Do Maracanã a Wembley: Argentina faz de dois títulos em 326 dias um mantra para o tri na Copa

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A Argentina conquistou dois troféus em estádios imponentes num espaço de 326 dias Derrotou o Brasil na final da Copa América por 1 x 0, no Maracanã, em julho do ano passado, e a atual campeã da Eurocopa, Itália, por 3 x 0, hoje, em Wembley. Apesar dos desfalques e das ressacas da Itália depois da conquista da Eurocopa em 2021 e do vexame nas Eliminatórias para a Copa do Mundo do Qatar, o recado está muito bem dado: é preciso respeitar a invicta seleção de Lionel Scaloni.

Lá se vão 32 jogos de invencibilidade desde a derrota para o Brasil nas semifinais da Copa América 2019. Se havia alguma desconfiança em relação ao trabalho da comissão técnica de Scaloni, está desfeita. Messi e companhia são candidatos ao título. Se eles chegarão ou não à final é outra história. Eu e você não temos bola de cristal.

O fato é que a ausência de seleções tradicionais na fase de grupos deve ajudar a Argentina a avançar com muita tranquilidade às oitavas de final. Ou alguém tem dúvida de que os bicampeões mundiais em 1978 e 1986 passarão por Arábia Saudita, México e Polônia?

Há um porém. Lionel Messi e os colegas Neymar e Kylian Mbappé estão em dívida com o Paris Saint-Germain. Logo, o clube francês pode se tornar o maior rival das pretensões dos três na Copa. A cobrança sobre eles na próxima temporada será pesada. Não basta empilhar vitórias na largada do Francês e na Champions League. A expectativa é por entretenimento, diversão e encantamento com a união de três caras muito acima da média.

Os três fora de série terão de entregar futebol de excelência a cada exibição dentro e fora do Parque dos Príncipes. Consequentemente, isso consumirá parte da energia de Messi, Neymar e Mbappé antes de eles se apresentarem a Scaloni, Tite e Deschamps. Das três seleções, a única que não depende tanto de seu astro é a França. Os atuais campeões contam com Benzema, Griezmann… Argentina e Brasil carecem de Messi e Neymar.

Campo das possibilidades à parte, a exibição da Argentina contra a Itália teve de tudo um pouco do que se exige no futebol pós-moderno: variações táticas, intensidade praticamente o jogo inteiro, belas tramas, e um Lionel Messi livre, leve e solto para ser o que esperamos dele. Circulou pela direita, esquerda e o centro com total liberdade. Sinal de que a Argentina está pronta coletivamente para deixar Messi ser Messi. Afinal, como diria Tite, “o coletivo potencializa o individual”. Messi parece confortável como na Copa de 2014, quando levou o país ao vice contra a Alemanha, no Maracanã sob o comando de Alejandro Sabella.

A movimentação de Messi transforma o sistema de jogo da Argentina em uma armadilha. Um instante você olha para a tevê parece um 4-4-2, com Messi na frente ao lado do excelente Lautaro Martínez. Na outra, parece um 4-4-1-1, com Messi fazendo o papel de enganche, à frente da segunda linha de quatro e atrás de Lautaro Martínez. Quando ele cai pelas pontas, a sensação é 4-3-3, com Messi na esquerda, Di María na direita e Lautaro Martínez centralizado. Defensivamente, a configuração parece um 4-5-1.

Méritos de Lionel Scaloni. Eleito técnico interino depois da saída de Jorge Sampaoli, ele foi ficando, ficando e ficou. A imprensa argentina, inclusive, apelidou o estilo de jogo do time de Scaloneta. A Argentina desembarcará no Qatar tão forte quanto o Brasil para brigar pelo título. Ouso afirmar que o Uruguai também será forte depois da torca de Oscar Washington Tabárez por Diego Alonso. A Celeste cresceu. Embora Cavani e Suárez esteja envelhecidos, há talentos como Arrascaeta e o campeão da Champions Valverde. A argentina avisou que, sim, a América do Sul pode encerrar a série de quatro títulos da Europa na Copa do Mundo. A última faz 20 anos. Aquela do Brasil, em 2002, na Ásia.

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Marcos Paulo Lima

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