Sem brasileiros, com quatro argentinos, três franceses, dois croatas, um marroquino e um inglês. Assim ficou a minha seleção da Copa do Mundo. Sim, tive problemas para escolher o goleiro, por exemplo. Adorei as campanhas de Lloris (França), Buono (Marrocos) e Livakovic (Croácia), mas os milagres de Dibu Martínez na final pesaram na escolha.
Foi difícil apontar, também, um zagueiro para formar parceria com o excelente Gvadiol. Fiquei com o Otamendi. Ele está longe de ser um beque confiável. Costuma ser violento. Porém, deve ter jogado sob efeito de calmante a Copa do Mundo inteira e estava bem mais moderado do que de costume. Amei também o desempenho de Saiss, do Marrocos.
No meio de campo, gostei muito de Amrabat e Ounahi, do baita volante Tchouaméni, mas abri um cantinho no meio de campo para o excelente Bellingham da Inglaterra. Comprei briga também com os centroavantes. Julían Álvarez e Olivier Giroud perderam espaço para uma dupla de ataque formada pelos fora de série Lionel Messi e Kylian Mbappé.
Emiliano Martínez
Goleiro, Argentina
Meu voto era para o francês Lloris até o goleiro da Argentina protagonizar, para mim, a maior defesa da Copa do Mundo em 92 anos de história. Estávamos no segundo tempo da prorrogação de um jogo empatado por 3 x 3 quando a perna dele impediu o gol do título da França na finalização de Mouani. Não havia Pelé nem Banks no lance, mas que pintura!
Ashraf Hakimi
Lateral-direito, Marrocos
Impressiona a seleção do Marrocos ostentar um lateral-direito como ele e a indústria brasileira, não. A experiência e a liderança do jogador do Paris Saint-Germain deram a estabilidade necessária para o país se tornar o primeiro africano e árabe romper a barreira das quartas de final e figurar entre os quatro melhores da Copa do Mundo.
Otamendi
Zagueiro, Argentina
Apesar do pênalti cometido na final, que dá origem ao início da reação da França na etapa final do tempo regulamentar, fez uma Copa do Mundo equilibrada e sem os tradicionais arrombos como aquele contra o Brasil nas Eliminatórias ao ser desleal em uma disputa de bola com Raphinha no clássico disputado na Argentina. Experiente, líder e seguro.
Gvardiol
Zagueiro, Croácia
E daí que levou o drible da Copa do Mundo no duelo à parte com Lionel Messi pela direita no segundo tempo da semifinal? O croata de 20 anos exibiu futebol de altíssimo nível aos 20 anos e merece bem mais do que defender o endinheirado, mas não tradicional, Red Bull Leipzig no futebol alemão. O Mundial representará uma guinada na carreira do ótimo beque.
Theo Hernández
Lateral-esquerdo, França
Seguro na posição, é mais um estilo de jogador em falta no futebol brasileiro. Além de zelar muito bem pelo setor dele, teve exibições regulares do início ao fim da competição, com direito a gol na semifinal diante do Marrocos. Abriu o caminho para a classificação. Não foi fácil tomar conta da posição onde o irmão, Lucas, e até o badalado Méndy são os caras.
Enzo Fernández
Volante, Argentina
É um dos responsáveis pela reação da Argentina depois da derrota de virada para a Arábia Saudita na estreia alviceleste na Copa do Mundo. Não somente deu jeito no meio de campo como aumentou a qualidade no passe, balançou a rede contra o México e foi o ponto de equilíbrio da seleção na fase de mata-mata. Foi eleito melhor jogador jovem do torneio.
Bellingham
Volante, Inglaterra
Ok, você vai reclamar que o meia inglês do Borussia Dortmund caiu nas quartas de final contra a França. Respeito a sua opinião, mas na minha seleção o jogador de 19 anos tem vaga garantidíssima. E olha que comprei briga com gente boa. Eu poderia colocar aqui os ótimos Amrabat e Ounahi, ambos do Marrocos, ou o excelente Tchouaméni.
Luka Modric
Meia, Croácia
O craque discreto. Não fez gol, não deu assistências e muito menos foi brilhante como na campanha do vice na Copa de 2018, na Rússia, mas, aos 37 anos, o ex-melhor do mundo ofereceu à Croácia o que os rivais mais carecem: controle no meio de campo. Ele marcou o ritmo nas quartas de final contra o Brasil e engoliu Marrocos na decisão do terceiro lugar.
Griezmann
Meia-atacante, França
Depois da era dos falsos nove, assumiu nesta Copa do Mundo de uma forma brilhante o papel de falso 10 de Didier Deschamps no comando dos ex-campeões. Era quem fazia o time jogar até bater de frente com a forte marcação da Argentina na decisão do título. Não conseguiu jogar e acabou sacrificado pelo comandante no segundo tempo da decisão.
Mbappé
Atacante, França
Igualou Ronaldo “Fenômeno” em número de gols numa única edição da Copa do Mundo: oito gols. Alcançou o Rei Pelé em coleção de bolas na rede em participações no torneio, com 12 x 12. Balançou a rede três vezes na final contra a Argentina, duas delas em cobranças de pênalti sob pressão no tempo regulamentar, prorrogação e nos pênaltis.
Messi
Atacante, Argentina
O melhor jogador do século 21 balançou a rede em todas as cinco fases da Copa. Balançou a rede duas vezes na decisão do título e superou a coleção de Pelé (13 x 12). Bateu recordes de Lothar Matthaus, Cristiano Ronaldo, Diego Maradona, Gabriel Batistuta e Paolo Maldini na história da competição e encerrou o Mundial como um F5 ambulante.
Didier Deschamps
Técnico, França
Coração apertado por preterir o campeão Lionel Scaloni e o quarto colocado Walid Regragui. Tiro chapéu para o comandante da França não somente por levar a seleção a duas finais consecutivas, mas pela capacidade de se reinventar diante de tantas perdas. Ficou sem Benzema, Kanté, Pogba, Kimpembe e Lucas Hernández antes da Copa, ou seja, meio time titular. Ainda assim, colocou ordem na casa e disputou o título em altíssimo nível.
Siga no Twitter: @marcospaulolima
Siga no Instagram: marcospaulolima