Ele joga profissionalmente há apenas três anos. Começou em 2017 e balançou a rede do Bahia nos dois jogos da final da Copa do Nordeste. Herói do título conquistado na noite desta terça-feira pelo Ceará, o centroavante Cléber Bomfim de Jesus, de 23 anos e 1,95m, fez mais do que brindar o clube com o troféu invicto, em Pituaçu. Criado na favela, o ex-marinheiro escreveu mais um belo capítulo na curta biografia como jogador de futebol. A carreira profissional começou em 2017 no Icasa depois de prestar o serviço militar na Marinha do Brasil. Três anos depois, está na história do Vozão com o triunfo por 4 x 1 no placar agregado.
Disputado por Fortaleza, Ferroviário e Ceará durante a pausa forçada pela pandemia, Cléber era o artilheiro do Campeonato Cearense com sete gols vestindo a camisa do lanterna Barbalha. Até pouco tempo, o centroavante jogava na segunda divisão do estadual. Em entrevista ao Diário do Nordeste, ele admitiu que escolheu a melhor oferta financeira. Fechou com Ceará e virou talismã do técnico Guto Ferreira na decisão. Comandou a virada por 3 x 1 no sábado e decidiu o triunfo contra o Bahia hoje à noite. Mas houve quem achasse que ele viraria xodó de Rogério Ceni no Fortaleza depois de aparecer em um foto recebendo elogios do comandante tricolor.
“É a grande chance da minha vida, para eu poder ajudar minha família. Vim da favela, sou humilde e estou lutando para poder ajudar meu irmão, minha mãe, meu pai e todos da minha família da melhor forma. Vou encarando como se fosse a oportunidade da minha vida”, disse, em 5 de abril, ao colega André Almeida do Diário do Nordeste. A imprensa cearense conta que, para ter o jogador, o Vozão quintuplicou o salário do matador no primeiro ano, programou aumentos anuais, facilitou compra de carro e aluguel de casa, fora as luvas investidas no valor de R$ 300 mil.
E pensar que há um tempinho atrás o herói do Ceará estava nas Forças Armadas. “Tive que servir a Marinha do Brasil por um ano, assim que fiz 18 anos. Hoje, vejo que foi algo que me ajudou muito na questão de disciplina, hierarquia. Eu fazia esportes, até joguei pela seleção da Marinha”, contou na mesma entrevista ao Diário do Nordeste.
“Ser campeão com a camisa do Ceará, eu que sou daqui de Salvador, ainda em cima do Bahia (passou pelo Vitória)! Minha família toda me apoiou, eu tô muito feliz, é muita emoção. Foi muita dedicação da equipe, que vem trabalhando muito forte, desde a volta, e desde o início da competição. Vem fazendo belos jogo, desde a época de Enderson (Moreira), e a gente vem fazendo o que o professor (Guto Ferreira) vem pedindo e vem dando certo. O professor vem me dando essa oportunidade e eu tô aproveitando, fazendo gol”
Cléber, autor do gol do título do Ceará em entrevista ao FOX Sports após a final
Cléber é herói de si, do bi invicto do Ceará e do vitorioso técnico Guto Ferreira. O “Gordiola”, como os torcedores chamam carinhosamente o senhor piracicabano de 54 anos, ostenta média de quase um título por ano a contar de 2012.
Ganhou o Campeonato Paulista do Interior pelo Mogi Mirim em 2012 e com a Ponte Preta em 2013 e em 2015; o Catarinense em 2016 pela Chapecoense; a Copa do Nordeste em 2017 com o Bahia, o Baiano em 2018 novamente com o tricolor; e o Pernambucano em 2019 à frente do Sport e agora a Copa do Nordeste pelo Ceará. Nos últimos sete anos, só fechou a temporada sem troféu nas edições de 2014 e de 2015.
O centroavante também ajudou Guto Ferreira a igualar a marca de Arturzinho. Atém então, o treinador campeão da Copa do Nordeste por Vitória (1997) e América-RN (1998) era o único técnico a conquistar o título duas vezes. Finalista pela terceira vez, o Ceará conquista o segundo título da Lampions League em cinco anos. Havia levado a taça com sob o comando de Silas, em 2015, exatamente contra o “freguês” Bahia.
Além de suceder o arquirrival Fortaleza na sala de troféus, o Ceará conseguiu economizar tempo e jogos para a próxima temporada. O título da Copa do Nordeste dá vaga direta às oitavas de final da Copa do Brasil de 2021 e moral para a disputa do Brasileirão.
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