Dorival Júnior apostou em uma espécie de gestão compartilhada com medalhões na terceira estreia à frente do Flamengo. Assim como nas duas anteriores contra a Portuguesa (2012) e o Bahia (2018), não venceu. Ele escolheu dividiu a responsabilidade com a geração de 1985 ao escalar Diego Alves no gol, Filipe Luís na lateral esquerda e colocar Diego Ribas em campo na etapa final. O pacto não funcionou por um simples motivo: todos eles estão muito mal fisicamente. O antecessor Paulo Sousa não os utilizava por esse e outros motivos. Como o Flamengo não tem uma comissão técnica fixa, o novo técnico rubro-negro, talvez, tenha tomado decisões às cegas, sem informações científicas relevantes para escolher as peças. Prefiro acreditar que ele sabia, sim, mas fez um pacto com os “diabos” do elenco, pagou para ver e o Internacional apresentou a vida como ela é no inferno rubro-negro mais rápido do que Dorival esperava.
O Internacional precisou de 47 segundos para explorar o péssimo condicionamento físico e técnico de um baita jogador. Filipe Luís não precisava ser exposto desde o início. O dono da melhor leitura tática dentro das quatro linhas foi desarmado por David. Daí em diante, a trama em velocidade chega aos pés de Vanderson e ele estufou a rede de Diego Alves. Inadmissível, também, o giro que o zagueiro David Luiz toma de Alan Patrick.
A estratégia do aniversariante Mano Menezes explorou outras deficiências de um Flamengo em seu pior estado. Thiago Maia e Matheuzinho eram os mapas da mina. Homem de confiança de Dorival Júnior na passagem pelo Santos, o volante é uma caricatura daquele que desembarcou no Ninho do Urubu. Dorival Júnior apostou em três volantes. O bote do meio de campo colorado era quase sempre em Thiago Maia.
Tão fácil quanto desarmar Thiago Maia era explorar a avenida Matheus França Silva. O popular Matheuzinho tem grave deficiência na marcação. Era facilmente batido pelo setor ofensivo do Internacional. O segundo gol colorado estoura justamente no setor dele depois do erro de Everton Ribeiro e da desatenção de Willian Arão no meio de campo.
O Flamengo melhorou sensivelmente no segundo tempo com a desmontagem dos três volantes, a entrada de Marinho aberto na ponta-direita e o deslocamento de Everton Ribeiro para a meia esquerda a fim de aproximá-lo de Bruno Henrique e Gabriel Barbosa. O gol é construído naquela banda do campo e chega aos pés de Andreas Pereira no belo arremate.
Sob risco, Mano Menezes mexeu no tabuleiro, trouxe o recuado Internacional de volta para a partida e continuou explorando a avenida Matheuzinho. Não achei que o lateral-direito cometeu pênalti, mas chegou atrasado, estabanado no lance em que Pedro Henrique cai dentro da área. Ele bateu e Diego Alves, badalado por defender cobranças, não conseguiu.
A entrada de Diego Ribas no lugar de Everton Ribeiro foi mais uma prova de um certo pacto de Dorival Júnior com a geração de 1985. Nada mais justifica a entrada do meia em campo. O dono da camisa 10 não faz diferença desde a bola lançada na área do River Plate no lance do gol de Gabriel Barbosa na virada monumental em Lima, no Peru.
Em três rodadas, o Flamengo conseguiu brindar o lanterna Fortaleza com o primeiro triunfo nesta Série A, encerrou o jejum de nove partidas sem vitória do Red Bull Bragantino e presenteou o sessentão Mano Menezes com a primeira vitória da gestão dele no Beira-Rio. No fim das contas, o Flamengo concluirá a 11ª rodada na 16ª posição, uma acima da zona de rebaixamento.
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