Ouvi de vários rubro-negros antes do jogo de volta da semifinal da Copa do Brasil entre o Corinthians, de Vítor Pereira, e o Fluminense, de Fernando Diniz, na Neo Química Arena, em São Paulo, uma preferência quase unânime pelo time paulista como adversário na decisão do mata-mata nacional. O resultado do clássico carioca deste domingo, no Maracanã, reforça o motivo: embora esteja nadando em dinheiro, a o Flamengo teme e respeita o arquirrival tricolor. Foram cinco confrontos em 2022. O clube de Laranjeiras venceu três, empatou outro e perdeu um. Conquistou o Carioca e impediu o tetra do primo rico. Se considerarmos um campeonato à parte, ganhou com um pé nas costas.
A torcida do Fluminense tem direito a ficar aborrecida com a eliminação na Copa do Brasil, mas há razões para defender a sequência do trabalho de Fernando Diniz. O argumento mais forte é a classificação do Brasileirão. A campanha do time supera a de três fortes concorrentes: os badalados Flamengo, Corinthians e Atlético-MG. Isso era inimaginável no início do ano. O tricolor caminha para conquistar acesso direto à fase de grupos da Libertadores. Nesta temporada, ficou pelo caminho na etapa preliminar ao ser eliminado pelo Olimpia.
Suspenso na derrota por 3 x 0 para o Corinthians, em Itaquera, o volante André voltou ao time na vitória por 2 x 1 contra o Flamengo e mostrou como faz falta a Fernando Diniz. Na teve uma tarde inspirada, mas a presença dele dá um upgrade na postura defensiva. Ganso desmoralizou João Gomes com um drible entre as canetas e fez seu papel na cobrança de pênalti diante do frio Santos. Nathan, e não Cano, como registrou na súmula o árbitro do Brasil na Copa do Mundo do Catar, Raphael Claus, ampliaram a vantagem no Maracanã.
Gabriel Barbosa diminuiu o placar para o Flamengo, ensaiou uma reação quando o jogo estava descaracterizado pelas expulsões de Marinho, Everton Cebolinha, Manoel e Caio Paulista, mas Victor Hugo e Filipe Luís perderam as chances. Autor de gol contra na derrota para o Corinthians, Felipe Melo salvou o Fluminense em cima da linha no último lance da partida.
Apesar do esforço rubro-negro, há lições para as finais da Copa do Brasil e da Libertadores. O modelo de jogo tem sido eficiente, mas demanda ajustes urgentes. Os adversários escanearam os movimentos do Flamengo. O São Paulo foi o primeiro a expor os pontos fracos do time de Dorival Júnior, principalmente na partida de ida, no Morumbi. A falta de pontaria da equipe de Rogério Ceni é outra discussão. Corinthians e Vélez Sarsfield perderam para o Flamengo no jogo de volta, mas ambos apontaram caminhos para minar o adversário.
Dorival Júnior tem 10 dias para ajustar a marcação no lado direito da defesa, por exemplo. Rodinei não repetiu a eficiência e o equilíbrio entre atacar e defender de outras exibições. Falhou na recomposição no lance dos gols do Fluminense. Ele será o principal alvo de Corinthians e Athletico-PR nas finais da Copa do Brasil e da Libertadores.
Vítor Pereira colocou Willian e Fábio Santos em cima dele no jogo de volta das quartas de final do torneio continental. Rogério Ceni investiu na dupla Reinaldo e Patrik em cima do lateral. Arias explorou o espaço nas costas dele. Luiz Felipe Scolari pode, por exemplo, soltar o menino Vitor Roque nas pontas em cima dos laterais e usar o centroavante Pablo como referência.
O Flamengo tem um arsenal no banco de reservas, mas os medalhões seguem decepcionando. Em vez de resolver, Everton Cebolinha e Marinho prejudicaram. Ambos foram expulsos. Entrar na pilha do adversário é outro ponto a ser discutido no Flamengo. Cartão vermelho muda a história de uma final seja ela em partida de ida e volta ou jogo único. Há tempo para ajustes.
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