50977773651_150a0ce128_c (1) Campeão, Brasiliense entrará na terceira fase da Copa do Brasil. Foto: Fernando Torres/CBF Campeão inédito, Brasiliense entrará na terceira fase da Copa do Brasil. Foto: Fernando Torres/CBF

Entenda por que o título do Brasiliense na Copa Verde pode ser um marco no futebol do DF

Publicado em Esporte

O título inédito do Brasiliense nesta quarta, em Belém, ao derrotar o Remo por 5 x 4 na decisão por pênaltis após empate por 3 x 3 no placar agregado, pode ser um divisor na história do futebol candango. Fundado em 2000, o time de Taguatinga já tem, em 20 anos, mais títulos regionais e/ou nacionais relevantes do que o arquirrival Gama — 25 anos mais velho.

O Brasiliense é campeão da Copa Verde (2020), Série B (2004) e Série C (2000). O Gama segue com dois: Série B (1998) e da terceira edição da extinta Copa Centro-Oeste (1981). A julgar pelo momento financeiro tenebroso, o Gama arrisca perder nesta década a fama de recordista de títulos do Candangão. Ostenta 13 contra 9 do Brasiliense.

A torcida do Gama dirá que o Brasiliense campeão da Copa Verde é um clone do Gama bi candango em 2019 e 2020. Afinal, o DNA vitorioso alviverde foi injetado no sangue amarelo com as contratações do excelente técnico Vilson Tadei e de uma legião de ex-jogadores alviverdes, como Jefferson Maranhão, Peu, Gustavo Henrique, Balotelli, Michel Platini e Luquinhas, campeão e vice-artilheiro da competição com quatros bolas na rede. Verdade, mas se o Gama estivesse estruturado economicamente não teria sido sucateado pelo rival.

O Brasiliense não conquistava título desde 2017. Ao sair da fila e pegar atalho para entrar na Copa do Brasil 2021 a partir da terceira fase, ou seja, uma antes das oitavas de final, o clube vitamina um time emergente do Distrito Federal que tem tudo para tornar-se, em breve, seu grande rival. O Jacaré abriu vaga para mais um clube candango no mata-mata nacional desta temporada. O Real Brasília também representará a capital na competição nacional. Terceiro no Candangão passado, o clube entrará na primeira fase com o Gama.

Por sinal, o Real projeta ir além do Brasiliense. Os tentáculos não se limitam ao futebol masculino. Tem time na elite do Brasileirão feminino, investe nas divisões de base e disputou a Copa São Paulo de Futebol Júnior 2020, participa do Nacional de futsal e fez parceria com equipe de futebol americano.

O Brasiliense é bancado pelo ex-senador cassado Luiz Estevão. O Real Brasília tem como mecenas o empresário Luis Felipe Belmonte, suplente do senador Izalci Lucas e marido da deputada federal Paula Belmonte. Dinheiro não é problema para os dois clubes. A falta de grana no Gama, sim. O clube precisa de um investidor, mas é uma Sociedade Esportiva. Isso dificulta demais o caminho para a reestruturação do clube.

Portanto, Brasiliense e Real Brasília chegaram para preencher a lacuna de referência do futebol do DF que, aos poucos, o Gama vai deixando escapar. O Candangão 2021 deve reordenar as forças no futebol local.  Não basta ser competitivo no quintal de casa. É preciso reconquistar o respeito nacional. O Gama disputou a Série A de 1999 a 2002, mas parou no tempo. As presenças de times como Cuiabá, Atlético-GO e Red Bull Bragantino na elite do Campeonato Brasileiro 2021, com visão empresarial, indicam que a gestão alviverde precisa se modernizar. Sob pena de o clube mais popular da cidade — o única com uma legião de apaixonados — virar terceira ou quarta força, atrás inclusive do também emergente Capital, apequenar-se ou pior: ser extinto.

 

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