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Dos novos diamantes negros a Pelé e Leônidas da Silva

Publicado em Esporte

O futebol não elege um melhor jogador do mundo negro desde 2005. O último foi o brasileiro Ronaldinho Gaúcho. Faz 16 anos. De lá para cá, o brasiliense Kaká, o português Cristiano Ronaldo, o argentino Messi, o croata Modric e o polonês Lewandowski ocuparam o trono nos dois prêmios individuais mais tradicionais — Fifa The Best e Bola de Ouro da France Football.

O esporte mais popular do mundo vive uma espécie de troca de guarda. Enquanto alguns astros como Messi e CR7 caminham, para minha tristeza, rumo à aposentadoria, uma nova safra sai de trás da cortina e surge no campo com nomes como o menino prodígio norueguês Haaland, do Borussia Dortmund da Alemanha. Mas meu papo, hoje, é sobre diamantes negros.

Um deles deixou de ser ficção. Mbappé é realidade. Está aberta contagem regressiva para o francês de 22 anos tornar-se o primeiro melhor do mundo negro desde Ronaldinho Gaúcho. A exibição de gala em parceria com Messi na Liga dos Campeões lembrou a melhor versão de Ronaldo. O Fenômeno baixou em Mbappé nas arrancadas e nos gols contra o Red Bull Leipzig. Só falta trocar a camisa 7 pela 9 e aprender a cobrar pênalti. Perdeu na Euro e na Champions.

Outros dois diamantes negros serão protagonistas do clássico de amanhã entre Barcelona e Real Madrid, no Camp Nou, pelo Campeonato Espanhol. Vinicius Junior precisa aprender com Carlo Ancelotti. O técnico do Real Madrid mudou o patamar de Kaká. O brasileiro chegou ao Milan em 2003. Quatro anos depois, era eleito o melhor do mundo. Lapidado, foi artilheiro da Champions League com 10 gols. Levou o time italiano ao último dos sete títulos europeus.

Ancelotti está interessado na evolução de Vinicius Junior. O atacante de 21 anos acumula sete gols, três assistências e uma obra-prima assinada contra o Shakhtar Donetsk. Combinou velocidade, arrancada, dribles e precisão na finalização. Feliz de vê-lo aprimorar este fundamento. Há potencial no craque para deixar de ser protótipo de melhor do mundo.

Outro diamante negro habita em Barcelona. Nascido na Guiné-Bissau, país africano de língua portuguesa, e naturalizado espanhol, Ansu Fati herdou, aos 18 anos, a camisa 10 de Messi no clube catalão. A joia renovou contrato até 2027 com multa de R$ 6,4 bilhões. Resultado da exibição de gala, no domingo passado, na vitória por 3 x 1 contra o Valencia, no Camp Nou.

Falei da realidade Mbappé e dos protótipos Vinicius Junior e Ansu Fati, mas posso citar outros craques pretos. Curto demais o centroavante belga Lukaku. Sou fã dos volantes franceses Kanté e Pogba. Do atacante senegalês Sadio Mané. Vidas negras importam. Que uma delas conquiste, em breve, o prêmio de melhor do mundo.

PS: Parabéns ao maior de todos os diamantes, Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, que hoje completa 81 anos. Por falar em diamante negro, o tema da coluna é uma homenagem a quem originalmente tem esse apelido: Leônidas da Silva.

 

Coluna publicada neste sábado no Correio Braziliense

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