Técnicos portugueses têm um fetiche por dobras de laterais. O do Botafogo também.
Em 2019, Jorge Jesus perdeu para o Emelec, em Guayaquil, usando Rodinei na defesa e Rafinha espetado no ataque alternando os papéis de meia e ponta no apoio ao ataque.
Abel Ferreira adora recorrer a Mayke e Marcos Rocha na direita no Palmeiras ou a Piquerez e Vanderlan na esquerda. Não é invenção nem desespero. Há ensaio, entrosamento.
Renato Paiva também é adepto desse recurso e usou na vitória do Botafogo contra o Carabobo, por 2 x 1, pela quarta rodada da fase de grupos da Libertadores. Os laterais esquerdos Alex Telles e Cuiabano formaram a parceria.
Não se trata de reinventar a roda. É tão somente uma forma de fortalecer os corredores tanto defensivamente como ofensivamente. Na direita, o Glorioso usou o lateral de ofício Vitinho e o ponta Jeffinho para pressionar o Carabobo e resguardar o sistema defensivo.
Renato Paiva ainda tateia o elenco. Busca soluções para as saídas do maestro Almada e do ponta Luiz Henrique. Não está sendo fácil. Pior ainda sem o lesionado Savarino. Do meio para a frente, restaram o par de volantes Gregore e Marlon Freitas, além do centroavante Igor Jesus. O atual campeão da Libertadores perdeu muita fluência de jogadas pelo meio.
Uma das alternativas na vitória contra o Carabobo foi atacar o adversário pelas pontas e os laterais fizeram a diferença. No lance do primeiro gol, Alex Telles está bem aberto na esquerda e Cuiabano recebe a bola com liberdade no meio de campo. Ele domina a bola e chuta forte de fora da área. O goleiro Bruera falha e Vitinho aproveita o rebote. Um lateral na função de meia e o outro aparecendo dentro da área praticamente como centroavante.
No segundo gol, Allan dá passe milimétrico para Cuiabano, que entrava em velocidade na área do Carabobo e arrematou com frieza de atacante para selar o triunfo por 2 x 1. Antes, o Botafogo havia sofrido gol inaceitável de cabeça em uma cobrança de escanteio. Laponte recebe assistência de uma bola escorada na segunda trave. Ambos sem marcação.
O Botafogo sofreu contra o Carabobo. Buscou alternativas nos laterais e as encontrou, porém o trabalho de reconstrução do Botafogo é árduo e o técnico Renato Paiva jamais escondeu isso da torcida. “Essa equipe (campeã da Libertadores de 2024) já não existe, mudaram muitos jogadores. Então isso é passado, estão sempre fazendo comparações quando os jogadores já não estão, nem sequer o treinador. As coisas mudam, e nas mudanças sempre há momentos de adequação. E estamos nesse momento. Juntar os jogadores novos que chegaram e tentar fazer que o time jogue dentro das características deles. Inclusive, saíram não só titulares, mas também suplentes”.
Dá para esperar, torcedor alvinegro?
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