Filipe Luis estreia A primeira impressão de Filipe Luís foi boa contra o Corinthians no Maracanã. Foto: Gilvan de Souza/Flamengo A primeira impressão de Filipe Luís foi boa contra o Corinthians. Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

Filipe Luís impõe estilo, buga Corinthians, mas Flamengo não mata semi

Publicado em Esporte

A estreia de Filipe Luís como técnico profissional do Flamengo na vitória por 1 x 0 contra o Corinthians no primeiro duelo da semifinal da Copa do Brasil lembrou o talent show The Voice Brasil. O “jurado” Ramón Diaz sentou-se no banco de reservas do Maracanã para uma “audição” às escuras de um candidato a colega de profissão desconhecido e cometeu erro gravíssimo: em vez de usar a experiência a favor, escalar time conservador, sentir o clima dos primeiros minutos de apresentação e decidir ou não virar a cadeira para dançar conforme a música e participar da brincadeira, o treinador escolheu adivinhar o repertório do novo maestro rubro-negro, tomou invertida tática e escapou de deixar o palco do Maracanã eliminado.

 

Culpa do Flamengo e de um ex-goleiro do clube. A orquestra do mister Filipe Luís desafinou nas finalizações. Exceto Alex Sandro, autor do belo gol facilitado pela única falha de Hugo Souza na partida. O dono das traves alvinegras assumiu o protagonismo com algumas defesas causadas pela incompetência no acabamento dos lances. Quando houve o mínimo capricho, Hugo Souza brilhou com ótimas intervenções, foi ajudado pela trave e levou o Corinthians vivo de volta para a segunda partida na Neo Química Arena.

 

Ramón Diaz errou ao mudar o sistema de jogo. O Corinthians atuou pela primeira vez no modelo 4-3-2-1. Ele vinha atuando com um enganche, Coronado ou Garro, e dois atacantes. O erro foi escalar Coronado como volante pela esquerda ao lado dos inexperientes Charles e  Ryan Gustavo na tentativa de domar o lateral-direito Wesley e o meia Gerson. Logo, abriu mão da qualidade entregue por Coronado nas vitórias contra o Fortaleza na Arena Castelão e em Itaquera nas quartas da Sul-Americana. Não se abre mão de Yuri Alberto em um jogo desse tamanho por Héctor Hernández, mas compreendo hierarquização das partidas. O Corinthians está na zona do rebaixamento no Campeonato Brasileiro e tem um duelo importante diante do Internacional.

 

Mesmo assim, o Corinthians teve oportunidades de fazer gol. Acertou bola na trave, sujou a roupa de Rossi, viu Léo Pereira evitar gol em cima da linha… O Timão sofreu durante praticamente 70 minutos, mas a mudança tática para o 3-5-2 e o cansaço das melhores peças do Flamengo nas saídas de Bruno Henrique, Arrascaeta, De la Cruz e Alex Sandro permitiram ao adversário controlar o fim da partida. Matheus Gonçalves, Plata e Michael não incomodaram. Alcaraz, sim. O argentino recebeu passe mágico de Gerson em um calcanhar de cinema, saiu na cara do gol e finalizou muito mal por cima do gol de Hugo. Antes de sair, Gabriel Barbosa fez o segundo anulado pelo VAR no limite do impedimento.

 

O Flamengo venceu porque cumpriu o plano de Filipe Luís a exaustão. Jorge Jesus, uma das referências de Filipe Luís, escalava o time no 4-1-3-2. O ex-lateral tentou emular o sistema. Pulgar fazia o papel de Willian Arão. De la Cruz era um híbrido de Gerson de 2019, ora como volante, ora como meia. Gerson jogou adiantado na armação ao lado de Arrascaeta como se fosse Everton Ribeiro. Na frente, Bruno Henrique e Gabriel Barbosa, a surpresa de Filipe Luís na escalação. Sem Pedro e Carlinhos, ele queria um jogador com característica de camisa 9 e usou o único disponível no plantel. Gabriel teve exibição discreta, posicionou-se três vezes em impedimento e finalizou uma vez certo ao quase marcar um golaço de chaleira evitado por Hugo.

 

O Flamengo não sofreu gol, porém chamou a atenção a perda da compactação defensiva em relação a gestão de Tite. O time praticamente não sofreu na partida de volta contra o Peñarol em Montevidéu. O Corinthians incomodou o goleiro Rossi de vez em quando com ações ofensivas perigosas. Chamou a atenção também uma espécie de pressão intermitente no campo de ataque. O Flamengo avançava para fazer o perde-pressiona, recuava a linha defensiva para descansar e novamente subia a marcação. A alternância deu fôlego ao time rubro-negro para largar na frente e administrar o resultado magro.

 

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