Hernán Crespo nasceu em 5 de julho de 1975, em Florida Este, Argentina. Tinha 18 anos quando o São Paulo de Telê Santana dominava a América. O tricolor paulista conquistou a Libertadores pela primeira vez em 1992 contra o Newell’s Old Boys, de Marcelo Bielsa; o bi diante da Universidad Católica de Ignacio Prieto, em 1993; e perdeu a final de 1994 para o Vélez Sarsfield, liderado pelo técnico Carlos Bianchi.
Portanto, assistir ao São Paulo era obrigação por uma razão simples: Zetti, Cafu, Raí, Palhinha, Müller e companhia encantavam o continente — e o planeta — derrotando o Barcelona de Johan Cruyff em 1992 (2 x 1) e o Milan de Fabio Capello (3 x 2) em 1993 na Copa Toyota. Era o Mundial de Clubes da época. Tira-teima entre os campeões da América do Sul e da Europa.
O centroavante argentino iniciava fazia transição da base para a carreira profissional no River Plate. Portanto, ele não faz média nem exagera ao dizer na entrevista coletiva que via aquele São Paulo de Telê Santana jogar. Em 1995, o jovem Crespo conquistava a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Mar del Plata-1995 com a seleção da Argentina ao lado de Ayala, Zanetti, Ortega, Gallardo, Sorín e Schelotto.
Paralelamente, a Era Telê terminava em 1996, ano em que o River Plate, com Hernán Crespo titular ao lado de Ortega e Enzo Francescoli, ganhou a Libertadores contra o América de Cáli sob a batuta de Ramón Díaz.
“Eu agradeci a todos os jogadores, pela noite que passamos aqui, inesquecível, ver o Morumbis lotado em noite de Libertadores. Sou aquele menino que olhava a tevê e via o São Paulo de Telê, e ser protagonista, estar no banco, foi uma emoção grande”, disse após o jogo em uma reverência a um time e a um treinador que marcaram época.
Hernán Crespo não devolverá a beleza e o encantamento do início dos anos 1990 ao clube, mas mostra respeito à história ao driblar dificuldades e classificá-lo para as quartas de final da Libertadores com uma dose cavalar de sorte contra o Atlético Nacional.
Sorte de quem tem Rafael como guardião da trave do São Paulo. O goleiro simplesmente entrou na mente não somente do cobrador de pênalti oficial Edwin Cardona, mas de todo o elenco do Atlético Nacional. O triunfo por 4 x 3 depois do empate por 1 x 1 no placar agregado mostra a insegurança dos batedores no momento crucial do jogo no Morumbis. Rafael simplesmente intimidou os adversários. Abalou Matheus Uribe e Hinestroza.
Sorte de quem tem Marcos Antônio. O dono do meio de campo tricolor dá rimo ao São Paulo. Seria um pecado ele virar vilão depois de desperdiçar uma cobrança de pênalti para fora. A pré-convocação para a Seleção é merecida em uma posição carente de maestros.
Sorte de quem desfruta dos atacantes Luciano e André Silva. Eles não são fora de série, porém compensam no quesito comprometimento. Luciano está sempre disponível a ajudar qualquer técnico na função que for preciso. André Silva está longe de ser um Calleri, mas tem presença de área em um setor no qual o técnico Hernán Crespo era extraordinário.
Sorte do amado clube brasileiro, como diz o hino, ter uma torcida decisiva nas chamadas noites de Libertadores. Faltou fé nos pênaltis. Afinal, o time vinha de derrotas sucessivas para Novorizontino, Botafogo e Athletico-PR em três competições diferentes: Paulistão, Libertadores e Copa do Brasil. Não há mal que dure para sempre.
O São Paulo exorcizou fantasmas, evitou a quarta eliminação nos pênaltis, desbancou o Atlético Nacional, aguarda por Botafogo ou Liga Deportiva Universitaria nas quartas de final e intimida com a impressionante série de 16 jogos de invencibilidade na Libertadores com bola rolando guiado por três técnicos diferentes: Thiago Carpini, Luis Zubeldia e agora Hernán Crespo.
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