54687071436_f833fc5a6b_c Rogério Siqueira é a voz dos clubes no debate sobre as mudanças. Foto: @rafaelribeirorio I CBF Rogério Siqueira é a voz dos clubes no debate sobre as mudanças. Foto: @rafaelribeirorio I CBF

Entrevista: Rogério Siqueira fala sobre upgrade na Série D e viabilidade da E

Publicado em Esporte

Criada em 2009 com a participação de 39 clubes, a Série D do Campeonato Brasileiro pode ter recorde de participantes a partir de 2027, em uma transição para o modelo definitivo em 2028. A CBF estuda a possibilidade de ampliação do torneio para 96 clubes e/ou a criação da Série E, uma quinta divisão. Hoje, 124 times disputam as quatro divisões. Se uma nova sair do papel, mais 20 equipes terão acesso ao calendário do principal torneio do país. A matemática seria a seguinte: 20 times na A, 20 na B, 20 na C, 20 na D e 64 na E. 

 

Essa é apenas uma das propostas em fase de estudo no departamento técnico da CBF. O ano chave pode ser 2027, considerado um ano de transição para a consolidação dos novos formatos em 2028. Caso esse plano prevaleça, a Série D contaria com 64 times e a E também. Uma com turno, returno e mata-mata, e outra com turno único e mata-mata. 

 

A partir de 2028, a Série D seguiria os moldes das A, B e C, ou seja, com 20 clubes. Os 16 melhores da quarta divisão em 2027, além dos quatro rebaixados da C. Paralelamente, a Série E contaria com 64 clubes nos moldes da disputa atual da quarta divisão. 

 

Se o plano de criação da Série E não prosperar, a tendência é a Série D virar coração de mãe e passar a hospedar 96 equipes divididas em 16 grupos com seis times. Os dois melhores de cada avançariam à fase de 16 avos do mata-mata, totalizando 32, e automaticamente estariam garantidos na Série D do ano seguinte. 

 

Em entrevista ao blog, o presidente do ASA, Rogério Siqueira, fala sobre a reunião da última terça-feira do presidente da CBF, Samir Xaud, com os clubes da quarta divisão. Ele evita antecipar formatos. Diz que isso está nas mãos do diretor de Competições da CBF, Júlio Avelar. Na conversa a seguir, o representante da Comissão Nacional de Clubes (CNC) e das equipes da Série D repete várias vezes a palavra sustentabilidade e deixa claro a intenção do movimento: “A nossa bandeira não é dar calendário a quem não tem”.  

 

Como foi o encontro na CBF pela reformulação da Série D e a possível criação da E?

Reunião muito proveitosa. Nós da Série D nos sentimos incluídos no contexto do futebol brasileiro. Muito importante essa reunião presencial, cara a cara com o presidente (da CBF) Samir Xaud. O olhar que ele tem com a Série D é de muita responsabilidade em relação a todos os nossos pleitos, com a promessa de estar preocupado com a sustentabilidade da nossa série de entrada, e com o compromisso de nos próximos 60, 90 dias, trazer nova formatação, uma nova proposta. Estamos satisfeitos e gratos.

 

Há interesse de clubes sem calendário de pegar carona nesse debate?

Eu quero deixar muito claro que a intenção é dar sustentabilidade para a série, não é para criar vaga para quem não as conquistou. Hoje temos uma série na qual aqueles com acesso têm calendário para o ano que vem. Os que não têm, não têm. A nossa bandeira é a da sustentabilidade. A ideia vem sendo discutida há bastante tempo com a diretoria de competições da CBF. O diretor Júlio Avelar tem ótimas ideias. 

 

Em uma entrevista ao UmDois Esportes, o senhor mencionou o Paraná como exemplo de clube tradicional sem calendário. É um dos ganchos nesse debate? 

Dei esse exemplo e disse que é uma tendência no futebol caso a gente não reestruture a competição, dando sustentabilidade de garantia de calendário. Hoje, por exemplo, a Aparecidense-GO tem a melhor campanha entre os 64 times, mas se não ficar entre os quatro, não terá calendário para o ano que vem. 

 

O Paraná é apenas um caso. Podemos citar vários outros. Aqui em Brasília temos o Brasiliense também sem agenda nacional em 2026. O debate pode favorecê-los?

Essa não é nossa bandeira, que fique claro. Não estamos lutando por clube A ou B, estamos lutando por sustentabilidade estrutural na formatação da competição. Sinceramente, não sei como funciona a divisão de vagas pela federação nesses estados. Tem estado fazendo no segundo semestre. Talvez, ainda tenha a Copa Estadual com vaga. 

 

O senhor é favorável à ampliação da Série D ou da criação da E?

Eu gosto muito da ideia de ampliação da Série D, inclusive da Série E, mas para esse primeiro momento, a ampliação da Série D é interessante, palpável. Repito: a ideia não é dar calendário a quem não tem. 

 

Uma das propostas de ampliação da Série D é garantir vaga aos 32 melhores da edição anterior e classificar mais 64 via competições estaduais totalizando 96 times?  

A formatação está sendo discutida lá dentro da CBF por uma equipe de trabalho capitaneada pelo diretor de competições Júlio Avelar. A gente pede sustentabilidade. Essa questão da formatação é responsabilidade dos profissionais da CBF. Avelar trabalhou na Fifa, está na CBF há três anos e meio, e tem ótimas ideias. 

 

Estão na pauta também questões como a comercialização e a divisão dos direitos de transmissão, naming rights e demais ações de marketing de um torneio deficitário? 

Quando a gente cita sustentabilidade, estamos falando de estrutura de competição. O ideal é que isso venha junto com mais algum recurso. Os clubes entram na Série D com a probabilidade de 0,00625% de garantir calendário para o ano seguinte. Isso é muito pouco. 

 

Como tem lidado com a pressão de representar a Comissão Nacional de Clubes e ser a voz dos times nas pautas de reivindicação?

A gente vem fazendo esse trabalho desde o ano passado. Fui eleito em 2024 para a Comissão Nacional de Clubes e reeleito neste ano. Ao mesmo tempo, fui indicado pelo grupo como representante deles. Tenho orgulho de representá-los com apoio unânime.

 

O senhor deixou o encontro com qual sentimento?

Estamos bastante otimistas para que tenhamos mais sustentabilidade. Não pode um clube que faz uma grande campanha ficar sem calendário porque não conseguiu o acesso.

 

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