações em quatro dias. Em tese, o técnico Marcelo Chamusca ganha tempo para corrigir, testar e consolidar suas ideias para o que realmente interessa: a Série B do Campeonato Brasileiro. Sem querer querendo ele ganha tempo suficiente até a estreia na competição contra o Vila Nova, em Goiânia.
Recomenda-se tão somente que Marcelo Chamusca fique atento. Em 2005, o irmão dele, Péricles Chamusca, vice da Copa do Brasil com o Brasiliense, em 2002, é campeão à frente do Santo André, em 2004, foi demitido pela cúpula do Botafogo. Em 13 jogos, perdeu sete, empatou dois e ganhou quatro. Marcelo soma 12 partidas no cargo, com três vitórias, sete empates e duas derrotas. Retrospecto extremamente perigoso às vésperas do início de um Brasileirão que tem como novidade nas três principais divisões a tal cota para a troca de treinadores.
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