Oito anos depois, a Seleção voltará a jogar em Assunção nesta terça-feira (30), pela sexta rodada das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa da Rússia-2018. Naquele 15 de junho de 2008, a vida era outra para um casal paraguaio. Com fama de carrasco do Flamengo e do Santos na Copa Libertadores da América, o centroavante Salvador Cabañas também assumiu o papel de “verdugo” do Brasil. Foi dele o segundo gol na vitória por 2 x 0 sobre o time comandado por Dunga na seletiva para o Mundial da África do Sul. Cabañas também balançou a rede verde-amarela na derrota por 2 x 1 no Recife, em 10 de junho de 2009.
Em alta, Cabañas, então no América do México, era casado Maria Lorgia Alonzo. O sucesso batia à porta. Cabañas teria sido sondado até pelo Manchester United, da Inglaterra, com quem teria assinado um contrato de € 1,25 milhões, mas uma tragédia não permitiu que o jogador realizasse o sonho de jogar na Europa. Em 25 de janeiro de 2010, a cinco meses da Copa do Mundo da África do Sul, um tiro na cabeça de Cabañas mudou a vida de Cabañas e da mulher. O jogador driblou a morte, mas ficou com sequelas. Tentou voltar a jogar no 12 de Octubre e até no Tanabi, da quarta divisão do Campeonato Paulista.
Aposentado do futebol, Cabañas virou padeiro na loja dos pais, em sua cidade natal, Itaguá. Em 2014, o atacante acusou a ex-mulher, Maria Lorgia Alonzo, de aplicar um golpe e ficar com sua fortuna — entre elas, uma mansão luxuosa avaliada em US$ 5 milhões comprada no tempo em que ele jogava. “À medida que o tempo passa eu vou me dando conta de muitas coisas… Até o advogado se vendeu para eles. Ela (María) diz que o dinheiro acabou”, disse Cabañas à agência de notícias francesa AFP em 2014, revelando que chegou a assinar documentos usando a impressão digital a pedido da esposa.
Oito anos depois do gol da vitória sobre o Brasil, em Assunção, a ex-mulher de Cabañas trabalha na rua em Assunção. Uma reportagem do da ABC Televisión reproduzida pelo jornal ABC Color no último dia 3 de março conta que é possível trocar dinheiro, fazer câmbio, com Maria Lorgia Alonzo na capital paraguaia na rua Palma com a 14 de Maio. Maria alega, entre outros motivos, não ter dinheiro para pagar taxas dos bens. “Nós temos propriedades avaliadas em milhões, mas temos problemas de liquidez para pagar impostos imobiliários. Não quero perdê-los, por isso, aproveitei a oportunidade. A cambista conta que ocupa o lugar deixado pelo pai de uma amiga, falecido recentemente. Maria conta que está em litígio com José Maria González, acusado por ela de ter roubado tudo dela e de Cabañas. “Nós temos que sobreviver para recuperar tudo”, argumenta.
Salvador Cabañas é um dos responsáveis pelo incômodo tabu da Seleção. O Brasil não vence na casa do Paraguai desde 16 de junho de 1985, quando Casagrande e Zico, hoje comentaristas, marcaram os gols da vitória no Defensores del Chaco nas Eliminatórias para a Copa do Mundo do México-1986. Desde então, o Brasil voltou a Assunção em 18 de julho de 2000 e perdeu por 2 x 1 sob o comando de Vanderlei Luxemburgo. Em 31 de março de 2004, empatou sem gols na seletiva para a Copa de 2006. E em 2008, perdeu por 2 x 0 no jogo em que Cabañas pintou e bordou. Sem contar as últimas duas eliminações na Copa América, em 2011 e em 2015 — ambas nos pênaltis e na mesma fase: as quartas de final.
Últimos jogos do Brasil contra o Paraguai em Assunção
16/06/1985 – Paraguai 0 x 2 Brasil (Eliminatórias para Copa de 1986)
18/07/2000 – Paraguai 2 x 1 Brasil (Eliminatórias para Copa de 2002)
31/03/2004 – Paraguai 0 x 0 Brasil (Eliminatórias para Copa de 2006)
15/06/2008 – Paraguai 2 x 0 Brasil (Eliminatórias para Copa de 2010)