Adversária da França neste domingo, às 16h, no Stade de France, na última partida das quartas de final da Eurocopa, a surpreendente Islândia tem um papel histórico na carreira de dois dos maiores jogadores do futebol brasileiro. Eleito três vezes melhor do mundo, Ronaldo Luís Nazário de Lima, o Ronaldo, começou a virar ídolo da Seleção justamente em uma partida contra a Islândia. Dos 62 gols do Fenômeno pela amarelinha, um foi justamente sobre a Islândia. E não foi qualquer um. Foi o primeiro, em 4 de maio de 1994, no Estádio da Ressacada, em Florianópolis, no último amistoso dos comandados de Carlos Alberto Parreira antes da convocação final para a Copa de 1994.
Ronaldo tinha 17 anos e 8 meses de idade quando se exibiu pela segunda vez pela Seleção. Na primeira, havia passado em branco na vitória por 2 x 0 sobre a Argentina, no Recife. Diante da Islândia, Ronaldinho vestiu a camisa 7. Formou dupla de ataque com o 9, Viola. E deu início à goleada por 3 x 0 com um chute de primeira, de fora da área, de perna canhota. Em noite inspirada, sofreu pênalti cobrado por Zinho. E viu Viola marcar o terceiro.
Aquela exibição de Ronaldo contra a Islândia foi decisiva para Carlos Alberto Parreira levar cinco — e não três ou quatro atacantes — à Copa dos Estados Unidos. Ronaldo jogou muito e foi chamado para o Mundial. Viola também. Ambos se juntaram a Bebeto, Romário e Müller na lista final divulgada por Parreira.
A Islândia deu sorte a Ronaldo, mas também foi bilhete premiado para Kaká. Eleito o melhor do mundo em 2007, o meia brasiliense também garantiu presença na Copa do Mundo em um jogo contra o país de 320 mil habitantes. Em 7 de março de 2002, o Brasil goleou a Islândia por 6 x 1 no Estádio José Fragelli, em Cuiabá, demolido para a construção da Arena Pantanal. Kaká fez seu primeiro gol pela Seleção Brasileira — o terceiro do massacre — e convenceu o técnico Luiz Felipe Scolari a levá-lo para a Copa do Mundo disputada no Japão e na Coreia do Sul. Na primeira partida vestindo a amarelinha, Kaká havia sido discreto nos 6 x 0 diante da Bolívia, no Serra Dourada, em Goiânia.
Até a Seleção Brasileira deve — e muito — à Islândia. Uma dica aos supersticiosos de plantão e ao técnico Tite. Quando o Brasil enfrentou a Islândia em um amistoso no ano da Copa do Mundo, conquistou o título. Foi assim naquele 3 x 0 de 4 de maio de 1994, em Florianópolis. Dois meses depois o Brasil voltava com tetra. Foi assim três meses depois daquele 7 de março de 2002, na goleada por 6 x 1. O Brasil voltou com o penta. Certamente o cachê da Islândia está muito mais caro. Ficou valorizado depois da Euro-2016. Deixou de ser sparring. Mas, em nome do hexa — se o Brasil se classificar para a Copa da Rússia — vale demais marcar um amistoso contra a Islândia em 2018.
Fica a dica, Tite!
O amistoso de 1994
4/5/1994, Estádio da Ressacada, em Florianópolis (SC)
Brasil 3
Zetti; Jorginho (Cafu), Aldair, Márcio Santos e Branco (Leonardo); Dunga, Mazinho, Zinho (Sávio) e Paulo Sérgio (César Sampaio); Ronaldo e Viola (Túlio Maravilha).
Técnico: Carlos Alberto Parreira
Islândia 0
Birkir Kristinsson (Kristján Finnbogason), Runnar Kristinsson (Arnar Grétarsson), Ólafur Þórðarson (Sigursteinn Gíslason), Izurdin Dervic e Kristján Jónsson; Sigurður Jónsson (Þormóður Egilsson), Þorvaldur Örlygsson, Hlynur Stefánsson, Arnór Guðjohnsen; Arnar Bergmann Gunnlaugsson (Bjarki Bergmann Gunnlaugsson), Eyjólfur Sverrisson.
Técnico: Ásgeir Elíasson
Gols: Ronaldo, Zinho e Viola
O amistoso de 2002
7/3/2002, no Estádio José Fragelli, em Cuiabá (MT)
Brasil 6
Marcos; Cris (Alex), Anderson Polga e Juan; Belletti (Kléber), Gilberto Silva (Vampeta), Kléberson (Marques), Kaká e Paulo César; França e Washington (Edílson).
Técnico: Luiz Felipe Scolari
Islândia 1
Árni Arason (Ólafur Gunnarsson), Sævar Gíslason (Guðmundur Steinarsson), Gunnlaugur Jónsson, Ólafur Bjarnason e Hjálmar Jónsson; Baldur Aðalsteinsson, Þórhallur Dan Jóhansson (Grétar Steinsson), Haukur Guðnason, Ólafur Stígsson e Einar Daníelsson (Þorvaldur Sigbjörnsson); Grétar Hjartason (Sigurvin Ólafsson).
Técnico: Atli Eðvaldsson
Gols: Anderson Polga (2), Kléberson, Kaká, Gilberto Silva, Edílson e Grétar Steinsson