Um elefante incomoda muita gente. Doze elefantes construídos por R$ 8,2 bilhões incomodam muito mais. O terceiro mês da temporada se foi e o Correio elaborou o Elefantômetro — um ranking dos estádios da Copa de 2014 que mais abriram as portas em 2017 para o devido fim, ou seja, partidas de futebol. O levantamento catalogou jogos realizados nos Estaduais, Copa Verde, Copa do Nordeste, Primeira Liga, Copa do Brasil e Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, de janeiro até a rodada deste meio de semana.
O Castelão, em Fortaleza, é o que mais recebeu jogos neste ano: 27. Completam a lista dos cinco primeiros as arenas das Dunas (Natal) e Pantanal (Cuiabá), o Mané Garrincha e a Arena da Baixada (Curitiba). Palco de duas finais de Copa do Mundo, em 1950 e em 2014; de uma Copa das Confederações, em 2013; e até de um Mundial de Clubes da Fifa, em 2000; o abandonado Maracanã vai faturando parcialmente o prêmio de elefante branco (clique no ranking abaixo).
O Maracanã abriu apenas uma vez neste ano. E na marra. O Flamengo investiu R$ 2,5 milhões para deixar o ex-maior do mundo minimamente capaz de receber a estreia do time na Libertadores contra o San Lorenzo. Abandonado pelo Consórcio Maracanã SA (Odebrecht e AEG), o estádio passará a ser administrado pela francesa Legardère e sua parceira brasielira, BWA. Os próximos jogos previstos para o Mário Filho são do Fluminense, pela Copa do Brasil, e do Flamengo, contra o Atlético-PR, pela terceira rodada do Grupo 4 da Libertadores.
Um dos líderes do movimento que tenta convencer os clubes da Série A e a Confederação Brasileira de Futebol a derrubar o veto à venda do mando de campo no Campeonato Brasileiro deste ano, o secretário de Esportes da Amazônia, responsável pela gestão da Arena da Amazônia, ironiza em entrevista ao Correio. “Diziam antes da Copa que a Arena da Amazônia, a Arena das Dunas, a Arena Pantanal e o Mané Garrincha seriam elefantes brancos, mas o verdadeiro elefante branco hoje é o Maracanã”.
O estádio de Manaus é o vice-lanterna no Elefantômetro com apenas dois jogos em 2017, ambos do Fast: um na Copa do Brasil e outro na Copa Verde. Vale ponderar que o Campeonato Amazonense começou no último dia 14 de março.
Chama a atenção também a quantidade de partidas na Arena Fonte Nova em 2017, apenas três. Mas há explicação: o estádio ficou fechado para reformas em janeiro e fevereiro. Uma das obras, inclusive, foi no gramado.
Primeiro lugar
Líder do ranking, o Castelão é beneficiado pelo início antecipado do Campeonato Cearense. O Estadual começou em 14 de janeiro. Com isso, o estádio tem média de nove partidas por mês. Metade dos clubes tem mandado jogos lá: Ceará, Fortaleza, Ferroviário, Tiradentes e Uniclinic. Algumas rodadas chegaram a ter de duas a três partidas no Castelão. A arena também foi palco de duelos da Primeira Liga e da Copa do Nordeste.
Propriedades particulares, a Arena da Baixada (Atlético-PR), o Beira-Rio (Internacional) e a Arena Corinthians ainda não receberam 10 partidas no ano. No caso do Itaquerão, houve jogo da Seleção nas Eliminatórias para a Copa.
Vetados pelo Brasileirão estão no topo
Atingidos pela decisão dos clubes de impedir a realização de jogos fora dos seus respectivos estados no Campeonato Brasileiro, as arenas das Dunas e Pantanal e o Mané Garrincha ocupam o G-4 do Elefantômetro. Em parceria também com a Arena da Amazônia, os gestores dos quatro estádios tentam convencer os clubes e a CBF a derrubar o veto à venda do mando de campo.
Mentor da ideia aprovada por 14 votos a 6 no Conselho Técnico de fevereiro da Série A (Flamengo, Fluminense, Corinthians, Ponte Preta, Atlético-PR e Atlético-GO foram contra), o presidente do Atlético-MG, Daniel Nepomuceno, receberá representantes do grupo na próxima semana. A luta ganhou, inclusive, o apoio da OAB-DF, que enviou ofício ao presidente da CBF, Marco Polo Del Nero cobrando revisão da decisão.
“Esse levantamento mostra que a decisão dos clubes e da CBF é equivocada e pode ser flexibilizada. As nossas sugestões são duas: impedir inversão de mando nas últimas 10 partidas e a indicação dos jogos que os times pretendem disputar fora dos seus estados antes do início da competição”, defende o secretário de Turismo do DF, Jaime Recena.
O secretário de Esportes da Amazônia ameaça. “Estamos tentando uma solução amigável, mas se não for possível, vamos entrar com ação na Justiça”, diz Fabrício Lima.
E depois dos Estaduais?
A presença do Mané Garrincha e das arenas das Dunas e Pantanal no topo do ranking é bombada pelos Estaduais. Dos 13 disputados no Mané, apenas dois foram de clubes de fora: Flamengo x Grêmio e Flamengo x Vasco.
No segundo semestre, principalmente as arenas candanga e da Amazônia voltarão a ficar sem jogos. Representantes do DF na Série D, Luziânia e Ceilândia mandam jogos no Serra do Lago e no Abadião, respectivamente.