Tá bom, tá bom, tá bom, já ouvi… O Barcelona está jogando muita bola, mas aconselho você a olhar com carinho uma reinvenção tática em curso na Alemanha. Para ser direto, em Munique. Depois de lançar o sistema 4-6-0 na goleada por 4 x 0 sobre o Santos na final do Mundial de Clubes de 2011, o maluco beleza Pep Guardiola resolveu mexer no passado de uma lenda chamada Herbert Chapman — mentor do primeiro sistema de jogo que revolucionou o futebol, batizado de WM.
À frente do Arsenal de 1925 a 1934, Herbert Chapman rompeu com a modinha dos anos 1930 na conservadora Inglaterra — o 2-3-5 — e decidiu se fingir de doido. Graças a uma mudança na lei do impedimento da época, nos anos 1930 — reduzindo a dois, e não mais a três, o número de adversários necessários para legalizar a condição de qualquer jogador —, Chapman experimentou três mudanças de posicionamento em sua prancheta. O chamado centromédio foi recuado para atuar entre os dois zagueiros. Assim, ele criou uma segunda linha de meio de campo, a partir do recuo dos dois atacante internos. Na prática, o desenho poderia ser interpretado como 3-4-3 ou 3-2-2-3. Mas ficou conhecido como W no ataque e M na defesa pelo fato de a configuração formar as duas letras.
A FA mudou a lei de impedimento porque os jogos do Campeonato Inglês estava chato, com poucos gols, apesar do batido 2-3-5. Na contramão, o Arsenal, de Chapman, era programado para contra-atacar. Abria mão de um maestro, recuado para a zaga. Na frente, abria seus pontas velocistas (wingers). Sem a bola, os Gunners
recuavam, compactando-se com três zagueiros e dois volantes. Com a bola nos pés, a equipe recorria à ligação direta, em lançamentos longos, apostando na correria dos pontas. Houve uma proliferação de wingers na Inglaterra. O mais famoso deles, Stanley Mathews, o cara que criava e finalizava as próprias jogadas. Assim, o Arsenal conquistou o Inglês nas temporadas de 1930/1931 e 1932/1933. Além disso, embolsou a Copa da Inglaterra em 1921/1922.
E o que Pep Guardiola tem a ver com isso? Se você assistir com atenção a dois dos últimos três jogos do Bayern de Munique, notará que o clube alemão adaptou o WM de Hebert Chapman. Inspirado no esquema retrô, Guardiola volta e meia ensaia o time bávaro na configuração WW. Na semana passada, sobrou para o Olympiacos na Liga dos Campeões Europa. Quando o técnico da equipe grega, Marco Silva, entendeu a reinvenção de Guardiola, o Bayern já goleava por 4 x 0… O maluco beleza posicionou Robben e Coman bem abertos como pontas (wingers). Douglas Costa e Thomas Müller atuaram centralizados e Lewandowski na função de autêntico camisa 9. O chileno Vidal era o único volante! No pensamento de Pep Guardiola, juntar jogadores com maior qualidade técnica ajuda a desequilibrar a partida diante de defesas retrancadas.
O Bayern vai virar o ano praticamente campeão alemão e está nas oitavas da Liga dos Campeões, ou seja, pode se dar ao luxo de (re)inventar moda. Se o sistema pegar, pode ser a sensação da próxima Eurocopa, das edições futuras da Champions League e até mesmo da Copa de 2018. Foi assim na época do falso 9 Lionel Messi.
Uma frase do maior jogador de basquete de todos os tempos — Michael Jordan — em sua biografia explica por que Pep Guardiola é um ponto fora da curva entre os conservadores técnico de futebol do século 21. “Eu posso aceitar a falha, todos falham em alguma coisa. Mas eu não posso aceitar não tentar.”
A INVENÇÃO E A REINVENÇÃO
ARSENAL
1930/1931
Ctrl+C
O WM foi aplicado em 1925 pela primeira vez. Surgiu para se adaptar às novas regras de impedimento que favoreciam o ataque. Hebert Chapman equilibrou a defesa transformando um dos volantes em defensor. Obteve melhor cobertura do campo de jogo. Surgia um 3-4-3 inédito. O sistema dominou o futebol até meados de 1950.
Moss
Roberts, Male e Hapgood
Hill e John
Hulme, David Jack, Jack Lambert, James e Bastin
Técnico: Herbert Chapman
BAYERN DE MUNIQUE
2015/2016
Ctrl+Y
Pep Guardiola copiou (Ctrl+C) e refez (Ctrl+Y) o WM de Hebert Chapman ao desenhar o Bayern de Munique, ao menos duas vezes nesta temporada, no WW. A última delas na última rodada da Liga dos Campeões. Ao aproximar jogadores técnicos do meio para a frente, rompeu com a retranca do Olympiacos e goleou: 4 x 0.
Neuer
Lahm, Boateng, Badstuber e Rafinha
Vidal
Robben, Thomas Muller, Lewandoski, Douglas Costa e Coman
Técnico: Pep Guardiola
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