Ela ameaçou retirar 12 canais do grupo Discovery Communications da operadora de tevê a cabo Sky. Venceu a queda de braço e conquistou um contrato melhor. Em janeiro, trocará a presidência global do Animal Planet, da logomarca do elefantinho azul, pelo cargo de diretora executiva da Premier League, cujo ícone é um leão. Torcedora do Fulham — lanterna do Campeonato Inglês —, a londrina Susanna Dinnage, de 51 anos, foi eleita por unanimidade, no último dia 13, sucessora de Richard Scudamore, 59, no cargo de presidente executivo da liga nacional de futebol mais badalada e lucrativa do mundo. Ele deixará a cadeira depois de 20 anos.
Uma das virtudes do antecessor da nova dama de ferro foi transformar as transmissões de tevê numa fábrica de dinheiro da Premier League — a galinha dos ovos de ouro dos clubes de ponta da terra da rainha. A missão de Susanna Dinnage é conectar a liga com as plataformas digitais, despertar o interesse de assistir ao Campeonato Inglês no Facebook, Youtube, Twitter, algo parecido com o que faz a NBA, a liga norte-americana de basquete, com o produto NBA Pass. A Amazon, por exemplo, detém uma fatia da Premier League.
Ao trocar a logomarca do elefante pelo leão da Premier League, Susanna Dinnage repete, por exemplo, o feito de Nathalie Boy de la Tour. É mais uma mulher empoderada no machista mundo do futebol. A francesa Nathalie Boy comanda a Ligue 1 desde 2016. Pedro Proença é o mandatário da Liga Portuguesa, mas conta com a assessoria de três superpoderosas para administrar a competição: Sônia Carneiro, Helena Pires e Susana Rodas.
Susanna Dinnage tem fama de ser discreta, criativa, respeitada e uma negociadora feroz. A última característica vem da paíxão dela pela zoologia. Segundo Susanna, num texto em primeira pessoa escrito por ela para uma revista britânica, a natureza é a maior fonte de inspiração. Ela é elogiada por ter acelerado o crescimento do Animal Planet usando uma estratégia de conteúdo ambiciosa.
Antes de fechar com a Premier League, Susanna gerenciava uma equipe global com base nos Estados Unidos e em Londres. Antes da passagem pelo Animal Planet, foi presidente da Discovery Networks no Reino Unido e na Irlanda. Na terra da rainha, deu as cartas em 14 marcas do Discovery, incluindo Discovery Channel, Eurosport, TLC, Quest e Quest Red.
Ela também liderou o International Content Group, o departamento de produção e desenvolvimento da Discovery, em Londres. Antes de ingressar na Discovery, em janeiro de 2009, Susanna ocupou uma série de cargos de mais de 10 anos no Channel Five. Trabalhou no lançamento do canal e suas extensões digitais.
Susanna começou a carreira no MTV Networks. Especializou-se em percepção do público e trabalhou no lançamento de vários canais da MTV e VH1. Fez parte da diretoria da All3media, o grupo de 26 empresas de produção e distribuição da Discovery and Liberty Global, da presidência da Associação de Emissoras Comerciais (COBA) e membro executivo da Discovery Women’s Network.
Nos bastidores, a troca de Richard Scudamore por Susanna Dinnage é marcada por uma polêmica. O atual gestor deixará o cargo embolsando 5 milhões de libras esterlinas (R$ 24,7 milhões) de bônus pelos serviços prestados. A ideia partiu do representante do Chelsea na Premier League, Bruck Buck, que ocupa o cargo de chefe do departamento de remunerações e auditoria da entidade. Bruck sugeriu que cada um dos 20 clubes contribua com 250 mil libras (R$ 1,2 milhão). A “vaquinha” dividiu os clubes e deixou Richard Scudamore constrangido. Mais isso não é problema de Susanna Dinnage…
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