Decisão sobre a venda (ou não) do mando de campo é dos clubes da Série A. Foto: Ed Alves/CB/D.A Press Decisão sobre a venda (ou não) do mando de campo é dos clubes da Série A.

Escândalos no Mané Garrincha deixam venda do mando de campo na berlinda em Conselho da CBF

Publicado em Esporte

O Conselho Técnico da Série A do Campeonato Brasileiro marcado para a tarde de quinta-feira (27), na sede da CBF, será acompanhado com expectativa pela Arena BSB — o consórcio que assumiu neste mês a administração do Mané Garrincha. A diretoria da entidade máxima do futebol brasileiro está descontente com os recentes escândalos no estádio mais caro da Copa de 2014 e pretende colocar em pauta novamente a questão da venda do mando de campo. No ano passado, uma operação da Polícia Civil na partida entre Palmeiras e Botafogo manchou a imagem da competição. Nos bastidores, as federações do Distrito Federal e de Santa Catarina lutam para receber o percentual do dinheiro a que têm direito pela realização de Avaí x Flamengo na capital.

O papel da CBF na assembleia é colocar o tema em pauta. Alguns dirigentes de clubes e da entidade com quem o blog conversou demonstraram descontentamento com os problemas no Mané Garrincha. No entanto, o poder de decisão não é da CBF, mas dos clubes. O assunto é colocado democraticamente em discussão com votação simples dos representantes dos 20 times da elite.  Em 2017, os clubes vetaram a venda do mando de campo. O Atlético-MG propôs a discussão e ganhou o debate. Foram 14 votos contra a realização de jogos fora da cidade de origem e seis a favor da comercialização.

Houve reviravolta em 2018. Os clubes liberaram a venda, mas estabeleceram regras: os times só podem atuar cinco vezes fora de seu estado de origem em seus 19 jogos de mando; só poderão mandar jogos fora de seus estados se houver a concordância do visitante; e não podem vender o mando de suas últimas cinco partidas no campeonato. O blog apurou que há movimentos nos bastidores para ofertas de compras de jogos do Cruzeiro e adversários do clube mineiro na Série B do Campeonato Brasileiro.

As catracas originais do Mané Garrincha não funcionavam desde o fim dos torneios masculino e feminino de futebol dos Jogos Olímpicos de 2016. Com isso, promotores de jogos instalavam as próprias catracas na frente das originais para o controle do acesso aos jogos e eventos na arena multiuso. Resultado: nem sempre o público anunciado era o verdadeiro.

O auge da manipulação aconteceu no ano passado. A operação Episkiros (Jogo Enganoso) da Polícia Civil do DF prendeu empresários durante a vitória do Palmeiras sobre o Botafogo pela Série A do Campeonato Brasileiro de 2019. As suspeitas eram de inclusão de dados falsos no borderô. Segundo os investigadores, o grupo informava um valor de arrecadação menor para pagar menos impostos e um aluguel menor pelo estádio Nacional Mané Garrincha, na capital. A prisão, comandada pela Coordenação Especial de Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF, envolveu 150 policiais e foi feita em um dos camarotes da arena. As imagens da operação rodaram o Brasil e o mundo, irritando a CBF, organizadora da competição.

A partida entre Avaí x Flamengo, em 7 de setembro do ano passado, virou batalha jurídica. Como publicou o blog em janeiro, as federações do Distrito Federal e de Santa Catarina tentam receber R$ 28 mil referente a vendas de camarotes. Consultado pelo blog, o diretor do departamento de competições da CBF, Manoel Flores não tinha conhecimento do episódio e disse que apuraria o caso com os presidentes das duas federações envolvidas.

Por esses e outros motivos, a contestada venda do mando de jogo entrará novamente em pauta. Uma votação entre os 20 times definirá pela manutenção ou veto. Além dos debates sobre detalhes da competição, os dirigentes receberão a primeira parte da tabela da Série A do Brasileirão e o regulamento da edição 2020 do campeonato.

 

 

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