WhatsApp Image 2021-05-19 at 17.24.51 Thallysson e o troféu de campeão nacional no Azerbaijão na temporada. Foto: Divulgação Thallysson e o troféu de campeão nacional no Azerbaijão na temporada. Foto: Divulgação

Entrevista: Thallyson | Ex-lateral do Flamengo fala sobre título inédito e a vida no Azerbaijão

Publicado em Esporte

11 dias, o lateral-esquerdo Thallyson, ex-Flamengo, ajudou o Neftchi Baku a quebrar uma dinastia no Campeonato do Azerbaijão. Na última rodada, o time dele quebrou a sequência de sete títulos consecutivos do arquirrival Qarabag e conquistou a Premyer Liqasi 2020/21, como é chamada a Série A do país Leste Europeu.

A nona taça do Neftchi Baku foi confirmada graças a um gol aos 45 minutos do segundo tempo marcado por Ahmed Ahmedov. Com o resultado, o time de Thallyson e do japonês Keisuke Honda, ex-Botafogo terminou o campeonato com 59 pontos contra 57 do Qarabag. que tinha um ponto a mais antes do início da decisão (57 x 56).

O Qarabag era soberano no país desde a temporada 2013/2014. Conquistou sete dos oito títulos no período. Ambos estavam empatados como recordistas de troféus no país. Agora, o Neftchi Baku lidera sozinho o ranking com nove taças. O último título havia sido em 2013.

Thallyson participou de 22 jogos na temporada, 17 deles na liga nacional, e deu duas assistências. O Campeonato do Azerbaijão é disputado por oito clubes. São 28 rodadas no sistema de pontos corridos. Cada time enfrenta os adversários duas vezes em casa e outras duas fora, como se fossem quatro turnos. Quem soma mais pontos leva o troféu.

Essa não é a primeira experiência de Thallyson na Europa. Na temporada 2018/2019, ele defendeu a camisa do Sint-Truiden, da Bélgica. O título nacional garantiu o Neftchi Baku na primeira fase eliminatória da Liga dos Campeões da Europa. O time participou da fase de grupo da Uefa Europa League em 2012/2013 e foi vice da extinta Copa Intertoto em 2008.

Em férias no Brasil, Thallysson fala na entrevista a seguir ao blog sobre a temporada inédita no Azerbaijão, a vida na ex-república da União Soviética, que, recentemente, esteve em conflito com a vizinha Armênia, recorda a passagem pelo Flamengo e jura que não aceitaria, hoje, convite para se naturalizar para defender uma seleção que não seja a brasileira.

 

Você acaba de ser campeão no Azerbaijão, um dos países mais ricos no que diz respeito a investimento em eventos esportivos. Os caras investem pesado aí, mesmo?

Os clubes buscam, dentro da realidade de cada um, montar sempre equipes competitivas para disputar tudo o que é possível dentro do calendário. O Neftchi investiu bastante na última temporada, como por exemplo na chegada do Honda. Felizmente conseguimos o objetivo principal que foi a conquista do título nacional e a vaga para a próxima Liga dos Campeões.

 

Carlos Alberto Torres, o capitão do tri, foi técnico da seleção do Azerbaijão. Fala-se muito no capita aí no Azerbaijão?

É um ídolo em qualquer parte do mundo. Foi capitão da maior Seleção Brasileira de todos os tempos e teve uma história muito importante aqui no país. Ele é sempre lembrado com muito carinho e pela passagem marcante que teve por aqui.

 

O seu time disputou a fase de grupos da Liga Europa em 2012/2013 e foi vice-campeão da extinta Copa Intertoto. Qual é o significado de conquistar não somente o título, mas também o acesso à primeira fase preliminar da Uefa Champions League?

É um grande feito para nós. E digo isso não só para cada jogador, mas também para o clube. Foi um momento muito marcante para a minha carreira, e de certa forma uma maneira também de retribuir ao Neftchi que acreditou no meu potencial desde o início.

 

Você é um dos brasileiros do elenco. Fala um pouco sobre como e quando topou o desafio de trocar o Guarani pelo Azerbaijão e conta um pouco quem é o Rener?

A possibilidade de vir para o Azerbaijão surgiu durante a disputa do Campeonato Paulista. Tinha boas referências do país, de um conhecido meu que atuou no nosso rival, o Qarabag. Quando chegou a proposta não pensei duas vezes. Era o momento de mudar os ares. Graças a Deus foi aqui que consegui meu primeiro título na carreira, e também internacional. O Rener é um jogador jovem, que veio do Fortaleza, e bastante promissor. É um cara que sem dúvida alguma terá um caminho de bastante sucesso.

 

Países como o Azerbaijão gostam de naturalizar jogadores estrangeiros. Sei que você está aí faz pouco tempo, provavelmente não se adequa ao perfil exigido para naturalização, mas você toparia defender uma seleção de outro país se recebesse convite?

Realmente países como o Azerbaijão têm essa cultura de naturalização de jogadores. Tenho amigos no Azerbaijão que se naturalizaram. No meu caso não penso nessa possibilidade. Tenho o sonho, como muitos outros jogadores, de jogar pela seleção do meu país. Sei que é uma tarefa difícil, mas é minha origem, de onde vim. Então nada mais justo se, um dia, tiver a oportunidade de jogar por alguma seleção, ser a do país onde nasci.

 

Baku foi candidata a receber os Jogos Olímpicos de 2016 e 2020. É uma cidade que respira esporte? Está pronta para receber o evento?

Com certeza. Baku está muito preparada para receber esse tipo de evento. A cidade já abrigou eventos esportivos importantes. Possui instalações de primeiro mundo, a população se mobiliza. Então caso ela consiga ser sede dos Jogos em algum momento, será um sucesso.

 

Quais são as lembranças da passagem pelo Flamengo de 2015 a 2016? O que aprendeu na passagem pelo clube e colocou em prática na carreira?

Foi onde as portas começaram a se abrir pra mim. Foi importante para ampliar o leque profissional e pessoal. Pra mim foi uma honra defender o clube de maior torcida do Brasil, por onde passaram tantos jogadores icônicos. Aquele período do Flamengo me fez amadurecer muito. Então é uma passagem que valorizo.

 

Recentemente, houve uma invasão do povo da Armênia ao território do Azerbaijão. Como está a situação? Tudo calmo por aí ou rola sempre uma tensão?

Realmente foi um momento de bastante apreensão. Ninguém podia sair de casa e foi um período realmente onde todos ficaram muito preocupados. Felizmente é um episódio que ficou no passado. Hoje tudo voltou ao normal.

 

Você e a família estão adaptados ao país ou pensa em mudança? Como é a vida por aí?

A adaptação foi tranquila, até porque eu já tive uma experiência fora do Brasil, na Bélgica. E a vida no país é bem tranquila. Você tem segurança, a mobilidade dentro de Baku é bem fácil, as pessoas são bem receptivas e gostam de ajudar. Então isso dá muita tranquilidade não só para o dia a dia, como também para o jogador desempenhar o trabalho com segurança. Tem sido uma experiência bem legal.

 

Com o título dessa temporada, vocês passam a ser recordistas no Azerbaijão. Superaram o Qarabag. É a maior rivalidade do Azerbaijão?

Sem dúvidas. O Qarabag vinha de sete conquistas seguidas e a gente tinha essa questão de quebrar a hegemonia deles. E da forma como foi, no confronto direto, gol no fim do jogo, deixou tudo ainda mais emocionante. A rivalidade move o futebol em qualquer país. Espero que sigamos aqui na frente deles.

 

 

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