Um Brasil que condenou Moacir Barbosa Nascimento, o Barbosa, a vilão do vice no Maracanazo da Copa de 1950, e aprendeu de forma cruel a perdoá-lo depois do maior vexame da história da Seleção no 7 x 1 de 8 de julho de 2014, pode testemunhar neste sábado bela história escrita por um goleiro negro.
Aos 29 anos, Édouard Osoque Mendy, titular do Chelsea, tem tudo para quebrar um tabu de 13 temporadas. A final da Liga dos Campeões da Europa não testemunha a escalação de um arqueiro titular afrodescendente desde o baiano Nelson de Jesus Silva, o Dida — camisa 1 do Milan na conquista de 2007 contra o Liverpool, em Atenas, na Grécia.
Édouard Mendy é primo do lateral-esquerdo do Real Madrid Ferland Mendy. Filho de mãe nascida em Senegal e pai em Guiné-Bissau, país de língua portuguesa, Mendy é francês de Montivilliers. Iniciou a carreira no Le Havre e teve passagens por Cherbourg, Olympique de Marselha B, Reims e Rennes.
As diferentes origens dos pais deixaram Mendy dividido. Ele chegou a vestir a camisa de Guiné-Bissau em amistosos contra o Belenenses e o Estoril. Chegou a ser chamado para representar o país na Copa Africana de 2017, mas rejeitou o convite pra defender a seleção de Senegal, país da mãe. Assumiu rapidamente as traves na edição de 2019 do torneio continental e levou o país ao vice contra a Argélia no torneio disputado no Egito.
DE DIDA A MENDY: GOLEIROS NEGROS FINALISTAS
2007: Dida e Pepe Reina
2008 – Van der Sar e Cech
2009 – Van der Sar e Valdés
2010 – Julio César e Butt
2011 – Van der Sar e Valdés
2012 – Cech e Neuer
2013 – Neuer e Weindenfeller
2014 – Courtois e Casillas
2015 – Ter Stegen e Buffon
2016 – Oblak e Navas
2017 – Navas e Buffon
2018 – Karius e Navas
2019 – Alisson e Lloris
2020 – Neuer e Navas
2021 – Édouard Mendy e Ederson
Campeão da Ligue 2, a segunda divisão da França, pelo Reims, e destaque do Rennes em duas temporadas na Ligue 1, desembarcou no Chelsea nesta temporada a pedido do ex-técnico do time, Frank Lampard. O ex-jogador do Chelsea queria Édouard Mendy por causa do combo força física e qualidade para sair com a bola nos pés. Os lançamentos longos, inclusive, lembram uma das características do brasileiro Ederson, adversário de Mendy na decisão da Champions League.
O Chelsea contratou Édouard Mendy em setembro do ano passado. Desembolsou 24 milhões de euros pelo goleiro e tomou conta da posição contra concorrentes como o espanhol Kepa e o argentino Caballero. O técnico Frank Lampard foi demitido, Thomas Tuchel assumiu, mas ele segue intocável.
Segundo dados do SofaScore Brazil, Mendy defendeu 91% das bolas que foram contra a meta dele em 11 paridas disputaras nesta edição da Champions League (31/33). Fez oito defesas difíceis e acumula oito partidas sem sofrer gol. Portanto, o goleiro do Chelsea é uma das grandes histórias dessa decisão.
Goleiro de origem africanana final da Liga dos Campeões é raridade. Branco, o sul-africano Bruce Grobbelaar, que defendeu o Zaire, levou o Liverpool ao título nos pênaltis contra a Roma, em 1984. A escola de goleiro de Camarões é uma das mais fortes da África. Emplacou na Europa nomes como Joseph Bell, N’Kono, Songo’o e Kameni. Édouard Mendy tem a oportunidade de quebrar o tabu de Dida e ser o primeiro negro campeão da Champions League como titular desde 2006/2007.
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