O português Abel Ferreira é o campeão vigente do Brasileirão. O atacante argentino Germán Cano, o atual artilheiro das duas principais competições de clubes do país — Série A e a Copa do Brasil. Tudo isso no momento em que a Seleção e o Grêmio expõem duas das principais carências do futebol nacional: faltam técnicos e centroavantes. Nove raiz.
Dezesseis dias depois da eliminação do Brasil da Copa contra a Croácia, a CBF olha para o mercado e não encontra um profissional unânime e minimamente capacitado a herdar a prancheta de Adenor Leonardo Bachi. Considerado o melhor técnico do país, Tite foi capaz de levar a Seleção tão somente às quartas de final em dois mundiais consecutivos e não caiu diante de adversários de primeira linha. Bélgica e Croácia estão na segunda prateleira.
A incerteza deixa o presidente Ednaldo Rodrigues à deriva. Pressionado pela opinião de que passou da hora de a Seleção sofrer a intervenção de um técnico estrangeiro, o presidente da CBF mantém um fio de esperança na opção por um profissional nacional. Alternativas existem. Renato Gaúcho, Cuca, Mano Menezes, Fernando Diniz… No entanto, falta convicção. Atento à história, o supersticioso dirigente também sabe que, em 92 anos de história, jamais a Copa foi conquistada por um treinador importado.
Por ironia do destino, a entidade nunca formou tantos técnicos no curso CBF Academy. E poucas vezes teve tanta dificuldade para delegar a missão a um nome de consenso. Profissionais do exterior são cogitados. Como mostrou uma reportagem do Correio Braziliense na última sexta, a decisão começará a ser tomada pelo presidente Ednaldo Rodrigues a partir de 10 de janeiro. Ele escolherá um técnico pela primeira vez na vida em 43 anos no papel de dirigente.
O Grêmio ensaia a contratação mais bombástica deste início de temporada. A provável aquisição de Luis Suárez é mais um diagnóstico simbólico do futebol brasileiro. O último artilheiro do Brasileirão e da Copa do Brasil é estrangeiro: o argentino Germán Cano do Fluminense. Por sinal, o tricolor das Laranjeiras tentou também o uruguaio Abel Hernández.
Faltam centroavantes de ponta há muito tempo no futebol brasileiro e a solução tem sido cada vez mais olhar para o exterior. Paolo Guerrero virou solução para Corinthians, Flamengo, Internacional e Avaí. O Botafogo apostou em Salomon Kalou. O Corinthians buscou Mauro Boselli. Hernán Barcos passou por Palmeiras, Cruzeiro e Grêmio. O alviverde também delegou a função de matador durante um bom tempo a Miguel Borja e Lucas Barrios. O Atlético-MG e São Paulo investiram em Lucas Pratto. O homem-gol do tricolor paulista atualmente é o argentino Jonathan Calleri.
As carências de técnicos e de centroavantes de ponta são apenas dois dos sintomas variados da crise de talento no futebol brasileiro. A especulação do dia vinda da imprensa francesa é Zinedine Zidane como alvo da CBF. Isso depois do barulho por Carlo Ancelotti. O Grêmio procura Luis Suárez, mas dificilmente será o único a sonhar com um centroavante uruguaio. O badalado Edinson Cavani ouviu sondagem do Corinthians.
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