Fifa The Best dá mais argumentos para levarmos a Bola de Ouro a sério

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Andres Lionel Messi é o melhor jogador do século 21. Espera aí, há controvérsias. O fã clube de Cristiano Ronaldo considera o português. Rivalidade à parte, concentremo-nos em outra queda de braço: Fifa The Best ou Bola de Ouro? A cerimônia dessa segunda-feira protagonizada pela entidade máxima do futebol deu mais argumentos para levar a eleição da France Football a sério.

Uma é tradição. Existe desde 1956. Foi xenófoba durante um bom tempo. Ignorava o que acontecia fora dos limites geográficos da Europa. Sim, Pelé não existia para o colégio eleitoral da Ballon d’Or. A oura premiação surgiu depois. A entidade máxima lançou o Fifa World Player of the Year em 1991. Joseph Blatter propôs a fusão das duas premiações e funcionou assim no período de 2010 a 2015. A vaidade não permitiu a sequência do casamento e o divórcio levou Gianni Infantino a criar o Fifa The Best.

Voltou a ser cada um por si. Dois marcos bagunçaram o calendário dos eventos: a pandemia do novo coronavírus e a Copa do Mundo do Catar realizada em novembro e dezembro, ou seja, na contramão dos tradicionais meses de junho e julho. Ouso afirmar que foi aí que os organizadores se perderam na máquina do tempo. Uma, a Bola de Ouro, deixou de realizar o prêmio em meio à crise sanitária mundial. Não houve vencedor em 2020. O outro, o Fifa The Best, não abriu da cerimônia naqueles tempos de distanciamento social. Robert Lewandowski levou a estatueta.

Veio a Copa do Mundo no Catar e uma confusão de critérios. A Bola de Ouro manteve o dela, ou seja, a performance na temporada europeia. Benzema ganhou o prêmio em 2022. Afinal, foi o cara na conquista do Real Madrid na Liga dos Campeões da Europa no período de agosto de 2021 a junho de 2022. Logo, o resultado deixou os acontecimentos da Copa para a edição seguinte.

A Fifa quis valorizar o Fifa The Best e se perdeu. Diante da inusitada Copa do Mundo no fim do ano, a entidade levou em conta a performance no torneio disputado no Catar. Na periodização da Fifa, ou seja, de agosto de 2021 a 18 de dezembro de 2022, Lionel Messi recebeu merecidamente o prêmio das mãos do presidente Gianni Infantino.

Chegamos, então, ao ponto do debate. Sem inventar moda, a Bola de Ouro coroou Messi melhor do mundo em 2023 levando em conta o que aconteceu no período de agosto de 2022 a junho de 2023. Sim, Haaland o Manchester City ao título inédito da Champions League, porém, no meio do caminho, houve uma Copa do Mundo conquistada por Messi em uma final insana contra Mbappé, no Catar. Está mais do que justificado o triunfo do argentino na France Football.

A Fifa escolheu outro caminho e, provavelmente, confundiu o colégio eleitoral formado por capitães, técnicos e jornalistas dos 211 países filiados, além dos internautas. O recorte para os votos começava um dia depois da final de todos os tempos da Copa do Mundo. Os jurados teriam de apreciar a performance no período de 19 de dezembro de 2022 a 20 de agosto de 2023.

Desconfio que os eleitores não leram, interpretaram errado ou simplesmente ignoraram as regras da votação e causaram um dano irreversível a imagem do Fifa The Best, principalmente no que diz respeito a uma palavra importantíssima: credibilidade. Nesse recorte, Messi não deveria sequer constar entre os três finalistas, e o vencedor seria, sim, o norueguês Haaland.

O filme Advogado do Diabo (1997) termina com a seguinte declaração de Al Pacino: “A vaidade é, definitivamente, meu pecado favorito”. Ao mexer os pauzinhos no calendário para valorizar o próprio evento, ou seja, a Copa do Mundo, a Fifa não somente se enrolou, como confundiu os jurados. É preciso ter cuidado quando uma eleição envolve tanta gente. Na contramão da entidade máxima do futebol, a Bola de Ouro se manteve fiel ao tempo e sai fortalecida.  Mais ainda devido ao W.O. dos três finalistas. Messi, Mbappé e Haaland simplesmente não foram a Londres participar da cerimônia.

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Marcos Paulo Lima

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