Dorival Júnior começa a experimentar com Endrick na Seleção o que José Pekerman sentiu na pele durante toda a Copa do Mundo de 2006. Assim como o técnico do Brasil, o profissional argentino tinha no elenco um menino sub-20 pedindo passagem para assumir vaga de titular, porém o treinador administrava a pressão e manteve a joia no banco até mesmo na partida que lhe custou a eliminação nas quartas de final contra a anfitriã Alemanha.
Lionel Messi tinha 18 anos na Copa de 2006. Na temporada anterior, havia levado a Argentina ao título do Mundial Sub-20 na Holanda com seis gols em sete jogos e conquistado o prêmio de melhor jogador da competição. Um mês antes, Messi participara da conquista do Barcelona na temporada de 2005/2006 da Champions League com um gol em seis partidas sob o comando de Frank Rijkaard no time de Ronaldinho Gaúcho e Eto’o.
A Pulga desembarcou na Alemanha para a Copa de 2006 com um gol em sete jogos com a camisa da Argentina marcado em um amistoso contra a Croácia. Enfrentou também Hungria, Paraguai, Peru, Uruguai, Catar e Angola. Pekerman o deixou no banco de reservas na estreia contra a Costa do Marfim. Messi sai do banco na goleada por 6 x 0 contra Sérvia e Montenegro na segunda rodada da fase de grupos. Volta a ter oportunidade contra a Holanda na terceira rodada, o México nas oitavas, mas é preterido nas quartas de final diante da Alemanha. Testemunha a eliminação nos pênaltis à beira do campo. Pekerman foi duramente criticado pela imprensa argentina por prescindir do talento de Messi.
Endrick chega à Copa América com cinco jogos pela Seleção. Saiu do banco de reservas contra Colômbia, Argentina, Inglaterra, Espanha e México. Fez gols decisivos nas últimas três exibições. O clamor para que ele forme o trio de ataque com Vinicius Junior e Rodrygo só não supera o da imprensa de Madri, ansiosa por vê-los juntos no Real Madrid.
O camisa 9 iniciará o amistoso contra o México na reserva de Vinicius Júnior, Rodrygo e Raphinha. Dorival Júnior mantém o processo de adaptação do jogador protagonista do título do Palmeiras no último Campeonato Brasileiro ao mundo da Seleção. “Vamos ter muito cuidado com esse garoto. Está acontecendo muita coisa em sua vida em tão pouco tempo. Ele mantém a essência. Vi o início no Palmeiras e é uma coisa importante, que chama a atenção e engrandece o que ele está realizando em tão pouco tempo de carreira”, afirmou depois de ele decidir a vitória contra o México na noite do último sábado.
Dorival Júnior sabe o que está fazendo. Lidou com os jovens Neymar e Ganso no Santos. Comandou Philippe Coutinho no Vasco. Viu Gabriel Barbosa surgir no Santos. “O Endrick é um jogador que depende única e exclusivamente dele ocupar um espaço. Tudo é questão de tempo, amadurecimento naturalmente e oportunidade. Acredito que ele vá ter por tudo que vem demonstrando, tanto no Palmeiras, quanto na Seleção”, ponderou o técnico. Dorival já deu passos à frente. Há 30 anos, Carlos Alberto Parreira levou Ronaldo para a Copa de 1994 e o Fenômeno não jogou um minuto sequer.
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