Saída de Rueda do Fla é um marco: onda de deserções para seleções pode fechar o mercado nacional aos técnicos estrangeiros

Compartilhe

A saída de Reinaldo Rueda do Flamengo, oficializada no início da noite desta segunda-feira mais de 12 horas após o desembarque do colombiano no Rio, deve marcar temporariamente o fim das apostas dos clubes brasileiros em técnicos estrangeiros. Nunca antes na história desse país, tantos treinadores importados largaram os times daqui para assumir seleções vizinhas. Rueda é o terceiro da lista em dois anos.

Enquanto na Europa os grandes treinadores fogem das seleções — basta ver onde estão Pep Guardiola, José Mourinho, Jürgen Klopp… — na América do Sul, o status é comandar seleção. Mostrei aqui em um post publicado no sábado que Rueda passa a ser o técnico de esquadra nacional mais bem pago do continente. O salário de US$ 3,25 milhões é superior até aos de José Pekermann (Colômbia), Jorge Sampaoli (Argentina), Tite (Brasil), Ricardo Gareca (Peru) e Oscar Tabárez (Uruguai). Detalhe: esses cinco disputarão a Copa de 2018.

O São Paulo apostou em Juan Carlos Osorio e viu o colombiano arrumar as malas para tocar o projeto da seleção do México. Está classificado para a Copa de 2018 e chegou às semifinais da Copa das Confederações. A imagem que deixou no país é a de quem abandonou o tricolor em outubro de 2015, a dois meses do fim daquela temporada.

O clube paulista insistiu na contratação de técnico estrangeiro. Apostou no argentino Edgardo Bauza. Campeão da Libertadores pelo San Lorenzo em 2014, durou apenas oito meses no cargo. Enquanto comandava o São Paulo, foi até Buenos Aires para uma entrevista de emprego com diretores da Associação de Futebol Argentina (AFA). Após o fim do processo seletivo, pegou as malas e foi trabalhar com Messi e companhia.

Reinaldo Rueda estava no cargo havia cinco meses. Chegou a duas finais, perdeu os títulos da Copa do Brasil e da Sul-Americana, chegou a dizer que “o Flamengo era sua seleção”, afirmou que comandaria o time na temporada de 2018 e nesta segunda-feira cumpriu o enredo esperado: trocou o Flamengo pela seleção do Chile.

Além dos treinadores que trocaram clubes brasileiros por seleções, há os que não deram certo. Talvez, por falta de paciência, como nos casos de Ricardo Gareca na passagem pelo  Palmeiras; Jorge Fossatti (Internacional) e de Diego Aguirre por Internacional e Atlético-MG.

Não sou contra a importação de técnicos pelos clubes brasileiros. Longe disso. Mas a última imagem  deixada por Bauza, Osorio e Rueda é a que fica. Por isso, arrisco dizer que as contratações de treinadores estrangeiros estão temporariamente suspensas no país que cada vez mais se abria aos hermanos de nações vizinhas.

Marcos Paulo Lima

Posts recentes

  • Esporte

Flamengo 2 x 0 Pyramids: quando 1 centímetro a mais de altura faz diferença

A média de altura dos jogadores escalados pelo Flamengo no início da vitória por 2…

16 horas atrás
  • Esporte

Grêmio, Luís Castro e os métodos de contratação dos times brasileiros

  Na gestão do futebol brasileiro, pouco se cria, quase tudo se copia. Para mim,…

1 dia atrás
  • Esporte

Como Fernando Diniz criou atalho para a virada do Vasco contra o Fluminense

O Vasco perdeu o primeiro tempo do clássico desta quinta-feira para o Fluminense porque deixou…

2 dias atrás
  • Esporte

Ex-técnico do Egito: o que Rogério Micale tem a dizer sobre o Pyramids

Protagonista da primeira medalha de ouro do Brasil no torneio de futebol masculino na história…

3 dias atrás
  • Esporte

Inter de Dorival inspirou o Corinthians de Dorival a vencer o Cruzeiro

Dorival Júnior ganhou dois títulos no Internacional: a Recopa Sul-Americana em 2011 e o Campeonato…

3 dias atrás
  • Esporte

Não existe jet lag para Arrascaeta, o cara da vitória contra o Cruz Azul

O sonolento Flamengo foi despertado por Arrascaeta na difícil estreia na Copa Intercontinental ao derrotar…

4 dias atrás