A afirmação de que o Flamengo tem o melhor elenco do Brasil patina quando é preciso poupar talentos como os uruguaios Arrascaeta e Nico De la Cruz. O time é outro. Isso ajuda a explicar o empate por 0 x 0 no clássico horrível deste sábado por 0 x 0, no Maracanã.
Arrascaeta demanda um substituto à altura faz tempo. O Flamengo não encontra. Imaginou-se que Alcaraz assumiria o papel de sombra do camisa 10, porém o argentino está de volta ao futebol inglês para defender o Everton na Premier League.
De la Cruz seria o nome capacitado para a função quando fosse necessário, mas também lida com problemas clínicos e físicos desde o desembarque no Ninho do Urubu.
O joker Gerson joga em todas, porém não tem as características de Arrascaeta. Contra o Fluminense, ele ficou centralizado na última linha de três do meio de campo, ao lado de Plata e de Michael. Não vingou. A carência do camisa 10 foi evidente do início ao fim, sobretudo diante de um adversário programado por Mano Menezes para destruir.
Qual é o problema? Nenhum! Defender também é uma arte. Por sinal, das mais difíceis. Ficar entrincheirado à espera de uma oportunidade de contra-atacar tem o perfil de Mano Menezes. Lamentável que ultimamente ele tenha se restringindo a isso por onde passa.
Vamos refrescar a memória. Mano Menezes assumiu a Seleção Brasileira em 2010. Pregava uma revolução no futebol brasileiro. Inspirava-se na Espanha. La Roja havia acabado de conquistar a Copa do Mundo na África do Sul. Mirava no sucesso no Barcelona. Defendia a posse da bola como ferramenta para a guinada verde-amarela.
Naquela época, Mano renunciou a amistosos em uma Data Fifa para convocar jogadores e levá-los ao Centro de Treinamento do Barcelona na tentativa de semear o novo estilo na Seleção. O técnico ficou no cargo até 2012 e parece frustrado com o trabalho minado por Marco Polo Del Nero e José Maria Marin. Ambos o demitiram depois da conquista do título da Supercopa das Américas contra a Argentina para dar lugar à dupla Felipão e Parreira.
Fiel ao velho estilo, Mano Menezes resistiu mais uma vez às ideias de Filipe Luís. O jovem técnico sofreu mais uma vez no duelo à parte com o comandante tricolor. No ano passado, sofreu a única derrota como técnico profissional. O Fluminense venceu por 2 x 0 pelo Campeonato Brasileiro. Neste sábado, não conseguiu balançar a rede tricolor.
Mano Menezes tem a fórmula para contrapor as ideias de Filipe Luís e causa incômodo no treinador rubro-negro. Tira o jovem técnico da zona de conforto. Irrita ao competir com ele. Resumindo: Mano Menezes entrou na mente de Filipe Luís.
“O adversário tem suas armas. O Fluminense não tem o peso do Flamengo de ter que se impor, então é mais fácil destruir do que construir. Fizeram uma grande marcação nos nossos meio-campistas. Acredito que as melhores chances foram nossas, não lembro de nenhuma chance deles. Foi só o primeiro jogo do ano contra eles. Valorizo o esforço dos meus jogadores. Fizeram tudo o que eu pedi”, disse Filipe Luís na entrevista pós-jogo.
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