Abel Ferreira está tão convicto na Libertadores que se deu ao luxo de voltar a usar linha de quatro defensores na vitória do Palmeiras por 2 x 0 contra o Bolivar no Allianz Parque. Ele usou o 3-4-3 ou o 3-4-2-1 nas quatro partidas anteriores.
Sistemas de jogo à parte, o Palmeiras garantiu o primeiro lugar geral da fase de grupos pela sexta vez em nove edições e decidirá todas as partidas no gramado sintético do Palestra no mata-mata. De 2017 para cá, somente Atlético-MG (2017 e 2021) e River Plate (2024) superaram o time paulista e encerraram a etapa classificatória com a melhor campanha.
Não que isso faça a diferença. O Botafogo despachou o Palmeiras do torneio continental em São Paulo no ano passado. Em 2022, o Athletico-PR despachou o adversário nas semifinais na casa verde. Ponderações à parte, o Palmeiras é disparado o time que mais sabe lidar com a complexidade da fase de grupos seja devido à tabela encavalada com o calendário caótico do futebol brasileiro ou no que diz respeito à logística da competição.
Dispara na frente e se dá ao luxo de usar as últimas duas rodadas da Libertadores para fazer testes. Contra o Bolívar, a defesa voltou a ter linha de quatro com Marcos Rocha, Bruno Fuchs, Murilo e Piquerez. O normal na Libertadores tem sido três zagueiros, ou seja, Bruno Fuchs, Gustavo Gómez e Murilo. A campanha irretocável abre essas possibilidades.
Flamengo e Internacional não puderam fazer isso nesta quinta-feira. Ambos entraram em campo com a corda no pescoço, mas foram além da obrigação da vitória. Entregaram bom futebol nas vitórias por 2 x 0 contra LDU e Nacional de Montevidéu, respectivamente.
No Maracanã, o Flamengo desfrutou da exibição de gala de três jogadores. Que partida do lateral-esquerdo Alex Sandro. Altíssimo nível. Um cartão de boas-vindas ao novo técnico da Seleção Brasileira em tempos de carência na lateral esquerda. Apresentação segura e decisiva. A jogada individual no lance do gol de Luiz Araújo lembrou mais um ponta do que um lateral.
Luiz Araújo foi impecável com a assistência para o gol de Ortiz na cobrança de escanteio e na finalização ao completar o cruzamento de Alex Sandro. Por fim, gostei muito de De la Cruz. Uma das melhores apresentações do meia uruguaio na temporada.
Corajosa a atitude de Filipe Luís ao escalar Gerson no lugar de Pugar na função de volante. Impressionante a capacidade dele de atuar em várias funções. Carlo Ancelotti gosta disso. Basta observas como ele utiliza os franceses Camavinga e Tchouaméni no Real Madrid. O recuo de Gerson abriu espaço para Luiz Araújo, Arrascaeta, Michael e Bruno Henrique.
Em Montevidéu, o Internacional resgatou o bom futebol e a possibilidade de avançar às oitavas de final com um triunfo imponente no Gran Parque Central. A aposta no jovem centroavante Ricardo Mathias funcionou. O carioca de Nova Iguaçu com passagem pela base da Ferroviária e do próprio Internacional funcionou. O grandalhão de 18 anos e 1,92m abriu o placar e viu o maestro Alan Patrik dar assistência para Braian Aguirre no segundo.
Internacional e Bahia reviverão na última rodada a final do Campeonato Brasileiro de 1988 no Beira-Rio, ou o mata-mata de 1989, quando se enfrentaram nas quartas de final da Libertadores. Apenas um dos dois clubes brasileiros irá às oitavas de final. A outra vaga do grupo ficará com o bom time do Atlético Nacional. Para mim, um dos candidatos ao título entre os times não brasileiros nesta edição da competição continental.
Por falar nos concorrentes dos times nacionais, é preciso focar no Racing e no River Plate. A trupe de Marcelo Gallardo voltou a jogar muita bola. O treinador argentino reencontrou o rumo do time na Libertadores. A goleada por 6 x 2 contra o Independiente del Valle não pode ser ignorada.
A exibição desta quinta-feira foi impositiva do início ao fim. Ficou ainda mais fácil depois da expulsão do zagueiro Mateo Carbajal no primeiro tempo. Quando o beque recebeu o cartão vermelho, a partida estava empatada por 2 x 2. Monstatuolo fez 3 x 2 para os Millonarios e o Independente del Valle tomou mais três gols de Meza, Borja e Lanzini.
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