A estreia do técnico Jorge Sampaoli no Flamengo na vitória por 2 x 0 contra o Ñublense pela segunda rodada da fase de grupos da Libertadores foi importantíssima para “Sampietro”, o Pedro, marcar posição. Vou explicar. O argentino não costuma ser refém de um camisa 9. Ele gosta de variar conforme o adversário. Ataque pesado em alguns jogos, mais leve em outros. Daí o discurso dele na apresentação de que Gabriel Barbosa e Pedro nem sempre serão parceiros.
Para entender a importância dos dois gols do camisa 9 do Flamengo, nós precisamos retornar à Copa do Mundo de 2018. O elenco de Sampaoli na Rússia contava com dois excelentes homens de área: Gonzalo Higuaín, à época na Juventus, e Sergio “Kun” Agüero do Manchester City. Ambos se revezaram na primeira fase contra Islândia, Croácia e Nigéria, porém amargaram o banco de reservas nas oitavas de final contra a França. O pai de Higuaín ficou pistola com a opção do treinador. Disse cobras e lagartos publicamente em entrevista às tevês argentinas. O fato é que a França venceu por 4 x 3 e avançou às quartas de final para enfrentar o Uruguai.
“Você tem duas feras no ataque (Agüero e Higuaín) que somam 600 gols e não joga nenhum. Se você não gosta de um, coloca o outro”, disparou Jorge Higuaín à época. “Começamos a competição com a ideia do falso nove e terminamos com Enzo Pérez de nove. É estranho. Poderia ter colocado um atacante a mais”, insistiu o pai-coruja de Gonzalo.
Sampaoli não odeia centroavantes, mas também não é apegado a eles. Contra a França, o técnico entendeu que Messi deveria assumir o papel de falso 9. No Chile, apostava em ataques com mais mobilidade. Era o caso de Alexis Sánchez e Eduardo Vargas na conquista da Copa América de 2015, por exemplo. Ele tem mania de alternar falsos e verdadeiros noves de acordo com a ocasião. Pedro e Gabigol precisam entender isso pelo bem do Flamengo e deles. Não acredito que Sampaoli usará ambos no fim de semana contra o Internacional pelo Brasileirão. Muito menos diante do Racing. No duelo com o Maringá trata-se de uma obrigação.
Se você ainda tem dúvida sobre as preferências de Sampaoli, vamos lembrar quem foram os artilheiros dele no Brasileirão nas passagens por Santos e Atlético-MG. Eduardo Sasha, que não chega a ser um centroavante, marcou 14 gols pelo Peixe em 2019. No ano seguinte, Keno foi o homem-gol do Atlético-MG na Série A. Nenhum deles é um centroavante genuíno, na essência.
Portanto, Pedro aproveitou a oportunidade para fazer um bom comercial. Avisou que no elenco tem um centroavante. Dos bons. Talvez o melhor do Brasil. Tirar o Rei da América do time não será fácil, sobretudo em uma temporada na qual ele acumula 13 gols e três assistências em 16 exibições na temporada. Sampaoli trabalhou recentemente com o marroquino El-Nesyri no Sevilla e o polonês Milik no Olympique de Marselha. Bons finalizadores, mas Pedro é de outro patamar. Que Sampaoli saiba potencializá-lo.
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