Entenda a lei que reforça a Espanha e desfalca o Brasil na final do futebol na Olimpíada de Tóquio

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Recusas como a do Flamengo à liberação do centroavante Pedro à Seleção Brasileira para a disputa do torneio de futebol masculino nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 são proibidas por lei na Espanha. Isso ajuda a explicar o favoritismo da Fúria à medalha de ouro na decisão deste sábado contra o Brasil, às 8h30, no Estádio Internacional de Yokohama, no Japão.

A Lei do Esporte da Espanha estabelece que os times do país ibérico liberem os jogadores para seleções formadas no país. A norma não se restringe ao futebol. Refere-se a todas as modalidades. Os atletas, inclusive, são obrigados a a se apresentar. Dispositivo específico em norma da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) reforça a determinação.

O descumprimento às convocações é considerada infração grave prevista no artigo 76 da Lei do Esporte. O Código Disciplinar da Real Federação Espanhola de Futebol trata o assunto no artigo 65: “Os jogadores que, de forma injustificada, não se apresentarem ou abandonarem as convocações das seleções nacionais serão sancionados com multas de 3.006 a 30.051 euros (R$ 18.156 a R$ 181.508)”. A lei prevê outras punições, como, por exemplo, privação de licença para jogar, variável de dois a cinco anos.

A lei nacional da Espanha causa discrepância na Olimpíada. Na prática, o Real Madrid foi obrigado pela Lei do Esporte a ceder à Espanha Marco Asensio, autor do gol da vitória contra o Japão na semifinal. Em contrapartida, a regra local não exige do clube merengue a liberação de Vinicius Junior para o Brasil.

Nesse caso, a ordem teria de partir da entidade máxima do futebol. No entanto, a competição não é considerada Data Fifa. A entidade lava as mãos e deixa a liberação com os clubes e alimenta uma interminável queda de braço a cada ciclo olímpico.

Amparada por esse mecanismo de proteção, a Espanha teve o direito de escolher e convocar quem quisesse e tem 20 dos 22 convocados vinculaos a clubes do país. As exceções são Ceballos (Arsenal) e Olmo (Red Bull Leipzig). Como atual no exterior, ambos não se enquadram na Lei do Esporte e tiveram de interceder aos clubes para ir a Tóquio.

Craques com idade olímpica, como o francês Mbappé (Paris Saint-Germain), o brasileiro Vinicius Junior (Real Madrid) e o egípcio Mohamed Salah (Liverpool) não conseguiram autorização para embarcar rumo a Tóquio. A própria Espanha não teve êxito para incluir na lista final os importados Fabián (Napoli), Ferran Torres (Manchester City) e Mayoral (Roma).

Campeã olímpica em Barcelona-1992, a Espanha tem o elenco mais valioso entre os 16 países que disputaram o torneio masculino de futebol. Segundo o ranking do site alemão transfermartkt, o elenco convocado por Luis de la Fuente para ir ao Japão custa 545,9 milhões de euros — aproximadamente R$ 3,3 bilhões na cotação atual da moeda europeia. Brasil, Alemanha, Argentina e França completam o levantamento dos cinco mais ricos.

A Espanha é favorita, também, pois conta com seis convocados que participaram da Eurocopa: Unai Simón (Athletic Bilbao), Eric García (Barcelona), Pau Torres (Villarreal), Pedri (Barcelona), Mikel Oyarzabal (Real Sociedad) e Dani Olmo (Red Bull Leipzig). A seleção foi eliminada na semifinal nos pênaltis pela Itália, mas deu rodagem aos pupilos.

O talentoso Pedri, de 18 anos, é o jogador mais caro do torneio masculino. Avaliado em 80 milhões de euros (R$ 483,2 milhões), tem preço de mercado superior ao de metade dos elencos completos de nove seleções que participaram o torneio: Japão, Coreia do Sul, Egito, Romênia, Arábia Saudita, Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e Honduras.

Dos 10 jogadores mais valiosos inscritos no futebol em Tóquio, seis são da Espanha: Pedri, Oyazabal, Olmo, Pau Torres, Soler e Merino e Asensio. Os brasileiros Richarlison, Diego Carlos e Douglas Luiz e o marfinense Kessié completam o ranking dos mais caros.

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Marcos Paulo Lima

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