O Flamengo está atingindo o ponto de equilíbrio do qual Tite tanto fala. Quando os times dele conseguem isso, só o acaso do desvio de um chute da Croácia no zagueiro Marquinhos traindo o goleiro Alisson; uma decisão por pênaltis; um erro individual de Renan Lodi na final da Copa América de 2021 ou a ausência de um plano B para fugir de uma teia de aranha tática, como na eliminação de 2018 contra a Bélgica, para atrapalhar o sucesso.
Sim, Tite deu aula de marcação, posicionamento defensivo, resistência no sistema defensivo no empate por 0 x 0 com o Fluminense no segundo jogo pela semifinal, porém exagerou na dose. Como diz a música do Lulu Santos, todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite. Quando se trata de futebol, não é um empate sem gols, no Maracanã. A tradição rubro-negra não é a de classificar vagas com moderação. Faltou apetite. Talvez, o medo de tomar outra virada por 4 x 1 tenha tirado a vontade de ganhar.
Tite teve chance de derrotar o Fluminense pela terceira vez neste ano. Não conseguiu porque foi extremamente pragmático. O time parecia jogar para defender a invencibilidade, não sofrer gol e brindar o goleiro Rossi com a quebra do recorde de Cantarelli sem ser vazado: 964 minutos. Fernando Diniz equilibrou o duelo no campo das ideias ao forçar o Flamengo a usar passes longos. A bola batia no ataque e voltava para os pés tricolores. O time das Laranjeiras não incomodou tanto porque faltaram criatividade, competência e contundência para penetrar no sistema defensivo rubro-negro. A melhor chance foi no belo chute do meio da rua. Renato Augusto acertou o travessão de Rossi.
O gol de Pedro após contra-ataque iniciado por Rossi e arrancada em alta velocidade de Arrascaeta seguida de assistência para o centroavante é questão de interpretação. O árbitro estava de olho no lance e não considerou falta até ser chamado pelo VAR. A fisionomia dele não mostrava tanta certeza com o que havia visto na tela. Mesmo assim, optou por se render aos auxiliares em vez de confiar nos olhos da câmera em vez dos dele.
Para mim, Tite desperdiçou uma oportunidade de ser, no mínimo, simpático. Poderia ter colocado Gabriel Barbosa em campo no fim da partida. Everton Cebolinha não estava bem. Logo, o camisa 10 poderia encerrar a partida ao lado de Bruno Henrique. Entendo que Gabigol estava lesionado e carece de ritmo de jogo. Porém, pondero também que havia uma vantagem de dois gols no placar agregado e quase 50 mil torcedores, a maioria rubro-negros, estavam ali para ver o ídolo em campo. Como se não bastasse a frustração de pagar ingresso para assistir a um 0 x 0 no sábado à noite, não viram o ídolo em campo.
Tite levou o Caxias ao título Gaúcho. Repetiu a dose com o Grêmio. Brindou o Corinthians com um Paulistão. Está na final do Carioca pela primeira vez na carreira. Com o início da Data Fifa, ele terá 15 dias de trabalho. Bom seria que tivesse todo o elenco disponível, só que não. As convocações das seleções vão desfigurar o plantel.
Resta ao treinador rezar para que não receba jogadores lesionados para a final do Estadual. Uma alternativa é aproveitar a intertemporada para consolidar um time reserva ou alternativo para o período mais crítico da temporada: a Copa América. Para mim, é preciso ensaiar mais variações táticas. Uma delas, um sistema com três zagueiros. Quem tem Fabrício Bruno, Léo Pereira, David Luiz e Léo Ortiz não pode ignorar essa possibilidade.
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