53998168123_b74e922fc6_c Philippe Coutinho empata o clássico no Maracanã: primeiro gol na volta ao clube. Foto: Matheus Lima/Vasco Philippe Coutinho empata o clássico no Maracanã: primeiro gol na volta ao clube. Foto: Matheus Lima/Vasco

Flamengo subestimou Vasco: achou que estava lidando com time do 6 x 1

Publicado em Esporte

O Flamengo foi superior, dominou o Clássico dos Milhões no Maracanã, merecia, sim, ter vencido a partida na comparação entres as produtividades, porém o lado rubro-negro da força cometeu um erro gravíssimo de avaliação: achou que estava lidando com aquele Vasco da goleada por 6 x 1 e venceria o duelo quando marcasse o primeiro gol. O time cruzmaltino é outro desde aquele 2 de junho. A nova máxima em São Januário lembra filme das antigas estrelado por Jean-Claude Van Dame: “retroceder nunca, render-se jamais”.

 

O gol de Gerson deu a falsa impressão ao Flamengo de que o jogo estava ganho e o Vasco não teria força nem tempo para reagir, principalmente porque o gol saiu minutos antes da entrada de Philippe Coutinho em campo no lugar de Payet. Parecia um duro golpe contra a estratégia do técnico Rafael Paiva, só que não. O Vasco perdeu apenas um jogo nos últimos 10: cinco vitórias, quatro empates e o revés contra o Athletico-PR pela Copa do Brasil.

 

Há um outro detalhe desprezado pelo Flamengo. A capacidade recente do Vasco de fazer gol nos últimos minutos. O plantel e o time seguem limitados, porém o espírito é de resiliência. Foi assim, principalmente, na série de jogos contra o Furacão pelo Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil. Bastou uma recaída digna do Brasil contra a Croácia no campo de ataque na prorrogação das quartas de final da Copa de 2022 para o iluminado Philippe Coutinho cumprir o script: empatou o clássico e frustrou o rival. O erro coletivo começa com Léo Pereira e passa por Evertton, Fabrício Bruno e Alex Sandro.

 

Acho curiosas as estratégias das comissões técnicas do Flamengo e do Vasco. O rico e abastado rubro-negro considera o elenco sortido a ponto de esnobar a possibilidade de tentar recuperar o maior ídolo do clube no século 21. Tite não demonstra interesse ou largou mão de reciclar Gabriel Barbosa. Muito menos a dupla de ataque formada por ele e Bruno Henrique. A incapacidade ou desinteresse de reativar algo tão precioso para a torcida talvez seja a maior derrota da era Tite quando a passagem do treinador pelo clube terminar. Se não há Pedro, a responsabilidade tem de recair em Gabriel Barbosa — não em Carlinhos, protagonista de um chute na grama de frente para o gol.

 

Não recai, segundo Tite, porque Gabigol não ajuda a ajudá-lo. “Treinamento. Jogos. Especificamente. Carlinhos decisivo contra o Bolívar, contra o Atlético-MG, com gol, decisivo contra o Vitória. Foi por isso essa opção. Agregado a isso. Bruno Henrique decisivo contra o Bahia, gol. Bruno Henrique decisivo contra o Bahia, assistência para gol (…) Nós fizemos o gol com Carlinhos em campo. E o desempenho do Carlinhos nos outros jogos, foi isso que me levou a decidir (por Carlinhos e não Gabigol)”, explicou o treinador.

 

Em contrapartida, a limitação do elenco do Vasco obriga Rafael Paiva a recuperar os medalhões do elenco e a saber utilizá-los. Só há espaço para Payet ou Philippe Coutinho no time. Sai um, entra o outro. Ao contrário do Flamengo no caso de Gabriel Barbosa, há interesse em ter Philippe Coutinho e Payet em alto nível não somente para o restante do Brasileirão, mas para as semifinais da Copa do Brasil contra o Atlético-MG.

 

O ponto com sabor de vitória para o Vasco tranquiliza o time ainda mais no afastamento do trauma da luta contra o rebaixamento nas rodadas finais. A depender dos desfechos da Copa do Brasil e da Libertadores, o time pode sonhar com vaga no principal torneio do continente em 2025. O sentimento no Flamengo era de frustração e distanciamento da luta por três títulos. Ainda há vida na Libertadores e na Copa do Brasil. O Brasileirão é incerto. O Flamengo não venceu os confrontos direitos com Botafogo, Palmeiras, Fortaleza e São Paulo. Já enfrentou Botafogo e Palmeiras duas vezes. Logo, depende dos outros.

 

Tite praticamente jogou a toalha: “Minha demora (para a entrevista coletiva) foi justamente para assimilar o grande desempenho da equipe, mas o não resultado. Às vezes, o desempenho acompanha o resultado, às vezes não. E aí fica muito difícil assimilar”, disse. Ainda há tempo, mas não vai ficar bem no currículo dele perder dois títulos do Brasileirão que poderia, sim, ter vencido. O do ano passado, quando chegou na reta final e teve a chance de liderar, e o desta temporada. O Flamengo liderou e hoje é o quarto.

 

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