Taca Filipe Luís levou o Flamengo ao penta na Copa do Brasil em 39 dias. Foto: Kayo Magalhães/CB/D.A Press Filipe Luís levou o Flamengo ao penta na Copa do Brasil em 39 dias. Foto: Kayo Magalhães/CB/D.A Press

Flamengo é penta da Copa do Brasil porque virou camaleão com Filipe Luís

Publicado em Esporte

Tite tinha um plano para levar o Flamengo a mais de um título na temporada. O problema é que era um plano! Ele virou refém do samba de uma nota só tendo nas mãos um conjunto tão sortido e versátil transformado por Filipe Luís em 39 dias. Tite se perdeu depois das contusões de Pedro, Luiz Araújo e Everton Cebolinha. Por orgulho ou convicção, não confiou em Gabriel Barbosa no processo de reinvenção do time sem Pedro, foi eliminado da Libertadores pelo Peñarol sem fazer um gol sequer e demitido pela diretoria rubro-negra.

 

O Flamengo pedia respostas rápidas. Embora tenha dito em uma das entrevistas coletivas que é camaleão, Tite não conseguiu. O sucessor de Tite, sim, transformou um time previsível em imprevisível num espaço de 39 dias. Os fracassos na Libertadores e no Campeonato Brasileiro pressionaram o jovem técnico de 39 anos a salvar a temporada com o quinto título no segundo torneio mais importante do país e a classificação direta para a Libertadores de 2025 sem depender do desfecho no Brasileirão.

 

Em tão pouco tempo, Filipe Luís deu três demonstrações arrojadas de quem se preparou para driblar as obviedades dos técnicos brasileiros. Surpreendeu o Corinthians quando Bruno Henrique foi expulso ao inserir Fabrício Bruno na defesa e controlar o jogo dentro da Neo Química Arena na segunda partida da semifinal da Copa do Brasil.

 

 

Saiu da caixinha também ao espelhar o sistema tático do Atlético-MG no primeiro jogo da final da Copa do Brasil. Posicionou sutilmente o lateral-esquerdo Alex Sandro no papel de terceiro zagueiro, foi agressivo no sistema 3-4-3 com Michael atuando praticamente como um ala-esquerdo, em um papel equivalente ao de Gustavo Scarpa no Galo, e Wesley espetado na direita praticamente como ponta. Evertton Araújo e Gerson protegiam Rossi, Léo Ortíz, Léo Pereira e Alex Sandro. Arrascaeta e Plata faziam companhia a Gabriel Barbosa na frente. Assim Filipe Luís construiu a vitória por 3 x 1 na partida de ida.

 

O primeiro tempo do Flamengo na vitória por 1 x 0 na partida de volta não foi bom. Filipe Luís teve dificuldade diante do 3-5-2 do Galo. Gabriel Milito criou dificuldade ao lançar Zaracho em campo, mas pecou ao prescindir de um centroavante desde o início. O time é mais encaixado com um nove raiz. Deyverson faz diferença na Libertadores e no Brasileirão.


Cinco decisões importantes de Filipe Luís

  • Rossi titular na Copa do Brasil
  • Wesley titular na lateral direita
  • Léo Ortiz no lugar de Fabrício Bruno
  • Evertton Araújo titular nas finais
  • A restauração de Gabriel Barbosa

 

Filipe Luis deu a terceira demonstração de capacidade de reinvenção na etapa final na Arena MRV. O Atlético-MG crescia na partida com a entrada de Alan Kardec e ele mudou o plano rapidamente. Surpreendeu ao trocar Gabriel Barbosa por Bruno Henrique no segundo tempo. Foi ainda mais consciente ao sacar Arrascaeta para colocar Fabrício Bruno na defesa e passou a se comportar taticamente no 5-3-2.

 

A linha de cinco com Wesley, Fabrício Bruno, Léo Ortiz, Léo Pereira e Alex Sandro; Pulgar, Evertton Araújo e Gerson; Plata e Bruno Henrique bugou Gabriel Milito. O treinador do Atlético passou a pensar duas vezes antes de atacar o Flamengo. Aos poucos, o Atlético foi virado “Galo Doido”, tentando balançar a rede de qualquer jeito, e só não sofreu mais de um gol porque Everson brilhou debaixo das traves alvinegras.

 

Mérito de Filipe Luís, mas também de uma figura discreta na comissão técnica. Escrevi no post anterior sobre Iván Palanco. O catalão dá ao trabalho de Filipe Luís a pitada de modernidade necessária para o sucesso. Tem dedo do espanhol nesse Flamengo mutante. Fluente em espanhol e em inglês, o técnico do Flamengo tem tudo para abrir mercado em ligas de ponta da Europa.

 

Um título não se constrói apenas com tática. É preciso ter pulso firme. Filipe Luís foi leal a Gabriel Barbosa. Prometeu recuperá-lo e cumpriu a palavra a ponto de vê-lo sair por cima rumo ao Cruzeiro depois de dois gols no primeiro jogo da final. Colocou Gabigol em campo quando foi preciso, mas também o fez sentar-se no banco em nome do grupo no segundo tempo do fim de uma campanha gigante depois de eliminar Amazonas, Palmeiras, Bahia, Corinthians e Atlético-MG na campanha do inquestionável pentacampeonato.

 

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