Eliminação do Flamengo é o resultado da soma dos 116 dias de Sampaoli

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Sim, a eliminação do Flamengo da Libertadores começa ao dar 42 dias de férias ao elenco antes da posse de Vítor Pereira. A temporada do clube começava a ser jogada no lixo ali. A bola puniu com fracassos na Supercopa do Brasil, Mundial de Clubes, Recopa Sul-Americana, Taça Guabanara e Campeonato Carioca. Jorge Sampaoli herdou terra arrasada, mas não agiu como pacificador nos 116 dias de gestão do vestiário rubro-negro.

A comissão técnica se desentendeu com Marinho. Abriu as portas para a saída de Vidal e o chileno saiu atirando. Acusou Sampaoli de não saber tratar os jogadores. Um trailer. Na sequência, houve o Caso Pedro. O Rei da América de 2022 errou no episódio do aquecimento, porém nada justifica o fato de o preparador físico Pablo Fernándes ter dado soco na cara do centroavante. Sampaoli ficou no muro no texto publicado nas redes sociais. Falou em reaproximar agressor e agredido como se estivesse referindo ao filhos e não a dois homens profissionais. Perdeu o controle de um vestiário desgastado pelo tempo de convivência.

O Flamengo virou barril de pólvora. Sem ambiente para convivência harmônica entre Pedro e Sampaoli. Enquanto Bruno Henrique abraçava o técnico depois do gol no jogo de ida  em sinal de gratidão pela crença na recuperação dele, o restante do elenco o apunhalava pelas costas com exibições como aquela contra o Cuiabá no último domingo, na derrota por 3 x 0, na Arena Pantanal, pelo Campeonato Brasileiro.

A soberba e o desrespeito de parte da torcida rubro-negra ao tricampeão Olimpia desde o sorteio das oitavas de final foram severamente castigados. Exatamente como aconteceu em 2020, quando o Racing era considerado adversário acessível e eliminou o Flamengo nos pênaltis dentro do Maracanã nas oitavas de final. Assim como nesta temporada, havia possibilidade de conquistar a Glória Eterna dentro do Maracanã. O Palmeiras ganhou contra o Santos.

Maníaco por reforços, Jorge Sampaoli pediu contratações incapazes de mudar a história de um jogo. Luiz Araújo veio da MLS! Se o Atlético-MG liberou o volante Allan com tanta facilidade, algo de errado havia com a performance de um jogador recém-recuperado de lesão com o perfil do estilo de jogo de Luiz Felipe Scolari.

Relapso no Defensores del Chaco, o Flamengo mostrou-se incapaz de administrar vantagem de 2 x 0 graças ao gols de Bruno Henrique no Rio e em Assunção. À beira do campo, Sampaoli acumulava pitis até receber cartão vermelho. Ele até andava controlado. Não era expulso desde 4 de janeiro deste ano na goleada do Sevilla por 5 x 0 contra o Linares nas oitavas de final da Copa do Rei da Espanha.

O Flamengo foi sofrendo gols em série de cabeça como se desconhecesse uma das especialidades do técnico José Arce desde os tempos de excelente lateral-direito. Bola alçada na área na cabeça de jogadores bem posicionados. Entende disso como poucos. Ele fazia isso com maestria nos tempos de Grêmio, Palmeiras e seleção do Paraguai. O mestre viu os discípulos colocarem as lições em prática. Ortiz, Iván Torres e Bruera classificaram o Olimpia para enfrentar o Fluminense. Já não havia clima para Jorge Sampaoli ficar depois da agressão a Pedro. Agora, parece ainda mais insustentável.

Jamais se despreza a mística de um tricampeão da Libertadores. Mesmo limitado, o Olimpia elimina um campeão vigente pela quarta vez: Boca Juniors (1979), Atlético Nacional (1990), Boca Juniors (2002) e Flamengo (2023). Só o time paraguaio conseguiu isso na história do torneio.

Uma última lembrança para quem está surpreso com o insucesso do Flamengo. Esse time não venceu fora de casa nesta Libertadores. Antes de duelar com o Olimpia, Perdeu para o Aucas e empatou com Ñublense e Racing longe do Rio na fase de grupos. Qual era a garantia de que sairia classificado do Defensores de Chaco?

Por fim, Gabriel Barbosa deu uma declaração no mínimo irresponsável no gramado depois da partida. Ao insinuar que o sucesso do Olimpia se deve ao fato de que a sede da Conmebol fica no Paraguai, perto do estádio do Olimpia, é infeliz. Imagina se os times acusam os cariocas de dominar o Brasileirão porque a CBF fica no Rio de Janeiro. Ele pagará caro por isso. Aguardemos..

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Marcos Paulo Lima

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