Finalista olímpico pela terceira vez em 8 anos, Brasil desafia Tite a fundir gerações pelo hexa na Copa

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A obsessão do Brasil pela medalha de ouro nos Jogos Olímpicos ganhou uma dimensão impressionante na vitória por 4 x 1 nos pênaltis sobre o México depois do empate insosso por 0 x 0 no tempo normal e na prorrogação, no Kashima Stadium. A Seleção está na decisão do torneio masculino pela terceira vez no século. De 2001 para cá, o país chegou apenas uma vez à final da Copa. Justamente no Japão, quando conquistou o penta no palco da final de sábado, às 8h30: o Estádio Internacional de Yokohama. Sim, o nível técnico das duas competições não se compara, mas é preciso fundir os elencos finalistas em 2012, 2016 e 2020 e transformá-los em um time capaz de encerrar a seca de 20 anos sem título mundial em 2022, no Qatar.

O desafio de Tite é mesclar gerações. E sejamos justos, ele tem feito isso. Neymar, Danilo, Alex Sandro foram medalhistas de prata em Londres-2012 e hoje são titulares na Seleção. Há, ainda, o esquecido Oscar, titular na Copa de 2014. Hoje, ele não merece ser lembrado.

A inédita medalha de ouro chegou nos Jogos do Rio-2016 e também tem campeões no grupo de Tite. Ele gosta de Rodrigo Caio e Marquinhos. Curte Gabriel Jesus. Está disposto a dar mais chances a Gabriel Barbosa. Deu continuidade ao goleiro Weverton, um dos jogadores acima da idade olímpica na campanha de cinco anos atrás. Prata em Londres-2012, Thiago Silva é outro intocável nas convocações de Tite.

A geração que acaba de se classificar para a final em Tóquio também tem seus valores. Apesar da falta de entrosamento, Douglas Luiz e Bruno Guimarães estão jogando bem. São boas opções para o meio de campo na sequência das Eliminatórias. Matheus Cunha fez falta ao ataque nesta terça-feira. É o artilheiro da Era Jardine com 18 gols em 20 partidas. Um caso a se pensar para o elenco liderado por Tite. Gosto de Claudinho, Nino e Guilherme Arana também. Reinier tem perfil para ser o Ronaldo de 1994 ou o Kaká de 2002. Não tremeu ao assumir a responsabilidade de classificar o Brasil nos pênaltis. É muito diferenciado. Artilheiro do Brasil nos Jogos de Tóquio, Richarlison dispensa comentários. Nome inprescindível no trabalho do Tite.

A fusão de gerações conta, ainda, com os tios. Daniel Alves ainda não tem sucessor consolidado na lateral direita do Brasil. Thiago Silva é um dos homens de confiança de Tite na defesa. Marcelo e Filipe Luís não devem ser descartados na hora da lista final para a Copa.

O fato é que o Brasil precisa enxergar o sucesso olímpico muito além da cor da medalha. O que acontece na base precisa impactar a Seleção principal. O Brasil foi campeão Mundial Sub-20 em 2011. Conquistou o Mundial Sub-17 em 2019. Está na decisão olímpica Sub-23/24 pela terceira vez em oito anos. Há quem despreze o feito, mas considero muita coisa.

Quanto ao jogo, repito o que escrevi depois da vitória por 1 x 0 sobre o Egito nas quartas de final. André Jardine lembra cada vez mais aquele Tite de 2012. À época, o treinador da Seleção principal comandava o Corinthians. O Timão tinha dificuldade tinha a bola, mas sofria horrores para finalizar. Quando marcava, dificilmente cedia o empate ou perdia o jogo. A equipe de Tite tinha uma segurança defensiva irritante. Passava a impressão de que havia perdido o controle da partida, mas na verdade tudo estava dominado. É preciso ter maturidade para aceitar isso.

No fim, o Brasil contou com a competência do goleiro Santos e dos cobradores Daniel Alves, Gabriel Martinelli, Bruno Guimarães e Reinier; e com a colaboração da trave na cobrança mexicana. Sorte de campeão? Saberemos na decisão de sábado, às 8h30 (de Brasília). Apesar do sufoco contra Egito e México, André Jardine tem elenco para repetir o feito de Rogério Micale e colaborar com o processo de reinvenção da Seleção de Tite a um ano e três meses da Copa do Mundo.

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Marcos Paulo Lima

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