Renato Gaúcho Renato: "Está bonito ver minha equipe jogar", disse depois de vencer o Ferroviário. Foto: Lucas Uebel/Grêmio Renato Gaúcho: "Está bonito ver minha equipe jogar", disse depois de vencer o Ferroviário. Foto: Lucas Uebel/Grêmio

Do ego ferido ao orgulho de Renato Gaúcho na reconstrução do Grêmio e da própria carreira

Publicado em Esporte

É incrível como uma bola pode mudar o patamar de um técnico de futebol. Se Diego Souza tivesse consolidado em gol o histórico contra-ataque do Vasco contra o Corinthians nas quartas de final da Libertadores de 2012, no Pacaembu, provavelmente Tite não teria alcançado o cargo de técnico da Seleção e permanecido nele por seis anos e meio. A virada de chave na carreira de Renato Gaúcho passou pelos pés de Michael na final continental de 2021 contra o Palmeiras. Bastava o atacante acertar o chute cruzado no bico da pequena área para Portaluppi assumir o primeiro lugar na lista dos indicados à sucessão de Tite como treinador verde-amarelo.

 

Como Michael chutou para fora, Renato Gaúcho amargou o vice da Libertadores à frente do tão sonhado time de R$ 200 milhões e a carreira dele caminhou para trás. Retornou ao Grêmio para tirar o clube da segunda divisão e tem na prancheta o protótipo de um time promissor no ano da volta à elite. O tricolor gaúcho não perde. Acumula 12 vitórias e dois empates em 2023. São 31 gols marcados e seis sofridos. A última vítima é o Ferroviário-CE na segunda fase da Copa do Brasil. Com mais um gol de Luis Suárez, a trupe dele eliminou o adversário por 3 x 0.

 

Renato Gaúcho nunca foi modesto. Nem combina com ele. Depois da partida na Arena, em Porto Alegre, ele exalou orgulho. “Não falta treino, não falta qualidade para esses jogadores. Está bonito ver minha equipe jogar. O maior elogio veio da comissão técnica deles (Ferroviário) depois do jogo. É meu pensamento também, é uma opinião minha, alguém pode discordar, mas o próprio adversário reconheceu isso e o resultado está no campo”, gabou-se na entrevista.

 

Sim, está bonito ver o Grêmio jogar. Concordo. Mais do que isso: é bacana ver Renato Gaúcho motivado. Criativo. Escrevi aqui no blog sobre a aposta em Pepê como volante. Para mim, ele é uma das razões do sucesso neste início de temporada. Pondero apenas que o plano do treinador para a temporada carece de bons testes. O único adversário à altura foi o Internacional na vitória por 2 x 1 pela primeira fase do Estadual. Há possibilidade de Gre-Nal na decisão do título.

 

A agenda do Grêmio depois da decisão do Gaúcho indica uma arrancada interessante no retorno à primeira divisão. Renato Gaúcho terá pela frente adversários acessíveis até a quarta rodada: Santos, Cruzeiro, Cuiabá, e Red Bull Bragantino. Na sequência, sim, estão programados dois duelos capazes de aferir o potencial tricolor: Palmeiras (fora) e Fortaleza (casa).

 

Cautela à parte, vale destacar que o Grêmio tem um calendário menos congestionado do que os concorrentes. Depois do Estadual, só terá compromissos na sequência da Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro. Boas oportunidades de apreciar o futebol bonito festejado por Renato Gaúcho e a reconstrução da carreira de um técnico obcecado por trabalhar na Seleção. Talvez, o Brasil não estivesse sem técnico há 98 dias se Michael colocasse a bola do jogo no fundo da rede do goleiro Weverton do Palmeiras na final da Libertadores de 2021, em Montevidéu. Pelo menos há uma evolução: o destino de Renato Gaúcho, agora, está nos pés do fora de série Luis Suárez.

 

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