O pedido de dispensa do volante Luiz Gustavo da Seleção Brasileira é emblemático. A um mês do aniversário de dois anos da pior derrota canarinha em 102 anos de história, no 7 x 1 diante da Alemanha na semifinal da Copa de 2014, a escalação para a estreia de sábado na Copa América Centenário, contra o Equador, no Rose Bowl, em Pasadena, não deve ter nenhum jogador que começou como titular naquele fatídico 8 de julho, no Mineirão.
Sem Luiz Gustavo, a Seleção passa a ter três jogadores que disputaram a última Copa do Mundo entre os 23 convocados: o lateral-direito Daniel Alves, o meia Willian e o atacante Hulk. Dos três, Hulk foi o único que começou como titular de Luiz Felipe Scolari diante da Alemanha. Willian entrou durante a partida e Daniel Alves viu o desastre sentadinho no banco. Foi barrado por Maicon. No 7 x 1, Felipão iniciou o jogo com: Julio César; Maicon, David Luiz Dante e Marcelo; Luiz Gustavo e Fernandinho; Bernard, Oscar e Hulk; Fred.
Quando voltou à Seleção Brasileira, Dunga chegou com o discurso de que não deveria fazer terra arrasada, ou seja, preservaria a base deixada por Luiz Felipe Scolari. Na estreia diante da Colômbia, justamente nos Estados Unidos, Dunga escalou quatro titulares do 7 x 1: o lateral-direito Maicon, o zagueiro David Luiz, o volante Luiz Gustavo e o meia Oscar. Sem contar Willian e Ramires, que entraram em campo durante a tragédia do Mineirão. Neymar garantiu a vitória diante da Colômbia.
Na Copa América do ano passado, sete jogadores que disputaram a Copa de 2014 estavam no elenco que foi ao Chile: Jefferson, Daniel Alves, David Luiz, Thiago Silva, Fernandinho, Willian e Neymar. O time titular na estreia contra o Peru foi: Jefferson; Daniel Alves, Miranda, David Luiz e Filipe Luís; Fernandinho, Elias, Fred, Willian e Neymar; Diego Tardelli.
Ao que tudo indica, o time que enfrentará o Equador neste sábado não terá nenhum integrante daquela equipe. Dunga pretende mandar a campo: Alisson; Daniel Alves, Gil, Miranda (Marquinhos) e Filipe Luís; Casemiro; Willian, Elias, Renato Augusto e Philippe Coutinho; Jonas. Uma ruptura histórica.
Depois do 7 x 1, o Brasil jogou 24 partidas — uma sob o comando de Felipão e 23 com Dunga. Em todas, começou o jogo tendo ao menos um titular da humilhação diante da Alemanha no time. Dunga não queria isso. Sempre falou em não fazer terra arrasada, aproveitar a base da Copa anterior. Mas, sem querer (ou querendo?), o time ficou assim. Dos titulares do 7 x 1, apenas Julio César, Dante, Fred e Bernard não tiveram chance com Dunga. Maicon, Marcelo, Luiz Gustavo, Fernandinho, Oscar ficaram pelo caminho. Hulk continua. Mas no banco.