Da série tem coisas que só acontecem com o Botafogo. Na quinta-feira, um Luís, o Castro, foi vilão. Xingado horrores no estádio Nilton Santos antes, durante e depois do empate com o Magallanes pela última rodada da fase de grupos da Copa Sul-Americana. O técnico estava na iminência de deixar o clube e consolidou a saída na última sexta-feira. Eis que, dois dias depois, um outro Luis, o Henrique, saiu de campo ovacionado depois de abrir o placar para a vitória por 2 x 0 contra o Vasco no clássico carioca da 13ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Parte da evolução de Luis Henrique na carreira se deve ao técnico de um concorrente pelo título. Jorge Sampaoli abraçou o atacante alvinegro na passagem pelo Olympique de Marselha. A melhor fase do jogador de 21 anos na Europa foi sob a batuta do argentino. O português André Villas-Boas não deu bola para o reforço. Com a saída de Sampoli e dificuldade na adaptação à vida na França, o atacante retornou ao Botafogo. O Glorioso venceu a concorrência do Flamengo.
Luis Henrique tem três gols na temporada. Todos relevantes. Deixou o dele na vitória contra o América-MG, no Independência. Marcou em Curitiba na derrota de virada por 3 x 2 contra o Ahtletico-PR no duelo de ida pelas oitavas de final da Copa do Brasil. A bola na rede neste domingo é disparada a mais importante. O Botafogo parecia abalado com a saída do comandante, o xará dele, Luís Castro, mas coube justamente a Luis Henrique virar a página de um Botafogo do Rio que pode ser chamado carinhosamente de Botafogo da Paraíba.
O autor do primeiro gol alvinegro nasceu em João Pessoa. O do segundo também. Conterrâneo de Luis Henrique, Carlos Alberto consolidou o triunfo depois do desespero do Vasco em busca do empate. Detalhe: Tiquinho Soares, artilheiro isolado do Campeonato Brasileiro com 10 gols, é de Sousa, na Paraíba. Três “cabras da peste” responsáveis por uma campanha sensacional.
Com 11 vitórias e duas derrotas, o Botafogo ostenta a segunda melhor campanha até a 13ª rodada na era dos pontos corridos. Só fica atrás do Corinthians de Fábio Carille. Campeão em 2017, aquele Timão contabilizava 11 triunfos e dois empates a essa altura do campeonato.
O Botafogo reagiu a uma semana turbulenta na vitória contra o Vasco. Mantém sete pontos de vantagem sobre o vice-líder Grêmio, com quem medirá forças na 14ª rodada. A preocupação é grande com a situação do lateral-direito Rafael, vítima de uma lesão no joelho esquerdo. O time pode perder uma peça relevante no sistema de jogo. Com o técnico interino Cláudio Caçapa à beira do campo, coube à torcida incendiar o time. Que pressão no Nilton Santos!
Empurrão capaz de abalar o Vasco. Alex Teixeira perdeu a chance do empate de frente para Lucas Perri. Pedro Raul não é sombra do que foi pelo Goiás na temporada passada. A camisa cruzmaltina parece pesar uma tonelada no corpo dele. A diretoria está marcando passo. Precisa escolher o novo técnico o mais rapidamente possível. A corrida pela fuga da zona do rebaixamento é acirrada no momento, mas há risco de algum adversário desgarrar e deixar a situação dramática na virada do primeiro para o segundo turno.
O Vasco é o oposto do Botafogo. Tem duas vitórias em 13 jogos. Os arquirrivais são as duas Sociedades Anônimas do Futebol entre os quatro grandes do futebol carioca. A primeira experiência do Botafogo como SAF aconteceu no ano passado. Na 13ª rodada de 2022, o Glorioso ocupava o sétimo lugar com 18 pontos. O Vasco tem 9 no início da gestão da 777 Partners. É no mínimo preocupante. Para finalizar, uma prova da força do Botafogo. O líder venceu todos os rivais no primeiro turno. Fez 3 x 1 no Flamengo, derrotou o Fluminense por 1 x 0 e aplica 2 x 0 no Vasco. E pensar que ficou fora das semifinais do Carioca e foi obrigado a passar pelo constrangimento de disputar a Copa Rio.
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