Ele acaba de levar o Guarani ao título da Série A2 do Campeonato Paulista. No último sábado, derrotou o Oeste na decisão do título da segunda divisão. Antes, nas semifinais, encerrou a angústia da torcida do time de Campinas (SP) ao superar o XV de Piracicaba e devolver o clube à elite do Estadual. Umberto Lourenço Louzer Filho, 38, chegou ao alviverde a convite de um profissional que ganha força para ser efetivado como técnico do Flamengo após as negativas de Renato Gaúcho, Abel Braga e Cuca, e do flerte da diretoria com o argentino Edgardo Bauza. Interino desde a demissão de Paulo César Carpegiani, Maurício Barbieri ainda é uma incógnita para a “Nação”. No bate-papo a seguir com o blog, Umberto Louzer usa a experiência e o aprendizado que assimilou sob o comando de Barbieri para ajudar a decifrar o possível dono da prancheta rubro-negra nos torneio do restante da temporada: Campeonato Brasileiro, Copa Libertadores da América e Copa do Brasil. O profissional teve o nome publicado no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF às 18h15 desta quarta-feira, em um procedimento padrão adotado desde o ano passado pela entidade no Campeonato Brasileiro. Na prática, isso significa que ele está apto para comandar o time neste domingo contra o Vitória, no Barradão.
MPL – O que você pode dizer para a torcida do Flamengo sobre o Maurício Barbieri?
Umberto Louzer – É um cara simples, de caráter, um cara do bem. É estudioso, fez cursos na Europa (Porto, em 2004, na época de José Mourinho), altamente capacitado, busca se aprimorar, tem liderança e um excelente conteúdo de treinamentos. Eu posso dizer que ele domina o trabalho de campo. Aprendi muito. Acompanhei de perto quando trabalhamos no Guarani e nas vezes em que joguei contra times dele. O Red Bull Brasil, por exemplo, que chegou à primeira divisão do Campeonato Paulista com ele e se classificou duas vezes para as quartas de final (2014 e 2015). Foram três anos de trabalho e muito reconhecimento.
MPL – Isso credencia o Maurício Barbieri a ser técnico do Flamengo?
Umberto Louzer – É o sonho dele e de qualquer treinador assumir um time de ponta. Ele sabe o que faz, vive intensamente o futebol. Como falei, o trabalho de campo dele é muito bom. Sou até suspeito para falar (risos), mas os jogadores do Flamengo já devem ter percebido isso.
MPL – Como vocês se conheceram? Como surgiu o convite para trabalharem juntos?
Umberto Louzer – No fim da minha carreira, joguei umas duas vezes contra Red Bull Brasil, um dos times que ele treinou. Eu estava parando de jogar (era volante) e tinha o desejo de ser técnico. Estreitamos amizade e fui convidado para trabalhar com ele no Guarani no ano passado.
MPL – Por que a passagem dele pelo Guarani não deu certo?
Umberto Louzer – O time mostrava rendimento nos treinos e em campo, mas nós tivemos problemas de pontuação (uma vitória, quatro empates e uma derrota) na Série A2. O Guarani passava por um momento muito turbulento. Não deu liga. Faz parte do processo…
MPL – Você entregaria a prancheta ao Maurício Barbieri se fosse o presidente do Flamengo?
Umberto Louzer – Como disse, sou suspeito para falar, mas, por conhecer a paixão dele, a entrega, a dedicação ao futebol, o método moderno de trabalho, eu daria a prancheta a ele sim.
MPL – O que mais chamava atenção nos treinamentos dele?
Umberto Louzer – A maneira de jogar, de potencializar o trabalho, de transmitir o que desejava. O Maurício Barbieri é um cara muito organizado nos treinamentos.
MPL – Como ele gosta de montar o time?
Umberto Louzer – Ele gosta de propor jogo, é organizado taticamente, joga para a frente… Ele tem o DNA do Flamengo. As construções das jogadas dos times dele são muito interessantes.
MPL – Como ele gosta de configurar os times taticamente?
Umberto Louzer – Ele é muito estrategista, gosta muito de falar e de discutir táticas. Já usou o 4-3-3, o 4-2-3-1 no Red Bull… Adota a saída de bola a três (saída lavolpiana), que é o que quase todo mundo tenta implantar atualmente. Os times dele são muito organizados. Gosta de marcação alta sem a bola. Gosta muito de referência na área, de centroavante, ainda mais no Flamengo, que tem o Guerrero, o Henrique Dourado…
MPL – Como é o Maurício Barbieri nos relacionamentos, no vestiário?
Umberto Louzer – É mais na dele, tranquilo, sossegado, não é muito midiático, mas é um cara de grupo. Eu posso assegurar que ele trabalha muito, está sempre muito antenado a tudo.
MPL – É possível comparar o estilo do Maurício Barbieri ao de algum técnico?
Umberto Louzer – Ao Zé Ricardo (ex-técnico do Flamengo, atualmente no Vasco). Ele lembra bastante. Principalmente na organização. Talvez, seja a comparação perfeita.
MPL – Quando foi o último contato com o Barbieri?
Umberto Louzer – Conversamos depois que o Guarani subiu (para a primeira divisão do Paulistão) e após o título no sábado. Ele me deu parabéns e eu desejei sorte a ele lá no Flamengo.